Um aroma doce e refrescante estava espalhado, me chamava a atenção. De repente percebo que alguém tenta colocar em minha boca. Eu bati a mão e tentei abrir os olhos, era a avó de Sustam, que tentava me dar um pedaço de sua torta de limão. Realmente, era saboroso. Pedi desculpas e ela disse:
_Não tem problema Ashken, você desmaiou, está fraco e sei que adora essas tortas, então eu fiz algumas - Disse ela, e me lembrei que ela costuma fazer bastante, e às vezes nos entrega em casa.
_Dulce? Quantas tortas fez hoje? - O nome dela é Dulce. Eu queria levar alguma para a viagem.
_O bastante para a vila toda, e para você levar, vai precisar. - Só não me assustei, porquê acostumei com isso.
_Com certeza, fico grato... mas... quem era a garota que... - Eu tentava lembrar as feições dela, mas nem a vi direito.
Neste exato momento, Lárissa entra no quarto que estávamos. Ela tinha um gato estranho com ela, o corpo era alongado e um pouco redondo. Também tinha costeletas como as minhas, e tinha algo na cabeça que parecia cabelo amarrado, e aparentemente, alguém colocou uma luva com garras em sua pata.
_Ashken! Você acordou! Olha, esse é o Perror. Minha irmã... achou kkkk - Ela olha para ele, e dá um sorriso, e volta em minha direção - Pode dar o nome que quiser.
_Pera, mas o nome dele não é Pe... Perror? - E olhei para ele, e começou a abrir a boca e bocejou com sua voz fina.
"Peeeerrr"
_Está com sono, fofinho? Quer ficar com o Ashken por enquanto? - E sem que ele fizesse algo contra, ela o pôs perto de mim.
Eu estava deitado, mas dava para acariciar seu pelo, e por curiosidade toquei a ponta da cauda dele. Era real, achei que fosse uma luva, ou algo assim. Fiquei com medo, mas ele era tão macio, e dormia tão calmo perto de mim que quis pegar ele para mim. Mesmo que eu não soubesse o que ele era, decidi perguntar.
_Dulce? Ele é um gato? - Parecia uma pergunta muito boba.
_Sim e não. Ele é um monstro em forma de gato. Emira faz pesquisas sobre esses monstros dela... - Dona Dulce levanta e sai do quarto e passa para o que parecia com uma sala. Percebi que ainda não vi lá por fora, e nem as casas dos elfos.
_Lárissa, sua irmã tem monstros? Como ela conseguiu? - Tentei levantar, mas fiquei tonto.
_É uma longa história, algum dia você pode saber direito - Disse, abaixando a cabeça.
_Mas, como este pode ser um monstro? Ele é tão fofo! - E abracei ele, e sua cauda balançou em mim, me dando calafrios.
_Emira descobriu quando éramos pequenas, e alguns podem se tornar parceiros nossos, criando um vínculo. Capaz até de sabermos as habilidades que eles tem - Ela pegou o Perror, e pediu para dormir um pouco.
~É fascinante! Será que vou conhecer mais monstros desses? Quero saber como ela conseguiu eles. Mas parece ser algo triste pela expressão que Lárissa e Dona Dulce fizeram. Caso eu achar mais, quero saber mais sobre eles, talvez tenha a ver com o que Hades me disse "Impere num novo lugar, uma utopia".... Mas que lugar seria esse? Se deduzi certo, deve ser de onde eles vem. Pois monstros não existem, e se não existe é uma utopia. Eu vou ter um Império?~
Já estava tarde, e acordei, consegui levantar e atravessar entre os cômodos da casa, que tinha paredes de tom amarelado, cheio de minúsculos furinhos. o chão era macio, os cômodos eram redondos. Tentei lembrar do que seria esta casa, e não consegui. Tentei chamar as fúrias, imaginei elas perto de mim, sussurrando, mas não aconteceu nada. Eu vi que tinham pequenos cogumelos encrustados no chão. E logo, comparei entre a casa e estes cogumelos. Sustam vivia dentro de uma casa de cogumelo, elfos são engenhosos. E enquanto tentei tocar a parede, alguém vinha:
_Que gato! Ops!! Kkkkk - Era a loira que eu vi antes - Oi, sou a Emira.
_Oi, kkkk, tomei um susto - Ela realmente é bonita, seu cabelo loiro e trançado, bem diferente do de Lárissa. Fiquei encarando ela por um tempo, e ela corou, e corei também - Sou Ashken, prazer em conhecê-la.
