Minhas memórias são artesanatos feitos a mão onde cada detalhe é único, incluindo suas imperfeições, se encaixa como um quebra-cabeças considerando que os pequenos detalhes são de tamanha importância quanto aos grandes, pois sem eles não existiria. As mentiras que me contou também fazem parte dessa composição, lembro de ter ficado com tanta raiva ao descobrir elas, mas, hoje vejo que bem-aventurados são aqueles que mentem, e felizes os que conseguem não sentir, embora eu saiba que quando deitávamos sobre o céu e imaginávamos o que tinha atrás daquela nuvem imensa tu estavas falando a verdade..., mas eu estava sentenciado a ficar sozinho sentindo o sol queimar a minha pele que estava escondendo impurezas de você que havia guardado em mim. Eu esperava que viesse juntar os restos de mim quando tudo acabasse, mas isso não aconteceu e, nem precisou porque hoje, hoje são só memorias, me perco nelas, mas os lampejos de realidade vêm cada vez com mais força num crescente imparável, depois de tudo isso eu ainda me pergunto se as mentiras eram as peças grandes, ou pequenas do quebra cabeça. Mas hoje você pode vir me visitar pois sou igual você, não preciso contar as verdades nem ao menos sentir algo, embora eu confesse que ainda penso em velejar contigo em direção ao horizonte até o mundo se dobrar, eu posso lhe servir um café e te contar mentiras que aprendi, meu coração funciona bem melhor agora e talvez eu faça o mesmo com você, te faça viver momentos felizes e mentirosos mas não, não se preocupe pois se você explodir ou o sol te queimar também, eu te visito e junto os pedaços que te sobrarem.
