Coragem

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Sinopse: Um cavaleiro que ao retornar da guerra descobre que ainda pode conhecer outros significados para a vida e outras definições para coragem num encontro com um camponês.

Temas: Aventura, Drama, Fantasia.

Notas: Este é o conto que mais se assemelha ao estilo do meu futuro livro, seria o conto número 1, porque a primeira ideia que eu tive para um conto foi esta. No entanto, eu acabei publicando uma ideia posterior antes simplesmente por ter sido finalizada primeiro. A princípio, eu me surpreendi com a ideia; eu sempre tive uma forte influencia modernista, então eu não sabia de onde uma história sobre lobisomens havia surgido (sim, este é um conto sobre lobisomens também). Embora seja um tema bastante abordado nos últimos tempos, eu sempre fui um tanto relutante ao universo fantástico. Eu sempre fui bastante de descrever cenas do cotidiano, mas eu sei que no fundo ainda tenho influencias do tempo de adolescente e, na época, um dos meus gêneros literários favoritos era o romantismo... Aquele ultrarromantismo... Eu também me lembrei de que na época que eu tive a ideia eu estava jogando Castlevania: Lords of Shadow e os vídeo-games são realmente uma grande influência para mim xD

Coragem

Por Claudia Mina

Descia a colina a passos largos e apressados, aquele homem que não passava despercebido em nenhum lugar que fosse. Seu porte e fisionomia eram distintos demais para que ninguém o notasse: era forte e alto-mais alto que a maioria dos homens-, tinha ombros largos e pernas compridas, seu rosto era de feições bem feitas e harmônicas-que lhe davam um ar de nobreza-, seu corpo bem formado estava coberto por uma espessa armadura negra que chamava a atenção por ser notavelmente bem trabalhada e custara certamente mais do que muitos camponeses jamais ganhariam em toda a sua vida de trabalho. Aquele certamente não era um homem comum, e certamente não era um nobre comum. Andava com um porte e altivez que um cavaleiro comum jamais teria; ele se assemelhava mais a um herói lendário, cuja aura exalava uma temida grandiosidade. Quem o visse naquele momento, andando com a força de um relâmpago cortando os céus, teria medo, muito medo. Sua expressão estava fechada e seus passos pareciam fazer o chão tremer.

Chovia torrencialmente naquele final de tarde cinzento, chovia como se os céus estivessem desabando, chovia como nunca antes se vira. Os estrondosos trovões faziam o horizonte tremer, como se o mundo estivesse se contorcendo e partindo num mortal acesso de cólera.

Parecia não haver alguém que ousasse sair em um tempo como aqueles... com exceção de Áquila, enfrentando a mais cruel tempestade em sua armadura negra, coberto apenas por sua capa que parecia mais negra do que a mais escura treva. Áquila não parecia temer, não parecia ter frio, não parecia se importar com o clima infeliz a sua volta. Ele continuou andando e lutando contra a pesada chuva que caía sobre seus ombros, decidido a perseguir o seu intento, o forte motivo pelo qual cruzava aquelas colinas. Caminhava com os olhar fixo a sua frente, como se nada pudesse fazê-lo parar. No entanto, de maneira repentina, Áquila se virou para trás, havia alguém que o seguia.

Encolhido e tremendo de frio, um homem tentava acompanhar o cavaleiro. Seu rosto mal podia ser visto por baixo do capuz que usava para tentar se proteger minimamente daquela chuva e seu corpo se escondia embaixo de um farrapo surrado que era a única vestimenta que possuía. Era apenas um jovem de um vilarejo de camponeses. Em contraste com o Áquila, seu corpo era pequeno e magro e ele caminhava encurvado, com os braços cruzados à frente do seu peito para tentar se proteger do frio. A chuva parecia ter encolhido ainda mais o seu corpo e ele tremia como um animal assustado. No entanto, mesmo naquele estado frágil e deprimente, aquele pobre camponês demonstrava bravura ao tentar seguir o cavaleiro naquele tempo cruel.

- Eu disse para não me seguir - disse Áquila com sua voz firme e forte de comando.

Por um momento, pareceu que Renê, o camponês, não teria coragem de responder, mas lentamente seus olhos se revelaram por debaixo do capuz quando ele levantou a cabeça para responder. - Eu vou com você - disse Renê decidido.

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