cap. 2 Monstros de verdade

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No caminho da escola eu contei ao Sustam todo o sonho, e ele me disse que a avó dele - esperei isso - sabia bastante coisa sobre ele, e que uma vez contou a ele, sobre os Três Grandes. Segundo a história, são filhos de Cronos (um titã que dominava a agricultura e o tempo, possuía uma foice como arma letal, separava o corpo da alma) e Réia. Após Zeus derrotar o seu pai, e ter salvo seus irmãos de seu estômago, houve um acordo entre os três mais velhos: Zeus, Poseidon e Hades. Cada um dominara e imperaria uma área.

Eu não entendi muito, mas eu gostei do fato de eu estar meio que envolvido nessa história.

As sombras voltaram e dessa vez mais fortes e Sustam viu elas, e chegou à ficar mudo e me apertar dizendo:

_ Ash... Ash... o que é isso? - Eu gostava quando ele me chamava de Ash, me lembra o meu anime preferido, nós dois éramos dois grandes fãs, apesar de parecer estranho às vezes, é legal.

_ São sombras, antes eram mais fracas... Não fazem nada. -Disse meio confuso, e o Sus estava muito confuso também. Até ouvir um barulho- Hei, está ouvindo?

No exato momento em que eu disse isso apareceu uma forma estranha e horripilante que não tinha olhos, parecia um cachorro, mas não era como os normais, era quase um alienígena, com uma mandíbula enorme e unhas grandes, e começou a nos farejar. As sombras atacaram ele, antes que ele nos atacasse.

Depois disso, percebi que me protegiam, e não fariam nada além de defender... e sibilaram algo como "uma besta". Eu e Sustam disparamos em corrida direto à uma esquina. Vimos um garoto e disse:

_Olha que cachorro feio!

"Entrem nessa rua e levante às mãos com força, Senhor"- sibilaram direcionando à mim. Fiquei surpreso com o tratamento.

Fizemos de acordo com o falado, mas a rua eram um beco sem saída e escuro, em pleno dia, levantei as mão e nada...

_ Ashken, precisa concentrar e confiar nelas... a besta está atrás de nós... literalmente! -Sustam gritou, vi que estava com tanto medo quanto eu.

Fiz de tudo quanto possível, até que queimei em um fogo azul e branco, nos incendiando. Tive medo, mas nos deixou dentro da sala de aula ainda ilesos.

"Garoto de Hades, você é esperto"- sibilaram e sumiram, foi a primeira vez nossa "comunicação".

A sala estava vazia, ufa! Acho que está cedo demais, e estou cansado. E não estou com curiosidade de entender porquê eu me queimei em fogo, e muito menos o motivo de ser caçado por uma besta...

_ Hahaha, foi assustador ver uma "besta" atrás de nós e sumirmos no fogo celestial.... ops... -disse Sustam

_ Fogo celestial?

_ Sim... ai, minha boca grande. Eu li uma vez sobre dons, é uma bênção dos anjos... mas você não é filho de Hades?! - falou isso com uma expressão de dúvida, olhou em direção às sombras esperando resposta.

"Ele não é uma personalidade malvada, elfo"

-Nossa! Meu amigo é um elfo! gótico!

"Calúnias e boatos são criados, os humanos não conhecem a verdade, e tentam imitá-la, criar algo para acreditar e explicar"- as sombras me interrompem.

_ Como assim imitá-la?!- perguntei às sombras, é estranho... nem dá pra vê-las direito.

"Vocês saberão! São doze divindades, e há uma ligação com o Senhor da verdade e da criação, e com a forma divina dos deuses, só o merecedor da benção pode ver" - lá vem, parece um enigma...

_Eu nunca vi aquele animal! Digo, monstro. E o que tem um elfo gótico? Temos personalidades igual vocês.

"As Bestas, só aparecem quando um semideus se descobre. Por que o cheiro... ah, o cheiro é bom, mas é mais forte quando é um filho dos três grandes. Bem, deu a nossa hora, humanos estão vindo"

Estavam certas, nossos colegas entraram, e pude ver uma garota que me chamou a atenção do outro lado, em frente à nossa sala. Tinha um cabelo grande, e algo preso nele. Me olhou como se eu fosse uma coisa sem importância ou valor... OK, já acostumei.

Sustam olhou para ela e eu tentei ver a sua orelha, normal... ele pode ser um elfo?

_ Ash, desculpe por... por não contar que sou um elfo - ele disse abaixando bem a voz, acho que ele não queria divulgar para todos. - Vou te contar coisas sobre minha família depois, agora teremos aula.

~Agora estou ligando os fatos. Se vai contar algo sobre a família dele. Pode ser que seja o verdadeiro motivo de que a avó dele não goste de visitas! Deve ser maravilhoso o lugar onde moram~

Elfos, achei que fossem baixinhos e tal. Mas não, são como os humanos, não tem uma altura específica. Possuem aldeias divididas por famílias, cada família exerce entre uma e duas funções na sociedade: guerreiro, caçador, comerciante, músico, cozinheiro, professor, pastor (de gado), minerador, e estas coisas.

Disse também que os guerreiros, são treinados desde que entram na adolescência. Intercalando entre aulas de estratégia e prática. São treinados com a arma que lhes dão confiança e liberdade. Sustam gostaria de lutar com lanças, mas ele não é da família de guerreiros.

À tarde ajudamos minha mãe na arrumação dos móveis, que estavam empoeirados. Depois, fomos aos deveres de escola. E quando acabamos, conversamos sobre as coisas loucas que a avó dele tinha, desde artefatos antigos à poções. Ela era uma artesã mágica.

_Foi com a sua avó que aprendeu essas coisas? -perguntei afinal.

_Sim e não. Umas coisas sim, mas sobre anjos foi em um livro que achei na capela. É um livro encantador, ele tem difícil compreendimento, mas é verdadeiro e misterioso- e pela cara que ele fez, deve ser um livro importante, se não, não teria falado mais baixo.

_Como é o livro? -acho que ele está falando da Bíblia.

_É um encapado de couro, as folhas são macias, está escrito em élfico. Mas uma parte... em uma língua que não conhecemos.

_Talvez um dia descobrimos. Hoje vi monstros de verdade! Foi um dia cheio.

~Quero descansar, quero calmaria! Devo ter medo do que vem? Ou avançar enfrentando o que vir? Não desisto fácil das coisas. A não ser que seja uma tolice tentar. Não é tolice tentar conhecer esse novo mundo... e... o que é utopia**?~



**utopia:qualquer formação imaginária de uma sociedade ideal, baseadas no o bem-estar da coletividade ou de um único. Algo irreal, mas que monta ideias fantasiosas, sendo particular ou coletivo.

HadipesOnde histórias criam vida. Descubra agora