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Essa mídia acaba com a minha vida.
Acho que já deu pra perceber que eu sou horrível em fazer notas, então sem enrolações.
Boa leitura.

❆❆❆❆❆

1º de março

Eu nunca gostei da escola.

Desde pequeno, sempre odiei aquele lugar. Talvez fosse porque eu apanhava dos garotos mais velhos, ou porque eu era ridicularizado todo dia. Mas o ponto é, eu sempre odiei aquele lugar.
Ontem eu escrevi que o ensino médio era pior que o fundamental, e sim, é verdade. E caso você esteja curioso, não é nem um pouco parecido com high school musical, glee, ou qualquer outro filme ou série sobre colegial que você já viu, só para constar.
Mas vou ser sincero, as coisas até ocorreram bem hoje.

Assim que estacionei a minha velha picape no estacionamento exclusivo pra alunos, fui direto para a biblioteca, ignorando olhares piedosos e surpresos sobre minha volta, além comentários como "sinto muito por sua perda no ano passado" "ele realmente está de volta?!" Ou "Continue firme, bro" não querendo parecer grosso ou mal-agradecido mas são todos uns idiotas falsos moralistas. Assim que finalmente cheguei na biblioteca – Que eu esperava encontrar vazia, com exceção de Beth, a bibliotecária que mais parece um buldogue gordo e idoso. – me surpreendi ao me deparar não só com Beth que parecia mais velha do que da ultima vez que a vi, mas também com a figura de um garoto sorridente, de olhos azuis e cabelos bagunçados, lendo um exemplar de "...E o vento levou" atentamente. Acho que ficaria parado olhando para aquela cena maravilhosa por mais tempo, se Beth não pigarreasse e perguntasse se eu ficaria ali o dia todo, murmurei uma desculpa qualquer, sentei o mais distante possível e tentei terminar minha leitura de "O Sol é para todos" em vão.
Algo naquele garoto me atraía, talvez seus olhos azuis como um mar em que você poderia se afogar facilmente sem ao menos se incomodar, ou o modo que ele tentava abafar sua risada mesmo com a biblioteca vazia, ou até o jeito adorável como o sweater que ele vestia cobria suas pequenas mãos. Ele parecia um anjo.
Após concluir que eu não conseguiria me concentrar em minha leitura com aquele garoto ali, decidir sair para encontrar outro lugar onde eu não fosse hipnotizado por aquele par de olhos, o problema é que ele foi junto. Minha desatenção, ou hipnose, chame como quiser, fez com que eu esbarrasse nele e derrubasse-o no chão junto com seu material. Ao vê-lo naquele estado, tão pequeno, tão indefesso, como um boneco de porcelana jogado no chão, entrei em desespero, tudo o que eu queria era levá-lo para casa e protegê-lo do resto do mundo. Mas ao invés disso só consegui forças para pedir mil e uma desculpas enquanto ajudava-o a se levantar e recolher o material do chão, ele riu do meu desespero, e, Deus, eu poderia ouvir sua risada pelo resto da minha vida.

— Tudo bem, fica calmo. —Disse rindo enquanto pegava o último livro do chão. — Eu sou Louis.

— Louis. — Repeti. — Gosto como isso soa. — Falei sem pensar. Droga, qual era o meu problema?! Custava responder apenas "Meu nome é Harry, desculpa novamente." e ir embora? Eu sou um completo idiota. — Meu nome é Harry.

— Louis é francês — Respondeu com um sorriso tímido. — "I do my best to love everybody" — Ele citou ao ver o exemplar de "O Sol é Para Todos" em minhas mãos.

— Você já leu? — Perguntei mesmo sabendo a resposta. Eu era tão burro as vezes.

— Sim, é um clássico. Aposto que vai gostar. — Ele respondeu com aquele sorriso ainda estampado no rosto. Aquele sorriso poderia acabar com toda a hostilidade do mundo. — Eu infelizmente tenho que ir, te vejo por aí, Harry. Foi um grande prazer. — Ele falou após olhar seu relógio. Antes que eu pudesse me despedir adequadamente ele saiu com pressa. Fiquei lá, parado, com um sorriso idiota no rosto me perguntando quando ia vê-lo novamente.

O resto do dia foi como sempre em toda escola, entediante. A única diferença era que todos os professores me olhavam com pena, e eu honestamente odeio isso, odeio que sintam pena de mim, eu não estou morrendo de câncer, muito menos passando fome, não preciso que eles sintam pena de mim.

No fim da aula procurei por Louis em toda escola mas não o achei em lugar algum, acabei desistindo e vim para casa.
Por que eu estou tão obcecado naquele garoto? Ele é apenas um garoto qualquer que mais parece um Deus grego com olhos hipnotizantes e... Droga, qual o meu problema?

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alone together {l.s}Onde histórias criam vida. Descubra agora