Eu já estava me sentindo um pouco melhor quando acordei, mas ainda me sentia humilhada, como Matt pôde fazer aquilo? Como ele pôde deixar aquele idiota me tratar daquele jeito ? E ainda rir da minha cara? Eu sentia raiva. Levantei da cama e fui até o corredor lentamente, a casa estava silenciosa, senti um aroma gostoso de café, desci e avistei ele descalço e de abrigo, sem camisa e com os cabelos castanhos molhados. Bufei, tentei sair sem ser notada, mas não consegui.
- Sam? - ouvi a voz calma dele.
- O que é? - o encarei irritada.
- Podemos conversar ? - ele parecia triste, mas eu não ia me deixar levar por aquela carinha ridiculamente linda.
- Não. - andei em direção ao quarto mas logo senti ele segurar meu braço com força, soltei um grunhido de dor e ele me largou.
- Desculpe! - a raiva tomou conta de mim, ele realmente achava que um pedido de desculpa me faria esquecer tudo que ele fez ? Pois ele estava muito enganado!
- Você só pode estar brincando! Acha que um pedido de desculpa vai melhor tudo? - cruzei os braços enquanto o encarava.
- Não custa tentar. - ele sorriu.
- Você é um idiota, um babaca, um escroto! Eu odeio você! - disse inojada.
Passei a tarde trancada no quarto, não queria nem olhar na cara dele. Lá pelas sete da noite ouvi risadas, não acreditei que eles estavam ali outra vez, mas me recusei a descer. Uma hora depois minha fome era gigantesca, exatamente como minha curiosidade, desci para buscar algo para comer e me deparei com aquelas cinco babacas. Eles estavam jogando videogame e bebendo, os ignorei totalmente, peguei tudo que achei de bom na cozinha e levei para o quarto.
Depois de horas sozinha, resolvi conversar com algum amigo, e já sabia quem.
- Alô ? - Dylan atendeu animado.
- Dylan? Quanto tempo!
- Nem me fale Sam! Estou morrendo de saudades!
- Eu também! Quando você vem pra cidade?
- Na verdade já estou aqui! Pensei em ir te ver, mas não tive coragem...
- O QUE?! Está esperando o que? Vem logo pra cá! - disse animada.
- Tem certeza ?
- Dylan! Você é meu melhor amigo, não te vejo a seis meses e você ainda tem dúvidas? VEM LOGO!
- O.k. estarei aí em dez minutos!
Não pude acreditar que veria meu melhor amigo outra vez, seis meses é muito tempo pra nós. Nos conhecemos desde pequenos, quando minha mãe morreu e meu pai se mudou pra cá foi ele quem me fez companhia na escola, depois que nos formamos no fundamental ele se mudou, não nos falamos a dois meses. Perdemos contato, ele parou de ligar, eu vivia ocupada, acabamos nos afastando, mas eu sentia muita falta dele.
Vesti algo melhor e voei para a cozinha para preparar algo pra nós.
- Hum, cheiro bom. O que está fazendo ? - ouvi a voz do amigo de Matt atrás de mim.
- Não é da sua conta! - disse sem olhar pra ele. Continuei a mexer os ovos.
- Não precisa dessa grosseria... quer que eu peça desculpas ? Eu peço! Desculpa? - ele me encarou debochado.
- Vá para o inferno! - bufei.
- Ah eu vou... mas levo você junto!
- Saia daqui! Não quero queimar os ovos... Os seus ovos! - sorri sarcástica e revirei os olhos. Ele me segurou forte e me virou pra ele.
- Sabe, eu adoro uma menina difícil! E braba então... Nossa! São as melhores. - ele sorriu malicioso. Senti nojo, raiva, tentei me soltar mas ele era mais forte.
- Me solta! - disse brava.
- Ou o quê ? Só estamos nós dois aqui, os meninos dormiram e seu irmão foi tomar banho, não precisa mais bancar a difícil gata!
- Eu mandei me soltar idiota! Qual o seu problema ? - me debatia tentando me livrar dele, mas ficava cada vez mais difícil me movimentar com ele segurando tão forte.
- Escute aqui sua vadiazinha - ele puxou meus cabelos e segurou meu pescoço me sufocando - melhor você calar a boca ou eu
- Larga ela! - ouvi Matt dizer furioso, caí no chão quando o garoto me soltou, respirava fundo sentindo as lágrimas molharem minhas bochechas. Matt socou o garoto e logo os dois brigavam como dois lesões disputando a presa, os outros garotos, ouvindo os barulhos e gritos, vieram correndo para separar, um deles correu até mim, me ajudou a levantar.
- JÁ CHEGA! - gritei, atraindo a atenção pra mim, os garotos se soltaram e Matt correu em minha direção - SAIAM DAQUI! TODOS VOCÊS! AGORA! - os garotos notaram minha voz trêmula e raivosa, pegaram suas coisas e foram embora.
- Você está bem? - ele perguntou sentando ao meu lado no sofá.
- É claro que não! A culpa é sua! Você me humilhou na frente daqueles idiotas! Você fez ele pensar que podia me tratar assim, você mesmo me tratou assim! EU NÃO ESTOU NADA BEM! - as lágrimas não paravam de escorrer, meu coração estava apertado, sentia meu peito se mover rápido de mais.
- Eu sou um idiota, eu sei disso! - ele tinha uma expressão triste e cansado - Mas eu estava bêbado, eu mal sabia o que estava fazendo... Me desculpa Sam?! - aqueles lindos olhos verdes me encaravam brilhantes, quase me convenceu.
- EU TE ODEIO! - gritei com raiva, ouvi a campainha e corri, abri a porta e lá estava Dylan que logo desfez o belo sorriso ao me ver. O abracei forte e chorei.
...
- Não acredito que ele fez isso. Eu sempre achei ele babaca, mas não sabia que chegava a esse nível! - Dylan estava perplexo.
- Nem eu. Eu só quero esquecer isso. Me conte alguma novidade. - deitei minha cabeça nas coxas dele.
- Bem... não sei se você está pronta pra isso... - ele bufou.
- Como assim? Eu sou sua melhor amiga, você pode me contar tudo! O que foi? - ele desviou o olhar para o teto.
- Olha, eu não sei como contar isso... - suspirei.
- Respira, conta até três e diga rapidamente. Como nos velhos tempos! - dei de ombros e ele sorriu.
- É que isso é muito complicado! Vamos mudar de assunto, outra hora te conto com calma! - ele sorriu.
- Dylan! - o encarei séria.
- É sério! Não quero falar sobre isso ainda... por favor...
- Tudo bem. - bufei - Mas agora estou curisosa!
Passamos horas conversando até que o celular dele tocou. Ele correu para o corredor para atender, estranhei já que não tínhamos segredos, mas ignorei. Logo ele voltou com uma expressão triste.
- Precisa ir? - ele acentiu - Tudo bem. Pelo menos matamos a saudade! - sorri.
- Agora é sua vez de ir me visitar! - disse serrando os olhos.
- Claro! Prometo que vou te ver!
- O.k. antes de voltar eu passo aqui novamente! Se cuida, te amo!
- Tá bom! Te amo! - nos abraçamos e ele foi embora. Ele estava diferente, mas eu não tinha certeza do por quê.