Prólogo

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- Sei que você não quer ir, mas é para o seu próprio bem. Você terá mais chances de se dar bem se ficar com sua tia Légia. - Era a quinta vez que minha mãe falava a mesma frase, naquela manhã.
Minhas malas já estavam no carro, e eu tinha um vôo marcado as 10 horas da manhã. Minha vida estava em um porta malas, indo para a casa de uma tia que não via desde os três anos, quando nos mudamos.
Depois de todas as discussões em casa, logo antes de meu pai desaparecer, em uma última conversa entre nós três, eles me contaram que eu voltaria para a Inglaterra, para finalizar o colegial.
- Você já disse isso mãe. E eu ainda não concordo. Mas sei que isso não vai te fazer mudar de idéia.
- Assim que chegarmos ao aeroporto você verá. Sua tia mandou o carro para você, e terá alguém pra te recepcionar na ida e na volta.
- Não vejo porque. Agradeço mãe, de verdade, mas não quero ir pra uma escola onde todos que passam por mim ganham tudo.
- Você também terá tudo. Sua tia sonhava em ter uma filha, mas...
- Ela é estéril, por isso adorou a idéia de cuidar de mim. - Ironizei.
- Sua viagem é para o seu bem, você vai se comportar, agradecer e ...
- Não pode me obrigar a gostar. - Retruquei, entrando no carro.

* * *

Um homem de cabelos grisalhos, ralos e magro estava esperando por mim bem na porta de embarque e se manteve do meu lado o tempo todo. Durante toda a viagem. Estava com receio, até de ir ao banheiro e ele me seguir. Parecia minha sombra, ele tentou, em alguns momentos puxar assunto, fazendo algumas perguntas, mas eu apenas sorria e respondia com palavras monossílabicas, até que ele ficou quieto. A viagem durou cerca de 9 horas e pareceu uma eternidade.
- Que colar bonito! - Ele comentou.
- Obrigada! Meu pai quem me deu.
- Combina com você.
Sorri alegre com o comentário. Ele era gentil e a referência ao colar era algo para me alegrar. Meu pai havia me dado de presente. Era uma pedra azul, com um cordão dourado fino. Uma vez ele disse que o colar escolhe seu dono e que me protegeria quando ele não pudesse.
- Qual seu nome? - Perguntei.
- Gerard. E sei que deve ser difícil para você, mudar totalmente de vida, mas saiba que esse coroa aqui, está aqui pra te ajudar. - Ele gesticulou, com o polegar para si próprio.
- Mesmo não gostando de admitir, não acho que será difícil. Minha tia é rica. Sem querer parecer interesseira, mas acho que já é uma vantagem. - Ri com minha aceitação repentina. Talvez não fosse tão ruim de fato.
Saímos para pegar as malas. O aeroporto estava vazio, e embora Gerard conversasse comigo sem parar, ele parecia preocupado. Olhando para todos os lados, conforme caminhávamos até a esteira.
- Eu entendo o que você quis dizer em relação ao dinheiro. Você é adolescente. - Ele me cutucou com o cotovelo, sorrindo. Mas ficando sério, para continuar. - Só não espere uma tia presente. Ela é uma boa pessoa, só passa muito tempo em viagens.
Por mim não seria um problema. Achava que a vantagem de ir morar lá seria ficar sozinha, sem contar que meus objetivos não eram, exatamente precisar de conselhos.
Chegamos ao portão de saída, onde havia uma limosine parada, com um homem de uniforme, segurando uma placa com " Kaitlin " escrito em letras garrafais.
Após algumas apresentações formais, nós entramos no carro, onde uma divisória, separa Gerard e a mim, do motorista.
Uma onda de nostalgia me atingiu. Não sabia onde estava, só a parte de estar na Inglaterra, não que ajudasse, de qualquer forma.
Era dia de semana, quarta para ser mais exato. Conforme passávamos pelas ruas, consiga ver pela janela fechada, garotos e garotas, saindo da escola. A mesma escola que de acordo com Gerard, seria a minha no dia seguinte. Todos pareciam encarar o carro e a mim enquanto passávamos. Os olhares estavam me deixando desconfortável. Começaria em uma escola nova, cheia de estranhos, em um país novo. Começaria no meio do primeiro semestre e no meio de uma semana. Todas as atenções estavam na novata, ou seja, em mim.
Perdida em pensamentos, não percebi quando a limosine parou em frente a uma mansão. Já tinham me dito que a casa da minha tia era totalmente incrível, mas o espanto e choque foram inevitável. A casa parecia um castelo de contos de fadas. Era toda de mármore branco, com talhações na faixada. Parecia que haviam três andares, mais o térreo. O portão de entrada era dourado, com um cristal em formato de coração fundido no metal. Assim que os portões se abriram, consegui ver os jardins da entrada, os vasos ornamentares e minha tia em alguma varanda, acenando. Consegui observar de relance uma fonte, mas foi apenas por alguns milésimos de segundo, porque quando me dei por conta, já estamos estacionando dentro da garagem.
Na garagem com toda certeza poderia morar uma família. Havia mais uma limosine, uma Ferrari, algum outro carro que eu tinha idéia do que era e um espaço, aparentemente uma vaga. O teto estava a dois metros do teto dos carros. Deixando uma distância de nossas cabeças, como se estivessemos em uma caverna imensa.
Saímos todos juntos de dentro da garagem. Carregando cada um, um pouco das minhas malas. Assim que coloquei meus pés para fora da garagem, senti os pingos de chuva. Os poucos respingos de água que começaram, logo se tornaram uma grande tempestade. Só o caminho até a porta, foi o suficiente para ficarmos encharcados.
- Tia Légia? - Perguntei, assim que entramos.
Logo uma mulher, com vestido cinza na altura dos joelhos, cabelos louros enrolados e o ele clara surgiu no início da escada, descendo. Seus sapatos pareciam em harmônia simples escadas aguda, batendo no piso claro e polido.
- Kaitlin! Como você cresceu! Sinto muito pela distância. Não pensei que choveria tanto, tão do nada. Se não, teria mandado Jonathan levar o carro de carregamentos. - Acabei me espantando. Não podia acreditar que havia um carro para aquilo. - Por falar nisso, quero que conheça os trabalhadores. São praticamente minha família. O Gerard, você já conheceu, e Ethan, o motorista. - Ele levantou o quepi em cumprimento, quando olhei en sua direção. - Adam, Jonathan, Virgínia, Lorelay, Nathaniel e Marie. Venham cá. - Minha tia gritou, chamando.
Várias pessoas começaram a adentrar a sala. Todos vestidos com um uniforme preto.
- Bom todos estão aqui, menos olhei Adam. - Légia, parecia irritada, como se fosse algo rotineiro o atraso. Ela olhou interrogativa para um homem, aparentando ser o jardineiro.
- Ele estava lá fora, da última vez que o vi. Mas com essa chuva já deve estar voltando.
Eu observava minha tia, enquanto apresentava a todos. Lorelay era a chef, Virgínia a camareira, Marie a faxineira, Jonathan e Adam jardineiros e técnicos e Nathaniel o mordomo.
Conforme ouvia ela falar, mas malas que eu ainda segurava, começaram a pesar e escorregar por conta da água. Meu cadarço como de costume estava desamarrado. Foi aí que ao tentar me equilibrar, tropecei. As malas foram para o chão e e eu também ia, mas alguém, molhado, me segurou.
- Obrigado! Prazer, meu nome ... - Virei para agradecer e esperava me deparar com algum adulto, mais velho, com seus 40 anos, mas era um garoto. E era lindo. Cabelo castanho, olhos cor de mel e alto. Por conta da blusa molhada, estava colada, conseguia ver que seu abdômen era um puxo definido. Aparentemente tinha a mesma idade que eu. Não consegui evitar e minha voz morreu na garganta. Ainda mais quando vi um colar, com um brilho de relance, pendurado no seu pescoço, enquanto ele segurava meu braço.
Ele ainda segurava o meu braço?
Um formigamento percorreu meu braço, quando o puxei.
- Oi! Sou Adam. Prazer Kaitlin. - O espanto foi maior quando ele falou meu nome.
Não soube o que fazer, no meio de todas aquelas pessoas, então, como primeiro pensamento, corri.
Subi anos escadas, entrando na primeira porta aberta que vi. Estava sem ninguém é com isso me recostei na parede.
O dia de um dos longos anos já tinha começado ruim e constrangedor.
Sentei economia enterrei o rosto nos meus joelhos, junto ao corpo.

* * *


NOTAS DO CAPÍTULO
Ooi pessoas, essa é minha primeira publicação, espero que tenham gostado! Divulguem, votem e comentem o que acharam!! Não vai doer kkkk obrigado desde ! ;) :*

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