De olhos abertos

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Ela estava aqui, deitada com seu corpo pequeno em meus braços. O carro andava rápido. Potter o menino insolente, resolveu deixar seu pequeno momento de bravura para trás, e isso foi sábio. Juro por Deus que se ele apontasse seus olhos esganiçados para mim de novo, quebraria seu pescoço fino com as minhas próprias mãos. Ele dirigia habilidosamente pelo trânsito caótico de 19:00. Olhei novamente para ela, para Alysson. Eu vinha fazendo muito isso ultimamente. Seu rosto fino, seu queixo empinado, eu quase sorri.

Quase.

Ela havia apontado-me esse seu pequeno queixo muitas vezes. Desde que entrou em minha empresa a dois meses, Alysson virou tudo do avesso. Sua Bravura e teimosia me deixam maluco. Tenho vontade de deixá-la saber o seu lugar, tenho vontade de a colocar em meus joelhos e por Deus!! dar-lhe umas palmadas. Tenho vontade de beija-la até que caia minha boca.

Ela é muito boa no que faz realmente. E competência é uma coisa que atrai minha atenção. Alysson, não deixou um prazo sequer expirar. E eu cobrava muito mais dela sabendo que ela me daria o retorno que precisava.

Alysson era encrenca.

Soube disso no momento em que seus olhos Azuis-anil cruzaram com os meus. Ela veio toda graciosa e elegante, mostrou-me seu currículo garantiu-me seu talento. Ela diferente dos outros, não tinha medo de mim. Seus olhos não fugiam dos meus por um segundo sequer, e o que eles refletiam me deixou sem chão. Eu via em seus olhos o que, eu realmente era. Como se ela puxasse para fora toda a minha fiação elétrica e esmiuçasse fio por fio, conhecendo-me mais do que a mim mesmo. Compreendendo-me mais do que a mim mesmo.

O menino Potter finalmente chegou ao hospital. Apertei mais Alysson em meu colo e abri a porta do carro levando-a comigo. 

Assim que Potter arrastou-a para fora da minha sala, minha cabeça entrou em parafuso. Todo o meu corpo ainda formigava, a palavra ecoando melodiosamente por sua voz em minha cabeça...

Augusto
Augusto
Augusto

Ela havia dito meu nome, não Jack como todos chamavam-me. Mas o nome que eu, em um momento de bravura contei a ela. E ela havia se lembrado. Escutar seus lábios avermelhados chamando-me foi de mais para o meu cérebro já confuso. Não era bastasse ter me deparado com Alysson aos prantos enquanto um moleque a agarrava pela cintura todo possessivo. Hora! O que mais eu poderia ter imaginado?! 

     Sam estava com suas mãos em meu pescoço e em meu rosto. E como ela sabia eu não gostava disso. Obviamente era linda, qualquer um poderia ver. Mas nós dois sempre funcionamos muito bem, dentro do quesito puramente físico. Aliás, todas funcionam muito bem somente assim.

Eu não sou nenhum canalha. Elas me procuram  e sabem o que eu quero, já que querem o mesmo. Somente isso e fim. Sem dor de cabeça, sem complicação, sem problemas.

Alysson logo mostrou-se docê e meiga, uma menina cheia de sonhos e determinação. Alguém que não era pra mim. Mas minha cabeça pareceu querer ignorar-me. Eu a queria mais que tudo, queria seu abraço, seu cheiro de morango e sua teimosia. Queria sua pele macia junto à minha, eu queria tudo dela. E por esse motivo tento afasta-lá de mim de todas as formas possível, a fiz trabalhar até mais tarde na véspera de Natal, na esperança de que ela finalmente decidisse largar o emprego, tratei-a mal e só Deus sabe como custou-me isso. Mas ela não se abalou, fez tudo o que devia, e mais do que podia para mostrar-me que não iria a lugar algum, que mais do que merecia estar aonde está.

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