Conversa fatal

429 32 4
                                    

Castiel se aproximou de mim rapidamente, sem desviar o olhar um minuto sequer. Estávamos tão perto um do outro que nossos narizes se encostavam e eu pude sentir sua respiração quente contra meu rosto. Não recuei, obstinada, mas tenho certeza que corei.

- Porque por sua causa eu perdi o Dragon de vista e agora ele está perdido por aí!- Ele estava quase gritando, seu cenho franzido. Não sei se por raiva de mim, ou preocupação pelo cachorro - Se eu não achá-lo, pode ter certeza que você vai pagar.

Nenhum dos dois levou a sério essa ameaça de papel, mas foi o bastante para me fazer recuar desacreditada.

- Minha causa? MINHA CAUSA?!- Eu perguntava, descrente, gritando em fúria. - Fui eu quem fez seu cachorro idiota fugir e me der...AI!!! - Exclamei ao sentir uma pontada dolorosa no tornozelo e me abaixei assustada.

- O que aconteceu? - Castiel se ajoelhou ao meu lado, branco como papel. Ou era minha visão embaçada me pregando peças? - Meggie fala comigo! - Ele me chacoalhou levemente tentando chamar minha atenção, mas minha cabeça não correspondia aos meus comandos, girando em voltas nauseantes. Me recostei em uma árvore e respirei bem fundo uma, duas, três, quatro vezes, na tentativa falha de melhorar o enjoo. Minha visão começou a nebular, e minhas mãos se tornaram dormentes.

- Eu...não estou...me sentindo bem... - Eu ofegava, minha garganta parecia se fechar em um nó cruel que zombava de meu sofrimento.

- Calma, você vai ficar bem. - Ele me levantou com seus braços fortes e começou a me carregar. Meu corpo inteiro latejava, eu tinha vontade de vomitar. Quando que a cidade ficou tão colorida?

- Meggie, conversa comigo - Castiel parecia desesperado, suor pingava de seu rosto, corria muito - Quando eu te derrubei. Você tava falando disso, lembra? Continua a falar, se concentra.

Meus pensamentos estavam aturdidos, obscuros em uma nuvem de náusea e agonia. Formular uma frase parecia impossível, mesmo se eu ainda sentisse minha boca. Meu corpo estava um caos e minha cabeça, um pandemônio. Mas eu falei, com o resquício de lucides que me foi deixado nas bordas de minha mente, sem ao menos ter certeza se permanecia consciente.

- Eu fiquei com raiva - As palavras arranhavam minha garganta seca, mas me obriguei a continuar - Mas também fiquei feliz.

- Por que? - Ele perguntou. Tudo ao seu redor se tornou um branco ofuscante, que foi sendo engolido rapidamente pelo cansaço que escurecia minha visão.

- Por que você estava lá, pra me divertir. - A dor era sufocante, mas consegui abrir um fraco sorriso - Você sempre vem pra me divertir.

- Me ajudem aqui!!! - Castiel gritou, mas sua voz me pareceu estranhamente afogada, como se ele falasse através de uma piscina. Minha vista também ocilou, apagando consigo a dor. Senti que me puxavam para longe, para mãos estranhas e vozes desconhecidas. Falei o mais alto que pude, embora suspeite não ter passado de um susurro:

- Castiel, por favor, não me deixa... - e o sono, apiedando-se de mim, levou a crueldade para longe dos meus doces sonhos.

Nosso Cão Do Amor(fic Castiel)Onde histórias criam vida. Descubra agora