A ferreira

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Texto sem revisão. Eu agradeceria se alguém me dissesse o que está achando do texto...



                                                                A ferreira

Obrigado meu amigo, pelo acolhimento em sua casa. Fico satisfeito que o inicio de minha narrativa, tenha sido tão agradável a seus ouvidos, que você queira escuta-la, em todos os seus pormenores, no tempo de uma noite.

Deixe-me ver... O início aconteceu, quando... Ah, lembrei! Quando o casamento de Xerxes e Roxana aconteceu. Não pense que me demorarei, apenas darei uma breve pincelada, para que você entenda. Afinal, a chegada de umas das pedras mágicas a um local totalmente diferente do usual, a transferência da responsabilidade... Deveria ser sempre registrada para todos conhecerem exatamente como aconteceu... E não ser modificada conforme a vontade de quem conta.

O pai de Roxana era o ferreiro, do qual, inúmeros guerreiros, compravam suprimentos de guerra, incluindo Xerxes. O amor entre os dois, iniciou-se, como todas as estórias de amor, os trovadores, poetas dizem que iniciam-se: instantâneo, forte e extremamente duradouro.

A bela ferreira, depois do casamento, continuou a viver com o pai, enquanto Xerxes continuava sua guerra. Depois de alguns anos, o guerreiro voltou a sua ferreira, mas ele já era algo a mais...

O amor do grande ruivo pela morena, fez com que ele instalasse uma forja para que ela continuasse a trabalhar, conforme sua vontade. Não demorou para que a convivência gerasse frutos.

Roxana teve sua primeira e única gravidez, tendo dado a luz a um varão saudável, com pulmões que anunciaram sua chegada... O garoto era robusto como seu pai, embora tivesse as cores de sua mãe. Cabelos negros, olhos azuis...

A vida corria normalmente, a criança crescendo sob os olhos gentis de sua mãe, as mãos fortes e bondosas do pai, deixando que sua peraltice, demonstrasse o quanto era feliz.

Após alguns dias, que o jovem Xanos tinha completado seis anos, foi-lhe permitido ajudar sua mãe na forja. Roxana, tinha a mesma idade, quando seu pai lhe permitira adentrar na forja, para ajuda-lo, já que não possuía um filho homem.

Roxana tinha apenas a pretensão de ensinar seu filho, o manejo das ferramentas das forjas, visto que ao mesmo tempo, iniciava-se o treinamento para que o menino fosse guerreiro e a educação do menino para herdar o trono. Um pequeno acidente aconteceu, a criança na ânsia de agir igual a mãe e ao pai desta, cortou-se em um pedaço de metal, que, receberia o formato de uma espada. O sangue de Xanos tornou-se parte de uma espada.

A rainha ferreira quando via a espada, achava que algo faltava. Esse algo, inquietava-a, pois a desejava dar a seu marido, de presente. Quando pedia a seu filho, Xanos revirava os olhos, perante as dúvidas da mãe. Afinal, colocar rosas ou asas, fazer qualquer desenho na espada, faria que a espada deixasse de ser a espada do rei...

Roxana ficou durante semanas em dúvida, até um comerciante de pedras, chegar até ela. Enquanto o comerciante tagarelava com Xerxes e Xanos – Roxana tinha a espada escondida, esperando ser finalizada – a rainha, conversando com a esposa desse comerciante, bateu com os olhos em uma gema, aparentemente insignificante. Sem vacilar, estendeu sua mão direita até a pedra, tocando-a levemente.

Sentiu como se uma bola de luz, explodisse dentro dela.

- Mallac ma hall. – foram as palavras que seus lábios pronunciaram, sem pensar. Seu filho, que, acompanhava entediado a conversa dos adultos, naquele momento, endireitou-se, fixou-se na mãe, como se nunca a tivesse visto ou escutado antes.

- Ma hall. – a mulher sorriu. Tocou a mão da rainha, com a intimidade de quem havia percorrido um longo caminho para encontrar outra pessoa. – Gordisessu halan.

Aquelas palavras, que aparentemente, meu amigo, não eram palavras, significavam a simples troca da maior responsabilidade que um menino de seis anos poderia ver. Mallac ma hall, dissera a rainha, as palavras que significavam, na linguagem mais antiga do mundo, ignorando as regras gramaticais que haviam sido implementadas no decorrer dos séculos.

Sou a guardiã.

Ma hall, confirmara a esposa do comerciante. A guardiã. E acrescentara, fazendo com que a rainha, sentisse as pernas bambas. A responsabilidade é sua.

Perdoe-me, por acrescentar palavras para fazer sentido ao que elas disseram. Mas essas palavras, esquecidas desde o tempo das primeiras guardiãs, relembradas quando novas guardiãs tocavam pela primeira vez em suas novas responsabilidades, ficaram gravadas na mente e no coração do pequeno Xanos. A expressão ligeiramente assustada, que assumiu sua mãe, que tremia ao pensar no novo encargo que estava sendo confiada a ela, fez que o garoto compreendesse, que a partir dali, sua mãe, não seria apenas dele e de seu pai.

Ela estava sendo requisitada para algo maior, maior que eles próprios... E ela tremia, pois, havia apenas um lugar que, imaginava, poderia esconder a gema mais preciosa que poderia ser confiada a ela...

O cabo da espada, que ela sabia, não daria mais a seu marido...



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