unum

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Boa leitura ♡
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Apesar da boa convivência entre os espécimes, suas "casas" eram divididos da mesma maneira que as mesas para refeição: Cada prédio, uma espécie.

Louis tinha acabado de levantar, esticou seu corpo de todas as formas possíveis e caminhou lentamente até o banheiro. Por um momento, parou em frente ao espelho e ficou se encarando enquanto mudava sua forma para todas as suas variações possíveis. Olhou pra baixo e deixou o riso escapar, enquanto abria seu armário para pegar sua escova. Parece piada, pensou, somos seres tão fantásticos e temos de viver nos escondendo.

Olhou em seu pequeno calendário preso a geladeira: Uma semana até seu cio. Aula de agilidade hoje, terça-feira. Respirou fundo e preparou seu café, seguindo para a sala e a observando, em busca de algum resquício de novidade - e se frustrando logo em seguida, enquanto comia seu froot loops sem qualquer animação. Caminhou até a grande janela de sua sala, observando todos lá em baixo e depois subindo seu olhar até onde ele o podia alcançar e ali enxergava os muros que cercavam todos ali, sentindo seu estômago embrulhar ao saber que a cada segundo um ser igual a ele estava sendo levado para além daqueles portões não para conviver harmoniosamente com os humanos, mas para experimentos e mais experimentos, como ratos em um laboratório, da mesma forma que ele foi levado diversas vezes ao longo de seus 20 anos.

O barulho na porta o fez sair de seus devaneios. Respirou fundo e deixou a tigela quase que vazia no balcão de sua cozinha, pegando uma camiseta qualquer por ali. Olhou pela pequena abertura: Amanda.

Abriu a porta e a encarou, deixando seu olhar correr por toda a extensão do corpo esguio de Amanda e, se não fosse por seu longo rabo de onça-parda e seu temperamento, ela poderia facilmente se passar por uma humana (era o que a garota mais desejava, e invejava seu irmão por ele ser uma pessoa normal). Louis a considerava uma de suas melhores amigas.

- E ai, L - Amanda abriu um sorriso, acompanhado por belas covinhas abaixo de sua boca e belos caninos afiados - Vai me dar passagem pra entrar ou vou ficar esperando aqui?

- Desculpe. - Falou simplesmente, dando passagem pra loira entrar. - O que você quer?

- Ver minha pessoa favorita no mundo, é claro - Respondeu a garota, abrindo a geladeira - Você precisa ir no mercado.

Nós não somos pessoas, podemos muito bem caçar como os animais que somos.

- É, vou passar por lá depois do treino.

- O que é hoje?

- Agilidade. E você?

- Mutação - Revirou os olhos - Como se eu não soubesse quanto tempo consigo ficar em minhas formas. Ai. Meu. Deus! Você viu quem voltou? - Amanda perguntou, olhando pra tela de seu celular.

- Quem? - Louis respondeu, com pouco interesse, enquanto jogava sua tigela na pia, pouco se importando em lavá-la.

- Sarah.

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Fala sério, você não cansa, não? - Stan, um aracnídeo, falava, ofegante. Para Louis, os aracnídeos eram os mais estranhos de todo aquele lugar.

Louis não respondeu, apenas piscou e deu um sorriso, correndo e se metamorfoseando em cheetah, apenas para se exibir por ser o mais rápido ali. Gostava de saber que suas habilidades muitas vezes superavam outros, como os próprios aracnídeos, por conta de sua velocidade e facilidade em transformações. Ele só perdia quando a aula era de escalada, nisso ele fracassava.

Mestizo // h+lOnde histórias criam vida. Descubra agora