Capítulo 1 sem título

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história não betada

A história que vou lhe contar é muito simples. Tão simples que na verdade, talvez você já a conheça, repetida tantas vezes antes por tantos homens, mulheres...

Homens e mulheres que escutaram essa história ainda crianças, a repetiram para seus filhos... E óbvio, que aos poucos, ela foi modificada, os ensinamentos que queriam repassar, as novas experiências de vidae o sentimento de quem a contava.

Desde que o mundo começou a existir, segundo a fonte que me contou a história – minha mãe ou meu pai não a contaram, visto que haviam partido para o outro mundo, quando eu era uma criança, ainda inocente para os ensinamentos que necessitava saber para sobreviver, mas, isso é outra história– o mundo foi criado não por um deus, deusa, nenhuma entidade sobrenatural.

O mundo foi criado a partir de quatro elementos conhecidos – ar, água, fogo e terra, que combinados nas suas mais diversas formas, acabaram gerando outros tantos elementos... Oxigênio, nitrogênio, fosfato, carbono... Tantos outros que, combinados e recombinados acabaram dando origem a coisas diferentes.

Eu não vim aqui, para dissertar sobre o elemento primordial que acabou por dar o pequeno empurrão para que os elementos se juntassem e se reformulassem. Eu quero contar a estória, de quando os elementos conhecidos, foram aprisionados por magia e passaram a intervir na vida daqueles a quem criaram.

Há, você pode pensar. MAGIA? Quem é tolo para pensar em magia, hoje em dia? Ninguém é tolo... Pois lhe digo, caríssima pessoa, que esse também era o pensamento dos antigos reis, que tinham a sua fé inabalável em coisas que hoje sei, são efêmeras, passáveis na mais absoluta verdade.

Não sei o que você pensa agora, sobre esse tolo velho que fala com você, provavelmente um idiota fugido de algum hospício, só tem a dizer besteiras... Mas essas besteiras e sua crença nelas foi o que salvou a vida de muitas mulheres, de muitos homens amados por elas e de crianças, que tinham a fé nessas besteiras antes de tudo o mais...

Vou repetir, para que você grave bem. O mundo foi criado a partir de quatro elementos e esses elementos foram aprisionados por magia. Irônico, não? Que o que permitiu a tudo se expandir, que abriu o caminho para que tudo o mais fosse criado, também foi o que o prendeu.

Mas não sei se por destino, por obra de quem... Os quatro elementos foram presos em quatro pedaços mal feitos de carbono... Quatro pedaços de carbono, acabaram aprisionando a força primordial de tudo...

E os quatro elementos, acabaram transformando-se, na aparência, em quatro pedras preciosas, dispersas entre os quatro mundos. Ah, meu amigo, vejo seus olhos brilhando em minha direção... Realmente deseja saber sobre as pedras preciosas que contiveram os quatro elementos primordiais?

Rio da ignorância de nós, homens... Afinal, as quatro pedras foram dispersas, sim, mas não caíram em mãos masculinas, para serem cuidadas... Não. Elas foram dadas a quatro mulheres, excepcionais em seus talentos.

Óbvio que com o passar do tempo, as mulheres morreram. Ao morrerem, as pedras foram repassadas para outras mulheres... Às vezes, para as filhas delas. Mas geralmente, para alguém que apenas havia sido visto na fogueira na noite da lua vermelha, no ritual de escolha das novas guardiãs das pedras.

Deixe-me tomar um gole de vinho, meu amigo, para iniciar esse conto. Deseja saber do destino das pedras? Eu conheço apenas algumas das histórias que contam sobre elas... Se teu interesse está desperto, traga-me um pedaço de pão, permita que eu descanse em sua casa. Meus ossos velhos já não suportam mais os ventos frios que estão rugindo entre os espaços vazios, fora dessa modesta taberna.

Aliás, esse mesmo banco que você está sentado, serviu de assento para várias gerações de mulheres... Lembro-me em particular, de uma das mulheres guardiãs das jóias. Filha do irmão mais novo de um cruel rei, ela desconhecia o poder da pedra central, que enfeitava seu pescoço. Julgava que a pedra do fogo era um simples rubi, presente de uma ama.

A pedra do fogo havia sido colocada em um engate e dado a jovem, quando ela virou moça. Desse modo que as pedras devem ser passadas adiante. Disfarçadas.

Quando as pedras se encontram, a magia ocorre... E coisas inacreditáveis acontecem. Penso nas maravilhas que deve ter sido esse tempo, quando a pedra do fogo encontrou-se com a pedra da água. Elas encontraram-se, sim... E elas eram, acredite meu amigo... A magia aconteceu sob a forma de um casal.

E nesta ocasião coisas inacreditáveis aconteceram meu amigo... Embora não da forma que você talvez esteja pensando. Diga-me com sinceridade... Deseja realmente que eu lhe reconte as aventuras da neta da guardiã da pedra da água, que em seu próprio tempo, tornou-se a guardiã? E que como mãe, a guardiã da pedra do fogo? Cujas duas filhas, gêmeas, tornaram-se respectivamente, guardiãs das pedras da água e da terra?

Se sim, diga-me. E eu lhe contarei primeiramente, resumidamente a história de Roxana, a filha do ferreiro, que casou-se com um rei, não como ele a conquistou e cortejou... Mas sim, a história de como a rainha Roxana tornou-se a guardiã... E como depois dela, pela primeira e única vez, em toda a existência das pedras, a pedra da água teve um guardião, homem, até voltar para uma mulher, herdeira da responsabilidade de sua mãe.

Vou lhe contar a história de Xanos, pai das gêmeas... E garanto-lhe que minhas palavras confusas, farão sentido...

É uma história de amor. Mas o amor não é a mais poderosa das magias?

\.comqs



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