Capítulo 2

221 16 6
                                    




Na manhã seguinte foi abordada assim que acordou por Sophia, que lhe oferecia sua assistência para colocar as coisas em seus devidos lugares, suas roupas, sapatos e outros pertences. Conversaram descontraídas enquanto faziam as coisas. A mais velha tentava algo para acolhê-la. Até que o assunto acabou.

Melody pensou em contar sobre o garoto que encontrou na cozinha e perguntar sobre ele, mas não podia dizer que havia quebrado a regra que George tinha lhe imposto.

— Sophia... Quando vou conhecer meu tio? — ela perguntou — É que como estou morando na casa dele, acho que devia pelo menos conhecê-lo. — a garota sorriu sem graça.

A mais velha respirou fundo pensando em como abordar o assunto. Aquilo não era bom. Mesmo todos fugindo do assunto ruim, que era o senhor Kim, uma hora ou outra a garota questionaria.

— Bem... Melody... Acho bom já lhe dizer. Seu tio não é uma pessoa muito... amigável ou bem humorada. Acho melhor eu já te instruir a como agir em relação a ele. Bem... — fez uma pausa para caçar boas formas de dizer, mas aquilo deixava a garota mais aflita, como se não bastasse aquela confirmação de que o garoto da cozinha estava falando a verdade — Ele não sai de seus aposentos, muito raramente acontece. E quando faz isso, se esforça para que não encontre ninguém em seus caminhos. Não mantém contato com ninguém. As coisas da empresa são todas feitas por seus assistentes e gerente. Ele conversa o mínimo possível.

A decepção assolou a garota, ela queria alguém que ela pudesse chamar de família, mas ouvindo aquilo sobre como era seu tio se sentiu desolada. Tudo o que o rapaz havia dito fora repetido. Era mesmo verdade, então. Estava confirmado, mas não deixava de ser estranho. Como uma pessoa vivia dentro de um quarto? Que ideia maluca e absurda. Melody achou melhor não expressar opinião sobre isso, tentar entender. Podia ser que havia uma razão plausível.

— Por que isso? — ela perguntou.

— Ele é assim desde sempre... — não parecia uma razão plausível — Creio que há muitos motivos, mas bem... Ele deve conhece-los melhor que ninguém e isso basta. Nós apenas respeitamos suas regras, e seu jeito. Então acho que a senhorita ira entender, não é?

— Sim, claro. — a garota disse tristonha e um tanto inquieta. — Bem... Ele é minha família, eu só queria conhece-lo.

— Na verdade... Tínhamos que conversar, Melody.

A garota estranhou as palavras da mais velha. Será que ela havia descoberto que ela esteve fora do quarto depois das dez horas? Antes que o assunto pudesse continuar, o celular de Melody veio a tocar. No meio das coisas espalhadas, a garota começou a procurar o objeto que emitia som. Logo que o encontrou atendeu a chamada.

— Alô.

— Olá... Melody? Aqui é o Demitri. — ele disse.

— Oi, Demitri.

Seu peito foi preenchido por uma sensação estranha. Como quando você acorda sem saber onde está, mas de repente se lembra que dormiu em outro lugar que não sua costumeira cama. Dar-se conta de que havia esquecido completamente de algo. Ela não imaginou que seria assim, não com Dimitri, que a ajudou tanto. Mas depois de um dia inteiro, havia se esquecido dele.

No fundo sentiu alívio por ele ter ligado.

— Como eu disse que faria. Liguei para saber se está tudo bem com a nova família.

— Ah, sim. Está tudo bem... Muito... bem. — riu falsa.

Sentia certa vontade de dizer que queria voltar para o antigo apartamento de seu pai, mas isso jamais seria possível. Pedir para Dimitri acolhê-la, era completa loucura inconsistente.

The Beast WithinOnde histórias criam vida. Descubra agora