_O prazer é todo meu - Disse fazendo reverência, segurando seu vestido - É... o que você está vendo Ashken?
_Essa casa é de cogumelo? É perigoso? - Perguntei.
_É feita de cogumelo de magia, apenas os do chão são cogumelos mesmo - Respondeu, olhando fixamente em minha direção.
_Hum, e você sabe tanto e tem tão pouco tempo aqui! - disse admirado.
_Sim, gosto de saber das coisas. Descobrir, e achar algo para estudar - deu um sorriso de lado, ela sorri como eu. E retribuí com um sorriso de lado também.
~Eu e Emira conversamos sobre o gato Perror. Ela descobriu uma maneira de trazer monstros do futuro, segundo ela. Me mostrou uma espécie de tela. E me lembrou o sonho que tive. Ela era a garotinha feliz, a que inventou algo para surpreender a mãe. Mas ela não tinha aquela luminária maluca por perto, possivelmente um monstro. Eu havia decidido também um nome para o gato... digo, o Perror. Ele se chama a partir de agora, Domi. Combinei com a Emira de procurar os outros~
O pessoal estava no lado de fora, perto do imenso pasto onde ovelhas corriam ou dormiam naquela brisa. Haviam várias mesas de madeira, e bancos, um banquete em cada, com tortas de limão, morango, maçã e outras mais. Tinha saladas de vários tipos, carnes e legumes, ensopados, e sobremesas que piraria qualquer um de vontade. Sentei perto de Sustam, que espetava pedaços de queijo de seu prato. Ele me recomendou pegar algo que chamam de "pedra doce", mas não parecia uma pedra, era uma fruta caramelada, mas tinha umas pedrinhas presas nelas, caldosas e crocantes.
_Ash, tava tendo uma conversinha com Emira não foi? Kkkk - Ele riu, voltando com a brincadeira.
_Bem, só não faço nada com você porque foi mesmo - eu disse, lembrando de minha conversa com ela.
_O que vocês conversaram? - Sus perguntou, mostrando-se curioso.
_Suuuus! Mas tudo bem, conversamos sobre as casas daqui, onde ela morava, e o Perror - Sorri para ele, mostrando que foi uma conversa normal.
_E qual o nome que você deu para ele? - perguntou.
_Domi. De Dominação, Emira disse que Perror pode dominar poderes que tem relação com animal - Eu contei enfim, foi algo difícil de entender, mas os monstros que ela traz tem poderes de dominar.
_Ela disse que vai achar outro Perror, ele não poderá ir com nós - Sustam disse triste e deu uns tapinhas em minhas costas.
Voltamos a comer. Dali eu pude ver, em outra mesa, Lári, Yan e Emira. E em uma mesa próxima tinha o garoto do colégio. Eu nunca lembro o nome dele, mas se está aqui é um elfo também ou uma visita apenas. Todos conversavam de modo agitado e alegre, e uma das fúrias aparece e sussurra: "Mestre, anda perigosa, por aqui. Aquela que você deve manter ou expulsar".
E vi formando pelo chão, uma trilha de pedras roxas que levavam para a frente da Vila, por onde entramos, as casas eram afastadas, dava para ver daqui. Parece que vi alguém. Esperei um pouco e um clarão azul veio de uma casa dos elfos feita de grades e pedras grandes e cinzentas. O garoto que eu tentei lembrar o nome, também viu... e correu com um arco e flecha.
_Aláx! O que foi? - Pergunta Dona Dulce.
_Preciso ir, o Cristal Azul! Vai ser roubado! - Gritou ele.
Corri com ele até lá, vi uma garota de vestido preto e azul, e cabelo longo e vermelho jogado nas costas, era a Mellanie. Não poderia ser outra pessoa. Aláx pegou seu arco, antes de mirar disse "Téleia Plégma", apareceu uma flecha metálica e brilhante, possivelmente conjurou "Grade perfeita" em grego. Pois ela emitia uma sombra de grades em todas direções. Isso me surpreendeu, mas Mellanie disse:
_Esse cristal vai ser meu! E NINGUÉM! NINGUÉM VAI ME IMPEDIR DE PEGÁ-LO.
Do chão saíram faíscas rosas, ela se assustou. Aláx se preparou para atirar e soltou a flexa. Ela tentou se proteger com os braços. Ao tentar fazer este movimento, cresceram grandes cristais rosas de onde vinham as faísca, estilhaçando a flecha em míseros pedaços até sumir.
_O que foi isso? - Perguntou Mellanie.
