Fourth Rose.

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Assinto para o doutor. Não posso dizer mais nada. Não demora muito até que os paramédicos que ele chamou entrem na sala. Os dois rapazes são altos e bastante fortes. Eles deixam as duas portas bastante abertas e vão um de cada lado da maca. Os mesmo retiram ela do lugar, assim a levando para a porta. Olho para doutro Harris.

— Obrigada pela presença, Emily. – ele diz enquanto arruma seu jaleco. Fico perto de Harry.

— Eu é que agradeço, senhor. – mando um último sorriso antes deles começarem a andar com a maca.

Deixo o grande consultório médico e os acompanho até o quarto de Harry. A única coisa que passa na minha cabeça é se a substância injetada em Harry vai machuca-lo muito. Talvez por seu cérebro já ser parcialmente limpo desses ataques, ou seja, já pré formulado para que eles não ocorram, pode causar um estrago forte. Eu confio na palavra do doutor Harris, porém o organismo de Harry é complexo, me deixando preocupada.

Nós chegamos na porta do quarto dele, e eu abro por inteiro. Os para médicos o empurram para dentro do ambiente. Já no quarto, ambos dos dois passam meu paciente para a respectiva cama hospitalar dele. Eles fazem isso com bastante cuidado, o que me deixa satisfeita.

— Obrigada. – agradeço aos dois que antes de sair, se despedem com um sorriso. A outra maca é levada junto com eles.

Suspiro e sento na poltrona de Harry. O quarto não tem um cheiro muito forte de remédio, o ar está gélido e ele é bastante iluminado. De qualquer forma, se torna um ambiente confortável.

A ideia de Harry ser liberado daqui volta a martelar na minha cabeça. Eu não sei qual seria a reação dele ao ir para aquela casa de repouso, pode ser tão diferente do que eu já vi. Não quero que ele se sinta abandonado ou esquecido. Isso se torna errado porque eu não posso deixar que eu caia por ele, é apenas um garoto. É errado se preocupar tanto assim? Se preocupar tanto assim com os gostos ou sentimentos dele? A ideia de levá-lo até minha casa não é tão péssima. Meu apartamento é grande, tem mais de um quarto. Eu posso prepara-lo, aliás ele vai estar curado. As pessoas não vão suspeitar de nada, apenas que ele é um garoto simples e gentil.

Emily? – ouço sua voz rouca e olho para o lado de uma maneira um pouco bruta. Ele já está acordado, porém com uma cara de sono ainda. Eu não percebi.

— Harry, você acordou! – chego com a poltrona mais perto da sua cama. – Como se sente?

— Com sono... – a voz de Harry é bem mais grossa do que o normal, assim como seus lábios estão mais vermelhos, como se alguém os tivesse beijado incansavelmente. Meu paciente senta na cama e leva os dedos aos olhos, os coçando. – Minha cabeça dói... – droga.

— Dói muito querido? – isso me preocupa, porém pode ser apenas um efeito colateral desse novo medicamento. – Onde dói?

— Na parte de trás. Não está muito forte, mas está ruim. – assinto para ele.

— Vou pedir que tragam um remédio para você, tudo bem?

— Mais remédios? Querida Emily, eu não gosto de remédios. São ruins. – ele entorta a cabeça e eu dou um sorriso triste.

— Mas eles são importantes. Fazem você sarar logo para poder estar curado. – Harry abaixa o olhar. Parece decepcionado.

— Você quer?

— O que pequeno? Que você se cure? Isso é uma das coisas...

— Isso também, mas... – ele me corta, porém não me importo. – Você quer que eu saia daqui?

— Você quer sair? – respondo com outra pergunta. Dá para perceber que ele não se sente bem com esse assunto, muito menos com a situação.

Não. – sua resposta não me surpreende muito, entretanto causa um certo desconforto.

— Por que não?

— Pra onde é que eu iria, querida Emily? Você sabe, eu não tenho casa. Meu pai me largou aqui, os outros não vão aceitar um maluco na casa deles. Podem achar que eu sou um assassino por causa da minha cabeça problemática. Eu não quero morar na rua, por favor. – como achariam que ele é um assassino? Olhe para seu rosto, é um bebê. – Eu não quero sair. Por favor, não deixe.

No fundo eu sinto pena dele. É muito indefeso para a idade e ninguém o entende, a não ser eu. Isso me faz o último refúgio dele.

— Harry... se você se curar... nós precisamos que você saia, pois outros pacientes vão ocupar esse quarto. Não podemos manter um paciente já curado dentro do manicômio. – explico para ele que gradativamente vai adquirindo um olhar de súplica e decepção.

— Mas... pra onde eu vou? Você quer que eu saia? Emily, por favor, eu preciso dos seus cuidados. Eu tenho medo do lá fora. Não deixe que a escuridão acabe por me cegar, não me abandone. – a voz dele é embriagada. Consegue entender agora o porque de eu me perguntar se ele realmente tem alguma coisa? As palavras que ele diz as vezes são tão coerentes que isso se torna inevitável de pensar.

— Harry, está tudo bem, eu não vou te abandonar. Eu estou aqui. Pra sempre e sempre. – levanto e o abraço.

Não estou realmente abraçando a ele, mas sim a seus cachos. Meus braços envolvem sua cabeça enquanto os dele envolvem minha cintura. Seu nariz se encaixa logo mais abaixo dos meus seios, assim posso sentir sua respiração levemente alterada. Isso é bastante horrível, para ser sincera.

Olho para a janela e percebo que já está a escurecer. Preciso ir pra casa.

— Harold, olhe para mim. – afasto um pouquinho dele, permitindo que o mesmo olhe em meus olhos. – Eu vou para a minha casa agora, mas eu volto. Não estou te deixando, sim? – faço carícias em suas bochechas frias.

— Uhun... – ele está dengoso.

— Ainda sente dor de cabeça?

— Sim, está doendo.

— Os remédios já vão vir. Por favor os tome, está certo? – Harry assenti e eu vou para perto da porta, consequentemente me distanciando dele. – Até amanhã querido!

— Até amanhã querida Emily! – Harry faz uma careta que me faz rir, logo em seguida deixo seu quarto.

Vou a procura de uma enfermeira enquanto traço o caminho para a minha sala. Por sorte, há uma vindo na minha direção.

— Com licença. – a chamo e ela olha para mim. – Poderia levar duas pílulas para dor de cabeça, das mais fracas, ao quarto B27?

— Claro! Nome do paciente por favor?

— Harry Styles. – ela assenti. – Obrigada.

Sorrio para a mesma que depois se afasta. Volto a me concentrar em ir para minha sala, para também pegar minha bolsa e sair.

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