Joshua permaneceu em silencio absoluto por alguns minutos e eu já sentia meus olhos marejarem. Procurei meu maço de cigarros, em vão. A cozinha estava uma bagunça e eu não havia tido tempo de arrumar. A casa sem minha mãe ficava uma bagunça, eu me sentia perdida sem ela, mas estava começando a me acostumar com ela viajando o tempo todo.
—Joshua?
—Escuta Lanna, a gente pode se encontrar em um lugar mais calmo? Starbucks ou sei lá.
—Eu não gosto de café...
—No Café Donuts, então?
Suspirei. Seria engraçado (se não fosse tão trágico) a forma como Joshua conseguia contornar as situações. Eu havia feito um discurso sobre como queria que ele fosse sincero quanto aos seus sentimentos, e ele simplesmente me convidou para comer uns donuts, como dois grandes amigos.
—Às cinco e meia?
Meu relógio marcava 16h02min. O café ficava a cerca de dez minutos de casa, por tanto, achei que uma hora e meia seria o suficiente.
—Te encontro lá, L.
E então, ele desligou. Sem "tchau", "beijo", ou "se cuida". Sem um "Passo aí pra te buscar". É claro que não, Joshua não era esse tipo de garoto. Eu não sabia ao certo que tipo de garoto ele era, mas sabia que não era esse.
Joguei meu celular no sofá e fui para o chuveiro. Percebi que havia esquecido a toalha e pensei em ir buscá-la, mas dei-me por lembrar que Daniel estava lá. Seria muito mais fácil pedir que ele pegasse a toalha pra mim.
—DAAAAAAAAN!
Sem resposta.
—DANIEL!
Daniel veio até a porta do banheiro calmamente.
—Onde você guarda as toalhas?
Ele parecia entediado. Como é que ele sabia que eu queria uma toalha?
—Como é que você sabe que eu quero uma toalha?
—Ah, não me diga que está me chamando pra tomar um banho com você. Ou será que quer apenas dar o troco? Você já me deu banho, acho que agora é minha vez.
Ele riu debochadamente e eu fiquei vermelha como um pimentão. Senti falta do jeito divertido de Daniel, mas havia desaprendido a lidar com isso. Percebendo o meu constrangimento, ele apenas continuou.
—Onde estão as toalhas?
—Segunda gaveta do lado esquerdo do guarda-roupa.
Em alguns segundos ele voltou, colocou a toalha no vaso sanitário e se virou.
—Dan, espera.
—Oi?
—Senta aí, vamos conversar.
Daniel sentou, segurando minha toalha de Pink e o Cérebro.
—Conversou com ela?
Um fundinho de mim queria que ele dissesse que não.
—É, conversei.
Bufei.
—Sabe Dan, eu esperava uma resposta mais completa.
—Não quero falar sobre isso.
—Vocês se acertaram?
Oh céus, responde não. Não, não, não.
—Não... Não quero falar sobre isso, e o cara lá?
—O Joshua? –desliguei o chuveiro. Vamos comer uns donuts.
Desliguei o chuveiro.
—Como amigos? –ele debochou.
—Feche os olhos – disse, já saindo do box. Sim, como amigos.
Parei uns segundos para observar Daniel. Ele estava realmente de olhos fechados, o que me surpreendeu. Fiquei meio "Quem é você e onde escondeu o Dan?".
—Ainda não. –me enrolei na toalha. Pronto, agora pode.
—Então que horas ele vem te buscar?
—Ele não vem.
Daniel fez uma careta. Sei o que ele estava pensando "Que grande cavalheiro, não?". Pensei que ele faria uma piada desnecessária, mas apenas olhou o relógio que tinha no pulso.
—Que horas vocês marcaram?
—Às cinco e meia.
—Acho melhor correr.
Olhei para o relógio dele, que marcava 05h20min. Eu havia me distraído muito conversando com Joshua e agora tinha que sair praticamente voando.
❥❥❥
Cheguei ao café um pouco atrasada. Avistei Joshua, numa mesa mais reservada, ao fundo do café.
Cheguei até a mesa, puxei a cadeira e me sentei. Silêncio total.
—Olá? –tentei, em vão, fazer com que ele falasse.
Novamente o silêncio reinou.
Bufei impaciente e chamei a garçonete. Fiz o meu pedido e fiquei lá, imóvel, esperando que Joshua dissesse algo de útil. Percebendo minha aflição, ele deu-se a falar demasiadamente rápido.
—O foda é que você não entende o quanto é difícil pra mim falar o que sinto. É estranho te ver longe, mas quando estávamos juntos tudo parecia um caos. Éramos brigas e mais brigas. Seu ciúme e o meu jeito de querer te tirar dos seus malditos vícios – nessa hora, eu guardei de volta o cigarro que estava entre os meus dedos-, nós éramos um casal, mas não nos levávamos a sério. E eu gosto muito de você, mas nós sinceramente não demos certo. Eu sinto muito por tudo que fiz Lanna. EU sinto muito, mas sou humano e você tem de aceitar que as pessoas erram.
—Errar é falar uma frase meio torta, brigar por um motivo bobo, sair andando no meio de um briga e até ignorar os conselhos que te dei, ignorar às vezes em que tentei ficar perto e você se afastou. Isso é errar. Traição, mentiras, ficar com outras garotas na minha frente, sendo que não tínhamos terminado há uma semana... Não são erros.
—Eu não conheço você.
Então era isso que ele tinha a dizer? Nenhuma defesa, um "sinto muito"? Apenas um "eu não conheço você"? Eu também não o conhecia, mas isso não foi motivo.
—Eu também não te conheço. Mas que diferença isso faz agora? Faltam apenas uma semana de aula, logo estaremos livres um do outro.
—Eu quero muito te conhecer. Sinto que fizemos tudo isso de um jeito errado.
—E o que você pretende fazer?
—EU preciso de dois meses.
—Oi?
—Vamos passar as férias juntos. Então nós vamos nos conhecer, e as coisas não vão parecer tão ruins como parecem agora.
—Não vamos voltar.
Ele bufou impaciente.
—Me dê à droga dos dois meses! Depois disso cada um pode seguir o seu caminho, eu não vou te impedir.
—E como é que você pretende fazer isso?
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Sim, eu sei que ficou pequeno e ruim. Mas tenho SAOB amanhã (pra quem não sabe é uma prova enorme, de todas as matérias) e eu realmente preciso estudar.
Eu prometo que o próximo capítulo vai ser melhor.
Comentem se acham que isso vai ou não dar certo, e o que acharam sobre esse capítulo. O que acharam do Dan? (Ele é um amorzinho eu juro).
E não odeiem o Joshua, ele também é uma pessoa incrível. ❥
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Sobre o verão.
RandomUm casal que deu errado após um mês de namoro. Após um namoro que não incluía consciência dos pais (ou pelo menos dos pais dela), sem saber o que sentem, eles decidem fingir serem melhores amigos e passarem as férias de verão juntos, como uma desped...