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"Não Calum, você não entende", Luke bufa, caindo no sofá de couro.

O garoto de cabelos negros, Calum, está sentado do outro lado da sala em uma cadeira preta, fumando um baseado preguiçosamente.

"O que precisa ser entendido? Ou você é obsessivo ou um stalker, qual das opções é?", o mais velho questiona, assoprando anéis de fumaça no ar.

Luke se arrepende de ter contado para seu amigo sobre seu novo interesse, o garoto do parque Crescendo, porque Calum não parece estar prestando atenção.

"Eu não estou sendo um stalker, eu só o vi uma vez, só hoje."

Mas Calum balança a cabeça em descrença e levanta do seu lugar, murmurando alguma coisa sobre ele estar morrendo de fome e sai em direção à cozinha. Luke está visivelmente angustiado, sua cabeça dói e seus pensamentos estão incontroláveis.

Uma hora antes, Luke tinha voltado do campus da faculdade e instantaneamente ligou seu notebook e procurou por seu cabo USB. Ele passou o restante de seus períodos pensando sobre como editar as fotos, querendo que o vermelho se destacasse da natureza no fundo. E então, ele carregou as dez fotos e as transferiu para seu editor de fotos favorito.

Calum apareceu sem ser convidado, mas não era algo fora do normal. A dupla se conhecesse desde a infância e soram sortudos por terem sido aceitos na mesma faculdade. É claro, Calum escolheu viver nos dormitórios do campus, e Luke sabia que era somente pela emoção. Calum era uma pessoa imprudente, sempre querendo viver o lado selvagem das coisas, e os dormitórios do campus significavam festas da faculdade - algo que Calum tem sonhado durante anos.

"Luke, eu gostaria que você soubesse que você não tem batata frita", Calum fala enquanto entra na sala.

A testa de Luke se enruga em confusão. "Mas eu comprei um pacote tamanho família ontem!"

O moreno dá de ombros. "Eu sei, mas agora você não tem. Eu te disse que estava com fome."

Luke rola os olhos, não se incomodando em discutir com seu amigo sobre algo tão simples. Ele podia facilmente não ter batatas até seus pais mandarem o próximo cheque. Isso era algo que Luke gostava sobre sua situação atual, ele não tinha que pagar nada do seu próprio bolso. Seus pais estavam bem, ambos em trabalhos de alto nível e ganhando tanto dinheiro que eles não sabiam o que fazer com tudo. E então, eles pagaram para Luke entrar na faculdade, cobrem suas despesas mensais e lhe dão dinheiro para gastar. Mas, Luke tinha exagerado um pouco com seu último cheque e agora estava com pouco dinheiro, algo que ele certamente não estava acostumado.

"Yes!", Luke comemorou silenciosamente quando ele finalmente finalizou perfeitamente outra foto.

Ele tem certeza que salvou a foto editada antes de colocar o aparelho no vidro da mesa de café. Ele se estica, seus membros doloridos e solta um suspiro pesado.

"A escola está fodendo com a minha cabeça", ele diz, massageando suas têmporas. "Eu preciso de um ibuprofeno."

Antes que ele pudesse se levantar para achar o medicamento, uma sacola incolor é atirada em seu colo e Calum está sorrindo.

"Quem precisa de medicamentos prescritos para aliviar uma dor de cabeça? Eu estou desapontado com você, Luke", Calum fala enquanto caminha até a coleção de CDs de Luke, arrumada em ordem alfabética em uma estante preta.

Um sorriso largo se espalha nos lábios de Luke. Ele abre a sacola e respira o odor forte, não é tão potente, esse é o motivo de ser a mistura favorita de Luke. Há uma tigela de vidro descansando na mesa e Luke opta por usá-la ao invés de enrolar um baseado, o que precisaria de um pouco mais de esforço. Ele descansa suas costas contra o braço do sofá, suas pernas esticadas na superfície de couro.

Enquanto Luke prepara a tigela, Calum está dando play no aparelho de som, o som do Arctic Monkeys flui através dos alto faltantes.

"Eu amo o som do baixo", Calum fala, sendo um baixista, ele está bastante impressionado.

Luke assente em concordância enquanto acerta a tigela, respirando a fumaça, seu corpo relaxando instantaneamente. Calum pega o notebook de Luke da mesa e clica em uma das fotos que ele tirou no dia. Ele está impressionado com o trabalho de Luke, ele sempre apoiou o amigo, mas essas são fenomenais. 

"Ele é fofo pra caralho", ele fala alto, clicando na próxima foto.

Sua frase chama atenção de Luke, que ainda está fumando. Ele levanta seu olhar para ver o moreno com seu notebook.

"Eu não lhe disse para não mexer nas minhas coisas?", o loiro resmunga. "E sim, ele é fofo. Eu estou pensando em botá-las na parede, junto com as outras."

Luke tem muitas de suas fotos expostas em seu apartamento. Elas foram impressas um pouco maiores, para ver melhor e foram cuidadosamente penduradas na parede de tijolos vermelhos. A maioria era fotos da natureza, algumas de animais e pouquíssimas de pessoas. Ele não gostava de retratos, achando que fotos com pose não eram tão criativas.

"Não vamos mais falar sobre ele hoje, ok?", Luke fala, terminando a tigela, um pouco de resíduo em sua boca.

Embora Luke sugerindo não falar do garoto, seus pensamentos continuam nublados com a imagem dele.



Synthetic ➳ muke (pt version)Onde histórias criam vida. Descubra agora