A última lágrima de Mavis Taylor

Capítulo 4

Na verdade eu esperava tudo de Valquíria, menos que ela trouxesse os mortos de volta a vida.

Parece que tudo o que eu vivo é surreal. Bem, para algumas pessoas é. Talvez elas sejam mais felizes acreditando em fadas somente na hora de dormir.

- Você acredita que...

-Sim, Mavis- Harry diz.

- Agora você vai me dizer que Valquíria fez um feitiço e Naomi acordou? É isso?-pergunto.

-É um feitiço muito perigoso e complicado. Na verdade ele é mais que complicado.

- Como assim?

-Para trazer alguém de volta a vida é preciso de outra vida.

-Uma oferenda?-pergunto.

-É. Uma pessoa tem que oferecer a própria vida para fazer isso.

Porque alguém aceitaria morrer para trazer alguém que já não pertence mais ao nosso mundo?

A dor da perda dos meus país, dói até hoje. Más não me vejo fazendo oferendas para trazê-los de volta, pois eu sei que eles estão em seu descanso e não são mais como eu.

Eu queria que nada tivesse acontecido com eles, más aconteceu e já acabou. Tudo o que eu posso fazer agora é aceitar as suas mortes e me vingar de quem as ocasionaram.

-Então, Valquíria matou alguém para reviver Naomi?

-Não. Para que o feitiço seja válido, é preciso que a pessoa que servirá de sacrifício aceite morrer...

Seria burrice morrer por alguém? Talvez. Más eu morreria pelos meus pais.

-...e mais, é preciso que a pessoa tire a própria vida- Finaliza.

-Alguém já fez esse feitiço antes?-pergunto.

-Uma vez tentaram fazer, más não deu certo.

-Então, eu poderia trazer meus pais?- não que eu queira fazer com que eles voltem, pois eu li uma vez em um livro velho de histórias dos clãs que quando uma vida é trazida do mundo dos mortos, ela vem mudada. Vem com uma personalidade fria e em alguns casos, cruel.

-Não, querida. Apenas algumas pessoas podem ser trazidas...

-Por que?

-Porque somente almas que não estão em paz podem ser revividas.

-Pessoas do mal?-pergunto perplexa. Como é que alguém inventou uma regra em que o mal pode surgir quantas vezes alguém decidir morrer? Não faz sentido.

-Bom, sim.

-Vamos - digo e Harry me lança um olhar de compaixão.

-Não gosto que sintam pena de mim-digo.

-Não sinto pena. Isso se chama cuidado.

-Isso se chama bancar a babá. As pessoas sofrem, Harry. Não será uma vez e nem duas, serão milhares.

Nessa vida eu descobri que existe pessoas boas em alguns cantos por aí. Elas fazem coisas pequenas e muitas vezes não são reconhecidas. Elas sofrem de diversas maneiras. Os bons sofrem, enquanto os maus existem em todo lugar e causam dores.

-Só me deixe saber se precisar de ajuda - recebo um sorriso e aceno com a cabeça.

Queria poder fechar os olhos e acordar do pesadelo que é a minha vida.

-Quero que veja o castelo- Harry me diz.

- Eu acho que já o vi- digo-lhe.

-Por dentro.