Sixty seven

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Meus olhos se apertam enquanto o despertador toca. Eu odeio esse som. Minhas mãos procuram o celular entre as cobertas, acabando por o jogar no chão. Ao menos parou, barulho infernal.

Se quer um conselho, nunca coloque sua música favorita como despertador, você vai passar a odiá-la.

Eu afundo o rosto no travesseiro, sei que daqui a alguns minutos não estarei mais na minha cama quentinha, e sim em uma escola com adolescentes gritando para todos os lados. Mas não posso reclamar disso. Eu gosto.

Estou conseguindo fazer o que venho tentando há anos. Estou ajudando outras pessoas. Queria que alguém tivesse me ajudado quando Harry se foi, mas tudo o que conseguiam me dizer eram coisas do tipo: "você nem o conheceu", "quem ama alguém virtualmente?", "vai arrumar um namorado".

Bom, posso dizer que eu tentei, namorei Dylan por quase três anos, e não o culpo por ter cansado de mim. Eu nunca me deitei com ele. Não por falta de oportunidade ou iniciativa da parte dele, apenas porque eu não conseguia, eu não sentia vontade. Toda vez em que ele colocava as mãos em mim eu imaginava as mãos de Harry alí, então eu sentia nojo, nojo de mim mesmo, nojo por deixar outra pessoa que não fosse ele, me tocar.

Levanto devagar, rolando um pouco na cama antes de finalmente me sentar, pegando algumas roupas que estavam no chão e me vestindo de qualquer jeito, realmente não me importo com o que as pessoas pensam sobre mim.

Foda-se.

Eu estou indo trabalhar, não arrumar um namorado.

Está cada vez mais difícil falar sobre isso, minha família me cobra coisas que não se algum dia realmente vou conseguir resolver.

Queria que estivesse aqui.

Never Delivered Messages » l.s. [EM CORREÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora