GPS

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Corri as escadas do dormitório atrás da Luce, a encontrei no refeitório conversando com uma senhora de toquinha e avental .
- Carlie, você está perdida denovo? - perguntou .
- Preciso do seu GPS.
- Meu GPS, por que?
- Tive uma pista de onde possa estar nosso carro.
Corremos até o estacionamento, a supusta pista do meu " carro " na verdade era a rua em que eu morava, queria saber como estava tudo, se é que ainda tinha alguma coisa.
- Onde vamos? - perguntou Luce.
- Rua Lopez,405.
- Mas, está abandonada à anos.
- Ouvi dizer que tem um carro ,pela discrição se parece com o nosso.
Ela me olhou pelo canto do olho um pouco desconfiada - Então tudo bem!
Chegamos na minha rua e senti uma enorme tranquilidade, estava tudo em seu lugar, ou melhor quase tudo. As vidraças quebradas, portas arrombadas e as casas abandonadas.
- Oque aconteceu aqui?
- Uma espécie de guerra, em toda groove, houve uma falta de recursos, os militares queriam um regime diferente do que já havia. muitos não aceitaram, alguns foram embora, mas alguns ficaram e esses foram forçados a sair.
- Que coisa horrível.
- Muito ruim, não sei ao certo eu era criança quando tudo aconteceu.Ali Carlie, 405-ela apontou para minha casa-quer que eu entre?
- Não, está ok! Vou procurar uma garagem ou porão ver se está lá.
A porta estava entre-aberta, empurrei, entrei em casa e quase tudo havia sido saqueado, havia um quadro em cima da lareira e no porta avisos um pedaço de jornal: "Cinco jovens morrem em acidente na montanha russa do Seas park,que será interditado." Fiquei tonta e de repente tudo estava escuro,dei uma cambeleada e me apoiei na lareira,peguei a foto e a coloquei no meu bolso me veio uma enorme vontade de chorar, estavamos mortos? Então era isso? Não dava pra acreditar nisso,e agora se voltarmos nos vamos morrer, se não morrermos vamos enfrentar uma guerra,falta de recursos?
- Nada do carro Luce, vamos voltar, foi um falso sinal.
- Sinto muito Carlie, vamos encontrar.
- Não tenho tanta certeza.
Entrei no carro, frustada e cheia de dúvidas,chegamos na Faculdade Luce também parecia fustrada por não acharmos o suposto carro.
- Carlinha se tiver alguma notícia me avise, vamos te ajudar.
- Obrigada pela força Luce.
Estava dando uma volta pelo campus,olhando as esculturas que pareciam brincar com a realidade. Fiquei um tempo analisando uma escultura que pareciam dois corpos se abraçando e se contorcendo,um amor sofrido,difícil de viver mas que queria e devia ser vivido custe o que custar,me veio Daniel na cabeça, meu corpo abraçando o dele.
- L'amour do grupo de artes visuais, eles fazem umas obras engraçadas e difícil de entender muitas vezes sem sentido,mas são bonitas e cheias de sentimento e emoção.
Uma voz grossa e tranquila atrás de mim . Daniel estava sentado num banquinho de pedra analisando a obra depois me olhando,continuei olhando para a obra e senti o olhar dele sobre mim me queimando e me secando. Ouvi passos vindo em minha direção ele parou e disse
- Vou resolver minha situação com você Carlie, eu não sou esse ogro que você pensa é que...é difícil,eu não sei lidar com pessoas.
Estava pensando no que ele me disse,mas minha cabeça estava no que restou da minha casa
-Tudo bem Daniel.
-Não Carlie me escuta!Eu gosto de você, você é uma garota legal e não merece ser tratada assim,mas é o meu jeito e não posso negar,então não podemos ser amigos,não quero magoar você,mas é o jeito!
-Não precisa ser assim Daniel,nos podemos ser amigos, nós nos acostumamos com o jeito um do outro.
Ele balançou a cabeça e saiu dando de ombros. Fui pro quarto, todos estavam preocupados com meu desaparecimento o dia todo, ficaram perguntando onde fui, porque fugi das obrigações, eu estava exausta mas contei tudo e sobre a nossa "morte".Eles ficaram chocados sem acreditar, não falaram absolutamente nada,  ficaram sem reação
-Mortos? é isso? Então não vamos poder voltar, e se voltarmos vamos ter que enfrentar tudo ou morrer?
-Foi oque pensei Caroline, eu não sei oque fazer, talvez se conseguirmos voltar não tenhamos que passar por isso,tudo seja diferente.
-Faz sentido, esse foi nosso destino sem nós, mas pode ser diferente se estivermos lá. -disse Andrew meio cabisbaixo.
- Estamos mortos! Nossa vida não vai ser igual, se voltarmos teremos essa experiência e se ficarmos,lembraremos sempre da nossa antiga vida-disse Erika chorando.
-Calma Erika vamos dormir galera precisamos de uma ajuda,alguém que saiba oque está acontecendo,  vamos conseguir, vai dar certo!-disse eu tentando acalma-la.Me deitei e meu único pensando foi em Daniel isso me acalmava,pois pensar em achar uma solução pra tudo poderia me deixar louca. Pensei em como Daniel me deixou, sozinha, tudo oque ele disse, não fazia sentido nenhum, isso me deixou frustada,não acreditava no que ele tinha me dito, porque estava me tratando assim, eu não fiz nada! Uma onda de pensamentos tomou conta de mim, precisava encontrar um jeito de voltar para casa, precisava de uma ajuda e não sabia onde procurar, qualquer um que ouvisse nossa história acharia loucura, até eu achava. Queria conversar com Daniel ! Pensar em Daniel me trazia uma tranquilidade enorme, mas agora pensar nele seria só mais um problema para minha cabeça e eu queria distância de problemas.

Perdidos no tempoOnde histórias criam vida. Descubra agora