Acordo num sobressalto, meu despertador tocando desesperadamente. São 6:00 horas da manhã, hora de levantar-me e ir para a aula. A preguiça está tomando conta do meu corpo por inteiro, obrigo-me a pular para fora da cama e ir rastejando até o banheiro.
Saindo do meu quarto, — passando pelo corredor onde localiza-se o quarto de minha prima — vou em direção ao banheiro. Entro e me encaro no espelho. Meu cabelo alto, como de costume em toda manhã, cachos super ferozes sempre me deram um pouco de trabalho, levo sempre 10 minutos para arruma-lo. Não perco tempo e pulo para debaixo do chuveiro. A água fria caindo sobre meu corpo nu me faz querer voltar para minha cama.
Após meu banho, enrolo-me em uma toalha e volto para meu quarto. Arranco minha calça de cima da mesa de estudo e jogo-a na cama junto de minha farda escolar. Visto-me rapidamente e corro para arrumar meu material. Em seguida volto ao banheiro e começo a arrumar meu cabelo.
Eu poderia sim, faltar aula. Poderia sim, ficar em minha cama dormindo e sonhando com o crush. Porém, existe um motivo específico para eu ir para a escola e são apenas quatro palavrinhas mágicas que não canso de pronunciar. Último. Dia. De. Aula.
Último dia de aula é o dia favorito de um estudante, além de feriados, ou gincana cultural e eventos que incluem não ter aula. Eu e meus amigos estamos a exatamente 5 meses e algumas horas contando o tempo para nossas férias. Vamos viajar, todos juntos. Hoje. Em algumas horas estaremos todos em uma van indo em direção a uma pousada que os garotos fizeram reservas.
Passado-se os 10 minutos que eu levo arrumando meu cabelo, pego a pasta e a escova de dente evescovo-os com maciez. Enfim desço as escadas correndo feito uma louca para comer meu café da manhã.
— Nossa, que animação para um dia. — Disse minha prima Ellie, ao comer uma torrada.
— Não é só um dia, é O dia. Você sabe que dia é hoje né? deve saber, você é a primeira pessoa que vê meus snaps! — olho-a com ironia e solto um sorriso.
Ellie é uma garotinha linda. Os cabelos negros tão longos e brilhosos que vão até seu bumbum, sua pele negra impecável sem nenhuma imperfeição é de dar inveja. E tem aquele sorriso encantador que todas morrem de inveja.
— Sei, como eu poderia esquecer? você está a exatamente quatro meses e algumas horas esperando por esse dia, e enchendo meu saco.
— São cinco meses e algumas horas. Agora vou fazer minha especialidade do dia a dia. — Sento-me a mesa. — Me passa o pão e a nutella por favor.
— Minha nossa Johanna, nutella a essa hora da manhã? — Disse tia Emily usando um vestido florido horrendo descendo as escadas.
— Qual é? eu mereço. Só tirei nota boa esse ano. E falando nisso, alguém vai viajar no verão com amigos. Não irei comer nutella por um tempo! — Todas rimos.
Tia Emily é a pessoa mais maravilhosa do mundo. Trabalhadora, guerreira, justa e sensata. Cresci ouvindo que ela é a imagem e semelhança da minha mãe, eu sempre sorrio ao pensar nisso, já que nunca a conheci. Minha mãe morreu no meu parto, triste né? mas isso não me impede de amá-la e imaginar como ela era! Até porque eu tenho uma boa referência; tia Emily pode não ter bom gosto para moda, mas Ellie teve realmente a quem puxar sua beleza. Cachos super volumosos e brilhantes, rosto singelo e seguro de si. Essa era tia Emily.
Terminei meu café da manhã e fui buscar minhas coisas no quarto. Ouço meu celular vibrar no criado mudo próximo a cama. Duas mensagens no whatsapp, no grupo da viagem.#VIAGEMDEVERÃOHOJE#
Matheus: Bom dia pra quem vai para uma viagem de verão hoje.
Matheus: Tudo certo. Preparados?Reviro os olhos e solto uma risada.
