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Finalmente ouvi o som da campainha que anunciava o fim da último aula do dia e começei a arumar as minhas coisas o mais lentamente possível para ser o último a sair da sala.

Fui para a cada de banho e fiquei a espera que todos ou quase todos saíssem da escola para não correr o risco de encontrar o David, mas é claro que isto nem sempre corre bem.

Sai da casa de banho e caminhei lentamente até chegar ao portão da escola e começei a correr loucamente como se a minha vida dependesse disso até chegar terto da minha casa.

Parei por uns minutos para tentar controlar a minha respiração porque se chegar a casa ofegante terei que responder a um interrogatório feito pela minha mãe sobre o porquê de eu estar ofegante e eu ia ter que contar a verdade porque porra ela é a minha mãe e eu não posso mentir a minha própria mãe.

Como eu conheço a minha mãe muito bem sei que ela ia querer falar com o Director da escola que eu sofro bullying e depois ia querer falar com o David e com os país dele e isso só ia piorar a minha situação e o David não ficaria nada contente por eu ter feito "queixinhas a mamã".

A minha mãe já tem problemas demais. Para além de ser mãe solteira e ter que me sustentar ela tem que ajudar a minha irmã mais velha, kailey, com algumas coisas porque ela está gravida e pelos vistos a gravidez não está a correr muito bem.

A minha irmã também será mãe solteira pelos vistos, ela sofria de violência doméstica e claro que a minha mãe quando soube foi logo dizer o seu famoso discurso de " olha aqui pirralho, eu sofri pra parir a kailey! Eu sofri pra cuidar dela e tu vês e bates? Tu achas que a minha filha é algum saco de pancada? Eu não criei a minha filha pra apanhar estás a ouvir?" Até que um dia ele simplismente desapareceu.

Tirei a minha garrafa de água da mochila, bebi um pouco e voltei a guardar. Penteei o cabelo com as mãos para não parecer que estava a fugir de lobos e começei a andar calmamente até a minha casa.

- MÃE CHEGUEI!- gritei assim que abri a porta - MÃE CHEGUEI!- repeti quando não obtive resposta.

Elevei a sombrancelha direita em sinal de desconfiança e fui até a cozinha onde havia um bilhete colado no frigorífico.

" Kellin, estou na casa da kailey  porque ela está cheia de dores mas pronto o almoço estava no frigorífico. Qualquer coisa liga-me.

Beijos mãe!"

Suspirei ao ler aquele bilhete e deixei-o no mesmo local.

Subi para o meu quarto, atirei a minha mochila para algum lugar e liguei o computador para poder falar com o Vic por skype.

Vídeo chamada on

- Olá Kells como foi o teu dia? - o vic pergunta assim que atende a chamada.

- Normal e o teu?

- Cansativo- ele suspira.

- Então porquê? - pergunto levando o computador da secretária para a cama.

-Porque acordei a àquelas horas da madrugada para ir resolver as coisas da tua casa e tive que levar com a conversa do homem da imobiliária por duas fucking horas!- despenteia o seu cabelo- já agora comprei-te um porta-chaves. Depois fui ter com os rapazes para ensaiar e agora vim descançar e o teu como foi?

- A mesma merda!- desta vez sou eu que suspiro.

- Ele fez-te alguma coisa?

--Não! - menti.

- Estás a mentir Kellin que merda não confias em mim?

- Eu confio Vic!

- NÃO NÃO CONFIAS PORQUE SE NÃO TU NÃO ESTARIAS A ESCONDER-ME ESSA MERDA, E PORRA ISSO DESTRI-ME POR DENTRO! JÁ NÃO ME BASTAR ESTAR LONGE E NÃO PODER FAZER NAD...

-ELE BATEU-ME! - gritei o interrompendo- ELE BATEU-ME !

-Kells eu não vou fazer aquele discurso de tens que o enfrentar porque eu sei o quão mau isso pode ser, mas tu precisas de contar-me essas coisas amor, eu não quero que sofras sozinho.

- Eu sei!- limpo as minhas lágrimas- sinto-me um merda por apanhar de um idiota.

-Merda é ele por bater nas pessoas por nada, merda é ele por tornar as diferenças das pessoas em defeitos mas são virtudes e tu sabes que são virtudes.

-Não te preocupes, eu já sei que a vida tem dessas coisas.

- Ai está, a vida não tem que ter " dessas coisas"!- ele fez aspas com as mãos- Todos merecemos o melhor da vida não apenas " dessas coisas"

- Espera só um pouco Vi, a minha mãe mandou-me uma mensagem.

( mensagem on)

"Vem ao hospital , a tua irmã não está nada bem acabei de chamar a ambulância. "

Fiquei pálido ao ler essa mensagem porque eu não posso perder a minha irmã mais velha. Ela ensinou-me tanta coisa e passamos por muito juntos.

Não podia perder o meu sobrinho ou sobrinha, eu quero mostrar-lhe o mundo e quero provar-lhe que o mundo é um lugar maravilhoso.

Free Now ?// KellicOnde histórias criam vida. Descubra agora