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Andei as voltas na cama pois não conseguia dormir.

Não conseguir dormir já fazia parte da minha rotina. Sinceramente eu não sei porquê ainda tento dormir porque eu só dormia quando o cansaço tomava conta do meu corpo.

A minha mãe diz-me sempre que tenho que consultar um médico, mas eu me recurso a ir pois com os meus demónios posso eu bem.

E eu sou apologista da ideia que não era um calmante que vai curar as feridas abertas que se encontravam à muito alojadas na minha alma. Para ser honesto, eu não quero melhorar. Esse sofrimento tem sido a única coisa constante na minha vida e eu já a tinha tornado a minha companheira.

Movimentei o meu corpo mais uma vez, na esperança de encontrar uma posição mais confortável. Escusado será dizer que foi uma tentativa falhada pois eu continuava desconfortável.

Odeio ficar acordo pois consigo ouvir nitidamente as vozes de cada pessoa que goza comigo.

Os comentários maldosos que com o tempo aprendi a fingir que não me afetam.

Consigo ver o meu corpo ser atirado inúmeras vezes contra os cacifos, paredes, portas ou até mesmo contra o chão.

Consigo sentir o ódio do David e do seu grupo que me persegue constantemente.

A minha cara estava molhada com uma mistura de lágrimas e suor tal como a minha almofada.

São nesses momentos que me fazem crer que a vida é a morte lenta de tudo que acreditamos e eu vi tudo que eu amo definhar deante dos olhos do mundo.
....

Olhei para o telemóvel para ver as horas, 06:26 era o número que mostrava o pequeno aparelho electrónico.

Ainda era cedo, mas levantei-me e caminhei lentamente até a casa de banho.

.....

Pego nos livros que são necessários para hoje e ponho-os dentro da minha mochila preta, peguei na mesma e coloco a alça esquerda no ombro esquerdo.

Passei os olhos pelo calendário que se encontrava colado na minha porta e com uma caneta fiz uma cruz no quadro com o número vinte e nove ou seja faltavam vinte e oito dias para o fim das aulas.

Entrei na cozinha e estava lá a minha mãe a comer.

-Olá mãe!-digo.

-Oh Kellin,já estas pronto?

Revirei os olhos pela pergunta.

- Vou para a escola, beijos fica bem.- digo e saio a correr de casa.

Assim que pus os pés fora de casa respirei fundo o ar frio da manhã, pus os fones nos ouvidos e começei a caminhar lentamente.

Gostava de sair cedo de casa porque podia observar cada detalhe das pequenas coisas.

Sentir a brisa fresca de novembro, ver os pequenos raios de sol em uma luta territorial com as nuvens, As gotas da orvalho nas folhas o cheiro da chuva que ainda permanecia no ar e por fim o asfalto gasto e molhado por onde os meus ténis lentamente galgavam.

As poucas pessoas que se encontravam na rua olhavam para mim como eu fosse alguém de outro planeta, mas nada que eu já não estivesse acostumado.

Finalmente cheguei a escola e olhei para o relógio e pude ver que faltavam vinte minutos para eu ter a primeira aula então fui até ao cacifo.

Ao longe pude ver papéis colados no meu cacifo, quando me aproximei pude ler cada um deles.

"EMO" "GAY" "IDIOTA"...

Tirei os papéis fiz uma bola com eles e guardei no bolso.

- Olha, se não é o nosso emozinho!- diz uma voz que logo reconheci como sendo a do David.

O meu primeiro instinto foi correr mas logo senti o meu cabelo ser puxado me fazendo arfar.

-Estás a fugir de mim Kell?-ele pergunta e puxa o meu cabelo com mais força.

-O que é que queres David?-pergunto e tento soltar o meu cabelo.

-Conversa contigo.-ele puxa ainda mais o meu cabelo.

-LARGA-ME ESTÁS A MAGOAR-ME!- grito já sem paciência.

Grande erro.

-MAS TU ESTÁS A GRITAR COM QUEM?- ele grita e o meu corpo é arremessado com bastante violência contra o chã fio e sujo do corredor.- NUNCA MAIS GRITES COMIGO!- sinto o seu pé na minha barriga e contorci-me de dor e ele afastou-se de mim.

Levantei-me calmamente peguei nas minhas coisas, tirei o cabelo da frente dos olhos e fui em direção a sala 27 onde ia ter aula de história.

Fui para o meu lugar habitual, a última mesa da fila encostada a parede, sento-me, tiro os matérias para a aula.

- Kells?!-uma voz feminina chamou por mim- Posso sentar-me contigo?

-Não!-digo sem desviar os olhos do meu caderno.

-Não me admira que ninguém goste dele, ele é tão estranho.-ela diz a alguém que pelos vistos estava com ela.

Ignorei porque já ouvi coisas bem piores que isso.

Olhei para o telemóvel e pude ver que tinta uma mensagem.

Mensagens on

Vic : 28 dias Kelli.

Eu : primeiro eu já disse para não me chamares Kelli, segundo bom dia seu mal educado e terceiro VAI DORMIR VINCENT E PÁRA DE ATRAPALHAR QUEM ESTUDA.

Vic : Credo Bom dia. Lamento se eu já acabei a escola PORQUE SOU INTELIGENTE E NASCI PRIMEIRO :)

Eu : Filho ... da... puta :)

Vic : e outra , estou acordado porque tenho que resolver umas coisas sobre a tua casa e está gente só sabe marcar as coisas para essas horas da madrugada... tipo tenho que estar lá as 9h.

Eu : Victor para as pessoas que estudam que nem eu acordar as 8:30 já é lucro.

Vic : bla bla bla coisas que eu já não preciso saber para NADA.

Eu: Agora chega, já se passaram 20min de aula e eu ainda estou aqui a falar contigo.

Vic : o.o 20? E ainda se sente no direito de dizer que é estudante kkkkkkk tu és é aluno.

Eu: tchau vic

Vic: ah sim agora finge que estuda.

Eu: eu disse tchau vic.

Vic: estudante kkkkk vou rir para sempre dessa.

Eu: hahaha .l. :)

Mensagens off

Senti uma bola de papel bater no meu braço, peguei nele e guardei na minha mochila sem o ler.

Só faltam duas aulas tu aguentas Kellin.



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