Capítulo 2

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A ave sumira por entre as folhas das árvores, mas deixara uma lembrança gloriosa. Will nunca havia visto uma ave tão bela antes, até que uma luz se acendeu em sua memória como uma vela num quarto coberto pela escuridão. Aquele pássaro era um corvo.

Como podia um corvo ser tão belo? Ele sempre vira corvos em todos os lugares pelo o qual passava, mas nunca um tão belo, e tão... especial como aquele.

Com estes pensamentos, ele deu meia-volta e andou para onde estava sentado antes de aquele corvo aparecer. Ele sentou-se, encostou as costas na pedra lisa e soltou um longo suspiro.

Corvos são maus presságios, pensou consigo mesmo. Presságios de morte.

Ele fechou os olhos novamente, e tentou relaxar.

Pôde ouvir as águas do lago escuro balançando, formando pequenas ondas, e as folhas das árvores caindo com a brisa que se tornara mais forte. De repente, ouviu passos. Ele franziu o cenho, mas não abriu os olhos. Eram passos firmes, mas delicados, suaves. Pareciam ser passos de uma mulher, resoluta e determinada. Os passos cessaram ao longe, e recomeçaram mais rápidos dessa vez; estavam se aproximando. Mais, e mais, e cessaram novamente. Só que, desta vez, próximo às árvores em que o corvo havia sumido. Curioso, William abriu os olhos.

Ele olhou em volta, mas não havia ninguém além dele. Estranho, pensou. Eu poderia jurar que ouvi passos...

Como se escutasse seus pensamentos, alguém deu um passo à frente entre as árvores, saindo da escuridão que se formava entre elas. O vento aumentou ligeiramente e soprou a barra de seu vestido branco, balançando-o de forma graciosa.

William parou completamente imóvel onde estava. Aquele era, de fato, um dia de surpresas.


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