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Sem momentos clichês, mais momentos reais, por favor.

Tudo isso é muito mais do que acordar cedo e ir pra uma escola. É lembrar que você está indo pra uma escola nova, que podem ter pessoas novas, problemas novos.. garotos novos.. meninas novas.. é isso, enquanto mais eu pensar menos coragem eu vou ter.

Levanto da minha cama e vou até o banheiro, faço tudo que tenho que fazer, visto meu uniforme e vou tomar café.
Eu costumava achar que quando o relógio batesse e eu tivesse exatos 15 anos, as coisas seriam diferentes. Como naqueles filmes sabe ? Você sempre acha que sua vida vai mudar assim que fizer mais um ano de vida, acha que vai se transformar naquelas modelos capa de revista, acha que vai ter vários amigos verdadeiros, um namorado perfeito, um instagram cheio de fotos e seguidores, com milhares de pessoas dizendo como você é linda e etc. Mas a realidade não é essa, pelo menos não a minha. Aqui estou eu, Alice, uma adolescente de 15 anos, baixa, magrela, loira (por um erro de natureza que minha mae ainda não soube explicar), cheia de conflitos internos e etc. Poderia ser pior ? Claro que podia e claro que vai ser. PORQUE HOJE É MEU PRIMEIRO DIA DE AULA EM UMA ESCOLA NOVA E EU ESTOU ATRASADA !

Pego minha bolsa, uma maçã e saio correndo em direção a escola. No meio do caminho encontro minha amiga Mia, ela é aquele tipo de garota que eu sem dúvidas queria ser, ela é linda, morena, seus cabelos são cacheados e vão até lá em baixo. Mas infelizmente até o final do ensino fundamental ela sofria preconceito na escola, eu sempre achei isso ridículo, se dependesse de mim eu bateria em cada serzinho que falasse um "A" pra minha melhor amiga.

- Pôr que está andando tão devagar Mia ?

Chego cansada perto dela.

- Ainda são 6:40 Alice..

Ela me encara com uma cara estranha.

- Mas no meu relógio são 6:55 ! Que droga !

- Dava pra ter dormido por mais dez minutinhos.

Ela dá risada e me cumprimenta.

- Animada ?
Ela questiona.

- Curiosa.. acho que essa é a palavra certa.

- Arthur disse que vai nos encontrar na porta da escola, ele disse que não quer correr o risco de "passar pelo corredor da morte" sozinho.

Dou risada.
- Certo ele, eu faria a mesma coisa.
Respondo dando risada.

- Eu sei, e você acha que eu também não faria o mesmo ? É melhor não arriscar.

Fomos andando até chegar na escola e de longe eu ja conseguia ver o Arthur.
Ele era meio "nerd" digamos assim, andava sempre com uma câmera pindurada no pescoço, acho que ele sempre quis um daqueles momentos bombásticos pra que pudesse tirar uma foto dele, mas ele nunca teve. Sabe a palavra "rotina " ? Essa era a prática.

- Uau, logo cedo e vocês já estão lindas assim ?

- Cala a boca Arthur
Dou risada da cara dele.

- Como eu estava com saudade.
Ele vem e abraça eu e a Mia.
Abraçamos ele mais forte até ele ficar sem ar.

- Duas contra um não costuma valer.

- E três novatos em uma escola nova chegando atrasado costuma ?
Falo isso enquanto olho no relógio e percebo que já são 7:05.

Saímos correndo e o "corredor da morte" nem pareceu tão assustador, as pessoas eram tão diferentes uma das outras, mas pareciam tentar sempre serem superiores.

Entrando na sala todos ja nos olharam assustados.

- Estamos em território inimigo, procurem os lugares mais escondidos que encontrarem. - Arthur cochichou.
Entramos na sala e sentamos perto da janela. Eu tinha certeza que a sala toda ja estava lá, nao tinha porque a aula ainda não ter começado.

- Da licença, porque o professor não está aqui se ja é sete horas ? - Disse Mia pra uma garota de óculos que estava sentada atrás dela.

- É aula vaga...
Ela respondeu e abaixou a cabeça.

Olhei pro Arthur e na hora começamos a rir baixinho.

- Mas alguns alunos ainda estão no pátio, o professor deve estar esperando eles virem pra sala.

- Ah sim.
Mia respondeu e abaixou a cabeça.

- Alice, vamos comigo ligar o ventilador ?

- Vamos sim.

Levanto e vou com a Mia até o quadro da sala. O ventilador ficava logo em cima dele, por isso peguei uma cadeira e coloquei pra ela poder alçancar o ventilador.

- Vê se consegue Mia, se não conseguir falo pro Arthur tentar.
Me virei voltando pro meu lugar.

- Parece que a cotonete ainda está por aqui..
Escuto uma voz grossa, sem dúvidas de algum homem, só poderia ser o..

- Bernardo, o que faz aqui ?
Mia encara ele enquanto ainda tenta ligar o ventilador.

- Estou a passeio cotonete.
Ele empurra mia da cadeira e ela cai.