Que a força do medo que vocês tem
Não me impeça de ser o que sou
Que a morte de tudo em que acredito
Não tape as verdades da minha boca
Porque metade de mim é o que eu digo
A outra metade é o que sinto
Que a música que ouço ao longo da vida
Seja linda ainda mesmo que cruel com suas verdades
Que a mulher que me gerou me ame pra sempre
Mesmo que diante da verdade que me fez partir
Pois metade de mim é partida
A outra metade é saudade
Que as palavras que falo
Não sejam ouvidas como uma ofensa aos meus pais nem repetidas com ódio e repudio
Apenas aceitas como a única coisa que me resta
Que resta a um homem inundado de sentimentos retraídos
Pois metade de mim é o que ouço
A outra metade é o que não falo
Que a minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que um ato de compreensão materna pode trazer
Que a tensão que me corroi por me esconder
Seja um dia desfeita com uma simples palavra
Porque metade de mim é a vontade de ser quem eu sou
A outra metade é o medo de me revelar
Que o medo da solidão se afaste
E o convívio comigo mesmo se torne mais forte a cada dia
Que o espelho reflita minha verdadeira essência
Que mesmo eu a escondendo ela sempre estará em evidência
Pois metade de mim é a lembrança de uma liberdade escondida
A outra metade é uma pessoa mais alegre retraida
Que não seja preciso mais do que um simples abraço
Pra me fazer aquietar o espírito de uma verdade secreta
E que as suas palavras não mate quem eu realmente sou
Pois metade de mim quer abrigo
E a outra liberdade