PRIMEIRO DIA DE AULA

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Primeiro dia de aula, hoje foi um dos piores dias da minha vida, mudei de cidade, antes morava com meu pai no interior do estado, agora... moro com uma vagabunda que se intitula minha mãe. Confesso, nunca fui fã de português, sempre colei nas provas, nunca liguei para gramatica e sempre quis sair da escola. Então não irei escrever muito bem, ou melhor dizendo, eu sou uma bosta nessas coisas.

Voltando ao assunto, hoje foi meu primeiro dia de aula, minha mãe preparou o café, comi e fui para escola. O ônibus passa em frente à minha casa todos os dias as sete da manhã, confesso que fiquei um pouco perdido hoje, mas logo vou me acostumar.

Eu sou gay, mas não muito afeminado, tenho medo do que as pessoas possam achar, tenho medo da minha mãe não gostar, enfim. Na minha escola tinha uns garotos muito bonitos, os jogadores de futebol, MEU DEUS... eram de tirar o folego.

Na minha sala tinha um menino que eu acho que também era, ele não parava de me olhar... ele era tão bonito, tinha pele clara, cabelos amarronzados e olhos castanhos. A primeira aula foi de matemática, meu professor não gostou muito de mim, ficou de marcação comigo no primeiro dia, naquela escola o primeiro dia era conhecido como o dia da revisão, então víamos matérias do ano passado para fazer um nivelamento com a matéria que devemos aprender neste ano. Então, adivinhe? Quem foi o primeiro a ser perguntado e responder errado? "Eu, eu mesmo, euzinho, olha eu aqui...". Bom, quem se fodeu? Eu mesmo querido diário... acabei discutindo com o professor porque ele fez piadinha com a minha resposta e fui parar na coordenação.

Hora do almoço... foi nesse momento que eu me senti no pior dia da minha vida. Todos na escola fazem uma fila para pegar o almoço, na primeira parada se pega uma bandeja, nessa bandeja é colocado o prato com a comida na segunda parada e a sobremesa com o suco na terceira parada. Como em todas as escolas tem sempre a mesinha dos valentões na hora recreio. Pois é, eu estava indo sentar na mesinha do canto que estava vazia e o Alex, o mesmo menino da minha classe, colocou o pé na minha frente e bem, eu fui de encontro ao chão com a minha bandeja. Naquele momento eu queria morrer, queria desaparecer, todos estavam rindo a minha volta, isso nunca aconteceu comigo, mas como meu pai morreu, tive que me mudar para essa merda de lugar. Mas eu não sumi e nem desapareci, fui direto até a coordenação, se lá me encheram o saco por que briguei com um professor de merda. Por que não poderiam dá uma punição para aquele filho da puta?

A Sr. Annalise, era uma mulher dura, não tolerava qualquer tipo de baderna dentro do ambiente escolar, por isso todos os alunos tinham medo dela. Depois que nós tivemos nossa conversa sobre o ocorrido no refeitório ela conversou com o Alex e deu-lhe uma suspensão de 3 dias, ou seja, ele faz com que eu fique sem almoço e simplesmente, vai para casa, ficar sem fazer nada e eu aqui, estudando...

Faltavam exatamente dez minutos para acabar aquele dia na escola, minha mãe resolveu ir me buscar de carro, a Sr. Annalise conversou com ela sobre o que eu fiz como professor de matemática.

Já no caminho de casa minha mãe me contou que minha irmã estava em casa, ela veio com o namoro, os dois estão fazendo faculdade em New York, e eu aqui... tentando sobreviver. Fazia tempo que eu não a via última vez, foi no velório do papai... diário, você é meu único amigo, eu sinto tanta falta do meu pai, da família que tínhamos. Hoje minha mãe não é mais a mesma, ela tenta não transparecer a falta que ele faz, mas não consegue, não tem como não sentir falta do papai...

Bom, agora é hora de ir dormir, esse foi meu primeiro dia na escola, espero que eu consiga fazer amigos naquele lugar, sou um pouco antissocial. Mas acho que um, ou dois amigos eu consigo fazer, então é isso.

Boa noite, querido diário.



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