Capítulo I

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Lá estava eu, lembrando de novo, pensando de novo... Mais uma noite sem dormir! Suas palavras não me saiam da cabeça, seu olhar ao me revelar um sentimento que eu jurava não existir mais naquele coração fechado, duro e frio. Mas ele tinha dito, não tinha? E não só com palavras, mas também com gestos, com seu olhar. Ele me amava! Mas ele nunca vai cansar de me confundir, não é mesmo? Suspirei. De que adianta me amar, e me ignorar sempre que tento falar com ele?, pensei enquanto bufava e cruzava mais os braços, para me esquentar.

- Já chega, Hermione Granger! – sussurrei para mim mesma – Você não vai chegar a lugar algum se continuar pensando nele ou no que aconteceu antes do Confronto Final.

Levantei-me da cama, coloquei um roupão por cima do meu pijama de flanela e depois de colocar pantufas fofas e quentes, desci para o salão comunal e me sentei no sofá de frente para a lareira, que se acendeu magicamente. Minha mente estava distante novamente... ela estava há três anos. Antes do Grande Conflito que destruiu Lorde Voldemort e trouxe a paz para o mundo bruxo e trouxa novamente. Numa noite tão fria quanto está...

"Eu sai correndo da sala comunal da Grifinória, com lágrimas nos olhos, depois de ver a nojenta da Lilá Brown beijar o Rony. Como você é idiota, Hermione!, meu subconsciente fez questão de jogar na minha cara, Realmente achou que o Rony poderia gostar de você? HÁ-HÁ!. Bufei. Claro que bufei por pura manha afinal, meu subconsciente estava certo, como na maioria das vezes. Depois de tanto correr, cheguei à torre de Astronomia. Ótimo! Pelo menos aqui poderei ficar sozinha., pensei e me sentei na varanda, deixando que as lágrimas descessem livremente pelo meu rosto, molhando meu cachecol. Perfeito! Porque exatamente estou chorando? Já não sinto mais nada pelo Ron! Não faz sentido...

- Acho que estou chorando pelo simples fato de até o Ron ter alguém e eu continuar aqui, sozinha – mordi meu lábio e voltei a chorar mais. Eu ficaria sozinha para sempre!

Depois de um tempo, eu observei o céu e notei que já estava escurecendo. Suspirei.

- Há quanto tempo será que estou aqui? – perguntei para mim mesma, coçando os olhos.

- Já faz algum tempo – congelei ao ouvir aquela voz rouca e grave. Merda! – Mas eu devo admitir, senhorita Granger, achei que jamais a veria chorando novamente por causa daquele garoto.

- P-P-Professor Snape! – Me levantei terminando de secar os olhos e o encarei. Mil vezes merda! – Como sabe o motivo do meu choro?

- Elementar, minha cara Granger – ele revirou os olhos. Claro que citar Sherlock Holmes ajuda em tudo. Pelo menos ele conhece Sherlock Holmes!, disse meu subconsciente e eu o mandei calar-se. – Estava fazendo a ronda pelos corredores e vi o senhor Weasley e a senhorita Brown se atracando – ele franziu o cenho, provavelmente por se lembrar da cena, o que me fez soltar uma risadinha. É impressão minha, ou o olhar dele pareceu... feliz, ao me ouvir rir? Com certeza é impressão sua, sua LOUCA!. Obrigada subconsciente. – Enfim... – ele continuou falando, depois de um leve balançar de cabeça – Depois de ver aquela cena, encontrei o senhor Potter te procurando pelos corredores. Foi só juntar um mais um.

- Certo – respirei fundo. – Então, creio que é melhor eu voltar para o meu dormitório.

- Para que a pressa, senhorita? – ele ergueu uma sobrancelha e eu olhei para o lado de fora da torre, onde o céu estava estrelado e uma lua extremamente brilhante se fazia visível bem na nossa direção.

- Já está tarde, senhor – olhei para o chão. A verdade é que eu não queria ter que voltar para o meu dormitório. Pelo menos não essa noite!

- Alguma vez, já te contei, que sou ótimo com Legilimência? – congelei outra vez. MERDA MERDA MERDA MERDA MERDA milhões de vezes MERDA!

- N-Não... – mas é claro que eu sabia. Harry tinha praticado com Snape a Oclumência no ano passado, um método de combater a Legilimência, que é a arte de ler a mente das pessoas e acessar memórias. E claro que agora, Snape sabia que eu sabia apesar de ter negado que sabia e... Deixa pra lá! – Quer dizer, sim. Sim, eu sabia – suspirei, me sentindo uma tonta.

O silêncio que se seguiu não foi incomodo, por incrível que pareça. Na verdade, foi até agradável. Dei um leve sorriso e ergui meu olhar para ele, que, por mais incrível que pareça (e parecia incrível), estava com um meio sorriso nos lábios.

- Você tem uma mente muito interessante, senhorita Granger – eu corei e abaixei a cabeça, erguendo-a de novo ao ouvir passos. Ele estava se aproximando! – Não se preocupe. Ninguém jamais saberá o que acontecer aqui esta noite.

- Professor, e-eu... – respirei fundo e me forcei a falar como uma pessoa normal, e não como uma idiota que só gagueja – Eu não acho que seja justo que leia minha mente, enquanto eu não posso ler a sua.

- Realmente... – ele pareceu pensar – É injusto. Porém... – Droga! Realmente achei que ia dar certo. Ele deu risada. Opa! Peraí! Ele não deu risada... Ele gargalhou! Algo inédito em todo o mundo bruxo. Não pude deixar de sorrir – Porém... – ele repetiu, depois de controlar a risada – eu nunca fui muito justo com a senhorita.

Arregalei os olhos e pisquei seguidas vezes, incrédula. Tudo bem, que era verdade... Mas mesmo assim! Ele admitiu! Ok, subconsciente... Você está filmando isso? Porque é algo que provavelmente nunca mais vai acontecer! Novamente ele riu.

- Me desculpe – Anotou essa, subconsciente? – Não lerei mais sua mente.

- Obrigada! – sorri e voltei a me sentar na varanda, olhando para as estrelas.

Logo ouvi passos vacilantes, como se ele ainda estivesse decidindo se se sentava comigo ou se ia embora. Eu venci! Logo ele estava se sentando ao meu lado e olhando para a mesma direção que eu.

- É lindo, não é? {...}"



Malfoy ou Snape?Onde histórias criam vida. Descubra agora