"Uma história é uma reconstrução problemática e incompleta do que não existe mais. A memória é um fenómeno atual, um elo vivido no eterno presente. Uma memória é eterna. A história é uma representação do passado."
Então, esta não é a minha história. São as minhas memórias.
O meu nome é Hanna. Não sou igual ás outras todas, por isso por enquanto imaginem como sou. Tenho 20 anos e não acabei a escola. Digamos que o destino interviu na minha vida... Sou completamente desiquilibrada, mas ao menos afastei-me da coisa que destruiu a minha vida. A droga.
(Flashback)
Estava na escola, início do 10° ano.
A maioria dos meus amigos já tinham experimentado aquelas coisas que se andavam por aí a distribuir.
Eu era uma miúda responsável, por isso mantive-me longe daquilo. Era Canabis, e eu não a queria fumar nem nada disso.A minha melhor amiga na altura era a Leslie,uma rapariga loira de olhos azuis, linda de morrer e que arranjava quem quisesse, mas mesmo assim nada lhe chegava. Ela começou a incentivar-me e a chatear-me para eu experimentar, até que um dia lhe fiz a vontade.
Foi o pior erro que já alguma vez cometi.
Viciei naquilo e estraguei a minha vida.
Fui para fora de casa porque não queria seguir as ordens dos meus pais. Estava farta das rotinas constantes e como estava viciada eles queriam manter-me em casa para me afastar daquilo, mas eu não queria. Então desapareci completamente.Lentamente ao longo daqueles anos eu fui recuperando e larguei aquela porcaria sozinha. Não sei bem porquê, mas sabia que aquilo não era vida de jeito.
O problema foi quando me deparei com a realidade...aquela merda estragou-me a mim, ao meu corpo, à minha vida e às pessoas que estavam perto de mim.
A Leslie foi presa e os meus pais não aguentaram tudo o que estava a acontecer. Ver-me assim destruiu-os e não saber onde eu estava fez ainda pior.
Eles atiraram-se do 6° andar dum prédio e morreram, segundo o que me contaram quando voltei à cidade.
Então quando voltei a casa, à minha casa em Helsínquia, na Finlândia, voltei para uma casa vazia.
Já tinham passado 2 anos, mas o raio da casa não deixava fugir o cheiro intenso do perfume da minha mãe.
Abri as janelas para entrar ar e limpei a casa que estava cheia de pó e teias de aranha.
Depois fui tomar um banho, que foi de água fria pois as contas do gás, da luz e da água não eram pagas à séculos. Mas felizmente esqueceram-se de fechar a canalização da água e assim esta ainda corria, só que estava gelada. Sinceramente até me soube bem, estava a precisar de refrescar as ideias. Aquela casa traz-me muitas recordações, e soube bem abstrair-me disso durante um bocado.
Saí e sequei-me com a primeira toalha que me apareceu à frente.
Depois vesti-me e saí para ir pagar as contas com o dinheiro que tinha no banco (o da herança).Aquelas ruas tinham sempre um nevoeiro que não deixava ver muito mais do que 5 metros para a frente e uma brisa fria que enchia a alma, arrefecia a pele e apaziguava a dor.
E foi aí que vi aquele edifício à minha frente.
Escola...Nunca cheguei a acabar a escola.
E estava ali, à minha frente, a chamar por mim.
Era início de setembro, ainda ia a tempo de me inscrever...e foi o que fiz.
As aulas começavam no dia seguinte, então fui comprar o necessário e preparei tudo.
Saí para comprar comida, e daquela vez apetecia-me comida chinesa. Quando cheguei a casa paguei netflix e meti-me a ver um filme de comédia enquanto comia. Cuspi-me toda de rir... Ultimamente só vejo filmes de comédia. Acho que se calhar é porque já estou farta de chorar...
Enfim, comi e vi o filme.
Mas estou com sono e vou dormir para o quarto dos meus pais. Ainda não tenho coragem de entrar no meu quarto, não sei do que tenho medo mas é uma sensação estranha.
Deito-me na cama e tapo-me com o lençol. Estou quase a adormecer quando subitamente começa a chover. Serei a única que ama o som da chuva a cair?
Talvez sim, talvez não, mas sei que mexe comigo ouvir o barulho das gotas a baterem no toldo da varanda da vizinha de baixo. Em segundos, adormeci a ouvir aquela melodia que tanto me conforta.
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Toxic
Teen FictionOdeio-me. Por minha causa e das minhas drogas, os meus pais já não são vivos. Pelo menos eu pensava assim. Ele entrou na minha vida e mostrou-me porque esta fazia sentido. Mas no fundo era tóxico para mim. Tal como as drogas, ele também tinha o p...