Johanna: Calma aí, ainda temos nosso último dia de aula.
Matheus: E quem liga Joh? vamos viajar.
Ariana: Calem a boca seus bostas, vão para a aula.
Johanna: Muito bem Ari. Todos na aula hoje, beijos de raio lazer.Travo meu celular, coloco-o no bolso, pego minha mochila e saio do quarto. A caminho da escada, esbarro no marido de minha tia; um homem mal caráter, arrogante, tosco, cheira mal, menor que eu em tamanho, acima do peso, com uma barba de papai Noel preta e que ainda por cima sempre me olha com malícia.
ELE ME DÁ NÁUSEAS.
— Bom dia. — Diz ele.
— Seria um ótimo dia pra você morrer, ridículo. — Faço cara feia e desço as escadas. — Tchau meus amores, até o final do verão suas gostosas.
— Cadê nosso beijo? — disse minha tia e Ellie em coro.
Corro em direção as duas, me jogo nos braços de ambas. Sinto beijos e abraços de despedida. Antes de sair e de fechar a porta ouvi minha prima dizer um "Eu te amo, se cuida". Deixei isso de lado, ela já sabe o tamanho do meu amor por ela. Mas confesso que uma lágrima quis brotar. Atravessando o jardim e indo em direção a parada do ônibus da escola, ouço a porta abrir e uma voz sooa nos meus ouvidos.
— Quer uma carona? — diz o marido da minha tia.
— Vai se fuder. — Grito sem olhar para trás e mostrando o dedo do meios de ambas as mãos.
O caminho até a parada do ônibus escolar não é tão longa, apenas uma quadra, todos já estão dentro quando chego. Entro também, sento-me e coloco o fone de ouvido. Coloco minha música favorita pra tocar no volume máximo. O ônibus sai em direção a aula e um garoto nerd está sentado ao meu lado. Ele está tremendo muito, parece que vai ter uma convulsão ou algo do tipo. Ele deixa cair um lápis da mão e eu pego para ele. As mãos dele estão muito suadas, ele está muito nervoso.
— O que você tem? parece nervoso com alguma coisa. — Pergunto após alguns segundos.
— Ee... eu... não tenho nad... nada. — Diz ele com a voz falha.
— Qual é? me fala.
— É que... você é popular... me falaram que os populares são, meio que, ruins.
— Hum, eu no fundo sabia que tinha algo relacionado a mim. Mas relaxa, eu não sou ruim, sou vida louca como diria meus amigos. — Sorrio para ele dando um soco de leve em seu ombro e volto o foco na minha música.
Porém, avisto o crush dentro do ônibus, me fitando, com aqueles olhos sérios, frios e encantadores. Encaro-o de volta. Ele franze a testa e faz uma cara de repulsa para mim, e balança a cabeça em negatividade. Não entendo o motivo, nunca falei com ele.
— Johanna, foco na música. — Sussurro para mim mesma.
O nerd me olha por ter ouvido meu sussuro, mas logo abaixa a cabeça. Agora ele não está mais nervoso. Deixo a música me tomar por inteira, a cada verso é um sorriso que eu dou, a cada batida meu coração vibra. Esse vai ser o melhor verão de todos. Vai ser um verão de arrasar. A vida é curta, por isso irei correr, pular, dançar, cantar. Curtir a vida antes que ela vá embora.
Abro o aplicativo Snapchat, aponto a câmera frontal pra mim. Coloco dois dedos na cara como um sinal de paz, o sol batendo no meu rosto, nos meus cabelos e consigo capturar um foto linda minha.
Vejo o resultado da minha selfie, gostei. Coloco uma legenda na foto para publica-la.
Bitchin' Summer.
Em seguida adiciono a foto em minha história.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Bitchin' Summer
Teen FictionJohanna é uma jovem sonhadora, fugaz e muito bela que está cursando seu último ano no ensino médio, fechando uma porta de imaturidade para abrir outra na sua fase adulta em uma louca viagem -cheia de aventura- com seu pessoal de classe. Mal sabe ela...