Violet

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-Tchau mãe! Tô saindo! - Gritei, ela desceu as escadas rapidamente e me deu um beijo na testa.
- Tchau filha. Boa sorte. Vai com Deus.
- Obrigada. Amém.
Saí de casa toda atrapalhada com uma mala vermelha e minhas fantasias na mão, fui até o local da apresentação e entrei no camarim com meu nome gravado na porta e deixei minhas coisas, fui olhar o palco e passar a minha coreografia uma vez. Voltei para o camarim e sentei a poltrona felpuda que havia lá, então meus olhos se encheram de lágrimas, eu não podia deixar de pensar que eu iria decepcionar todo mundo, isso era uma competição e na minha categoria havia a melhor bailarina do mundo, Alex Roth, a variação do Cisne Nego era o papel dela, ninguém poderia fazer melhor. Quando a academia na qual eu represento me escolheu para o papel de Odette (Cisne Branco) eu concordei sem hesitar, mas agora eu estava com medo, competir com a Alex era impossível. Fiquei sentada por um tempo, chorando e pensando no quão lindo seria o meu fracasso. Quando faltavam apenas 30 minutos para começar as apresentações eu levantei e fui comprar alguma coisa para comer, no meio do caminho ví que a porta do camarim da Alex estava entreaberta e decidi espiar, foi quando ouvi ela balbuciar "Eu sou o Cisne Negro, sou segura, uma bailarina perfeita", ela falava como se quisesse se convencer disso, como se estivesse com medo... Peguei meu celular e liguei para a floricultura pedi que me mandassem um buquê de rosas vermelhas e pedi que o motoboy trouxesse champanhe. Tudo foi deixado no meu camarim.
Faltavam 100 coreografias para a minha, então fiz a maquiagem e fiquei de sutiã, meia calça, sapatilhas e sunquini, já que o meu figurino ficava incomodando. Quando eu estava me aquecendo ví Alex se preparando para entrar no palco, ela estava concentrada, mas eu sabia que não estava tão confiante. Eu sabia que deveria falar alguma coisa então soltei um "Boa sorte" que saiu como um suspiro inexpressivo e frágil. Alex se virou e eu me encolhi atrás do cabide de figurinos.
-Não vais vestir tua fantasia?  Vais subir ao palco assim? - Estranhei o vocabulário extremamente culto, mas cada louco com a sua mania, né?!
Senti a vista ficar embaçada pelas lágrimas.
- É que ela piníca- Ela me olhou com desprezo e respondeu com um seco "Acostume-se".
A coreografia dela foi anunciada, então fiquei observando-a, as plumas negras dançando com o vento, seu corpo flutuando na ponta dos pés...A Odila perfeita...
Corri para o vestiário, troquei de roupa e deixei os presentes no camarim da Alex, quando eu estava voltando para a cochia alguém esbarrou em mim e quase me jogou no chão. Me virei pra dizer "Olha por onde anda!", mas quando vi quem era só consegui falar um trêmulo "Cuidado". Então minha coreografia foi anunciada e Alex ficou sem reação quando percebeu que eu era o Cisne Branco e disse baixinho:
- Não acredito...
- Acredite - Respondi rindo, não era exatamente engraçado, mas eu costumava rir por nervosismo.
Saí dando leves pulinhos numa corrida silenciosa para chegar ao palco. A minha coreografia é forte e triste, ms era difícil manter a concentração sabendo que a Alex estava me assistindo, eu sabia disso porque no canto dos meu olhos eu conseguia ver as pedrinhas do tutu dela cintilando.
Quando saí do palco eu estava chorando muito, essa coreografia me deixava a flor da pele, mexia com meus sentimentos. Fui até o camarim trocar de roupa e pegar alguns lenços de papel para secar minhas lágrimas, então vi uma rosa com um bilhete escrito "Vou te esperar pra tomar o champanhe comigo". Nesse momento meu coração disparou, meus olhos brilharam, eu fiquei sem saber o que sentir. Por volta das 2:00am a competição acabou e eu fui beber com meus amigos, passamos a noite toda curtindo e dançando. Nem lembro como cheguei em casa.

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⏰ Última atualização: Sep 22, 2016 ⏰

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Com amor, Cisne BrancoOnde histórias criam vida. Descubra agora