A despedida

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          Dezoito anos mais tarde. 10 de janeiro. 

         O ponteiro marcava nove horas da noite, Elizaberth já estava deitada, ela sempre gostou de ir mais cedo para cama, para ficar sonhando acordada. Essa era sua última noite em Acres Green, ela não queria ir embora, deixar a cidade em que viveu por dezesseis anos não seria fácil, ela gostava de sua rotina, da escola, dos amigos, e amanhã tudo não passaria de boas lembranças, teria que dar adeus ao garoto que gostava, ah Scott, se ele soubesse o quanto ela estava sofrendo, a perdoaria pelo término do namoro, e Caroline? Não conseguiria viver sem a melhor do mundo, ela tinha oferecido a Elizabeth um lugar na casa dela, chegou a pedir de joelhos para que a mãe e o pai da amiga a deixasse ficar, mas as duas sabiam que não iria adiantar.

         Elizabeth Jane Conan, mais conhecida como Liza, era uma linda jovem de dezesseis anos, loira dos olhos castanhos e um sorriso encantador, uma cópia perfeita de sua mãe, Jane, tanto na aparência quanto na personalidade, seu pai, Mike, já tinha cabelo escuro e olhos castanhos escuros, era um homem brincalhão, sério nos momentos precisos, Liza o julgava um ótimo pai. Ela e sua família iriam pegar um avião no dia seguinte no fim da tarde para São Paulo, até lá, ela pensou em passar o dia inteiro com Caroline, tinha certeza que seus pais iriam deixar.

          Eles estavam se mudando porque seu pai conseguiu uma promoção "imperdível" no trabalho, já estava tudo pronto, cidade nova, casa nova, escola nova... Vida nova.

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11 de janeiro

         Liza acordou bem cedo para aproveitar suas últimas horas em sua cidade natal. Vestiu uma camiseta preta, um short jeans básico e calçou seu tênis bege preferido. Seus pais ainda estavam dormindo, então tentou ser ligeira para não acordá-los.

Ela estava prestes a sair, quando bateram na porta, quem seria a essa hora?

—Scott?! — Ela estava surpresa, muito surpresa, eles tinham terminado há uma semana, e desde então não se falaram uma só vez. Ele havia ficado muito magoado e com raiva dela, mas foi o melhor a fazer, ela não gostava da ideia de ter um relacionamento a distância. O que será que ele queria?

—Estava saindo?

—Sim, eu ia me encontrar com a Caroline.

—Ah, me desculpa, eu volto depois então.

—Não! Quero dizer, imagina, não precisa... Scott a interrompeu:

—Me perdoa? — Liza sorriu.

—Scott, você não precisa pedir perdão.

— Preciso sim, fui um idiota, por minha culpa perdi uma semana inteira da minha vida. Eu te amo Elizabeth!

          Ela também o amava e não queria deixá-lo. Seus olhos se encheram de lágrimas e seu rosto ficou vermelho.

—Não chore Liza... Vem, vamos dar uma volta.

         Ela não falou mais nada, apenas segurou na mão de Scott e se deixou levar, era tão bom estar com ele novamente.

         Eles caminharam até uma praça próxima a casa dela, de manhã tudo era muito quieto e deserto, o lugar lembrava um jardim, em cada extremidade havia um espaço gramado com moitas e flores variadas. Vários bancos brancos estavam bem distribuídos pela praça, havia pelo menos cinco lixeiras por toda a parte, e em um dos lados havia uma banca, e o lugar que Liza mais gostava de ficar era no centro, onde fica um coreto, não muito grande, mas era bem aconchegante. Eles se sentaram dentro do coreto vazio, um de frente pra o outro.

A SalvaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora