Capítulo 1

81 4 0
                                    

Honrados desonestos

O sol tostava a pele.
Um longo grito de um homem condenado ecoava no deserto deYonem, um vale esquecido pelas autoridades, mas infestado por criminosos da pior espécie. Um lugar ideal para os que não querem ser encontrados.
"Socorro! Socorro... Juro que não matei ninguém!"; gritava o homem enterrado no chão, com apenas a cabeça desenterrada, com o rosto vermelho e lágrimas secas, misturada com o sangue resultante da surra levada pelos moradores ao redor. Um homem trajando capa longa e capuz se aproxima do vale, quando foi parado por dois vigias:
- Alto! Quem vem lá?
- Vim de longe... Estou exausto e a procura de um homem.- respondeu o forasteiro.- Soube que ele está respondendo por assassinato.
Os guardas se entreolharam, sacando suas espadas e disseram:
- Quem ousa interromper o julgamento do vale Yonem?
- Shum Hion! - respondeu o homem.- Devem conhecer esse nome.
Os guardas hesitaram, respiraram fundo e com voz trêmula responderam:
- Sim... Conhecemos esse nome...
- E sabem do que essa pessoa é capaz?!
- Sim... Sabemos...
- Vocês estão diante dele! Saiam do caminho ou seja o que for que já ouviram falar sobre mim, será um sonho comparado ao que farei por tal afronta.
- Senhor... Nós estamos apenas fazendo nosso trabalho...
- E eu vim para fazer o meu!
O homem entrou no vale diante de olhares assustados, deixando seu cavalo perto da taverna. Ao chegar até o condenado, Shum tirou de seu bolso uma carta e se pôs a ler:
"Eu, Alvus Blackius, outrora rei de Woffujon, vale verdejante, e hoje rei supremo de toda a terra em que habitamos, estou perdoando Rafus Sofeen, acusado de assassinato no vale de Yonem, em respeito as serviços prestados como soldado na antiga batalha de Woffujon, que consolidou a mim Rei Supremo!"
O homem que já não tinha mais esperanças chorou e gritou:
- E O QUÊ ESTÁ ESPERANDO? ME TIRE DESSA MERDA!
Shum o desenterrou e lhe deu uma espada.
- Pra quê essa espada? - perguntou o outrora condenado. - Estou livre ou não?
Shum puxou outra carta e começou a ler:
"Eu, Kamm Grieh, senhor do vale de Huun, ofereço a quantia de 5 mil unidades a quem trazer a cabeça de Rafus Sofeen, por seus crimes de guerra contra meu povo durante a batalha de Woffujon, que consolidou Alvus Blackius rei supremo da terra que habitamos."
- Isso é alguma piada? - perguntou Rafus.
- Sou Shum Hion, um dos maiores mercenários de toda a terra em que habitamos, se não o maior. Recebi ambas as cartas a caminho daqui... Um mensageiro não entraria aqui e ninguém mexeria comigo... A palavra do rei supremo de nada vale perto de uma recompensa de 5 mil unidades...
- Mas se iria me matar, pra quê me desenterrar?
- Hahaha. - gargalhou Shum. - E que graça teria? Gosto mais quando resistem.
Rafus olha para Shum suando e tremendo enquanto os demais moradores da vila os cercam. Shum ordena que se afastem pois o oponente era dele, mas simpatizantes de Rafus tentam atacá-lo para que este fuja. Shum em dois golpes mata três aliados de seu alvo e num ataque certeiro perfura as costas de Rafus que cai.
Shum caminha até ele, se abaixa e cita um verso do livro dos mortos do vale de Woffujon: "Aquele que cair, em combate ou rendição, que caia firme, pois os portais do além não aceita os fracos!" E num único golpe arrancou a cabeça de Rafus.
Ao montar em seu cavalo com a cabeça de Rafus numa caixa, os guardas o pararam para fazer perguntas:
- Você o soltou com o perdão do rei supremo e depois o matou em nome de um lorde inferior... Qual o motivo de tal ato?
Shum os encara, atira-lhe uma moeda contendo 100 unidades e responde:
- Trabalho é trabalho. Tenho um nome a zelar.
Cavalgando sob um calor escaldante o famoso mercenário segue sua viagem ao sul, dessa vez levando consigo o seu alvo que lhe dará um belo prêmio.

Caçadores De ReisOnde histórias criam vida. Descubra agora