Já se passara dois meses, esperávamos que eles voltassem logo, mas os dois foram seguindo e nenhuma notícia chegava, o que nos preocupava, até que numa quinta feira meu pai finalmente me ligou.
- Pai? Finalmente, estamos preocupados! Está tudo bem ?
- Está sim. Nós resolvemos ficar mais algum tempo, assim que puder eu ligo de novo. - sem me deixar responder, ele desligou.
- Quem era? - ouvi Matt perguntar, ele passou por mim e se jogou ao meu lado no sofá.
- Meu pai. Eles vao ficar mais tempo lá. Não aguento mais... - bufei.
- Até parece que ficar só comigo é chato... - ele sorriu.
- Claro que não é chato Matt, é insuportável! - levantei dali irritada. Esses meses tem sido péssimos, Matt não para em casa, e sempre que vem pra cá ele traz alguma "amiga", já estava cansada de ficar sozinha. Dylan não atendia minhas ligações, eu desisti de tentar depois de um mes.
Uma hora depois...
- Ei - ele entrou em meu quarto - vou dar uma festinha, virão alguns amigos aqui, os mesmos de sempre. Você vem, ou vai se trancar no quarto de novo? - bufei, não podia me esconder para sempre em meu querido quarto, uma hora teria que viver.
- Eu vou. - suspirei, ele sorriu.
- Tá bom. Vou precisar da sua ajuda para organizar tudo. - bufei.
- Para que mais eu serviria ? - perguntei irônica.
- Para nada além de me servir. - Ele gargalhou e saiu do quarto.
Fui me arrumar, tomei um banho, vesti algo sensual, resolvi que iria beijar algumas bocas hoje. Calcei meus chinelos e fiz um coque em meus cabelos, desço para a cozinha e alguns garotos já estão carregando caixas de bebidas. Encaro Matt e vou abrindo os pacotes de salgadinho e os colocando em uma tigela, comi alguns enquanto ajeitava tudo. Assim que o pessoal começou a chegar, Matt ligou o som, a música com batidas rápidas e alegres ecoou pela casa e logo notei alguns corpos se movimentando e indo para a sala, que logo se tornou uma pista de dança improvisada.
Me sentei na bancada da cozinha observando todos, pareciam felizes, bebendo e conversando, senti um pouco de inveja, logo avistei Matt, agarrado naquela loira outra vez, senti uma pontada de raiva, mas ignorei, bebi todo o conteúdo no meu copo e fui para a "pista". Comecei a dançar, um pouco desajeitada e sem ritmo, mas logo peguei o jeito. Rapidamente eu já estava alegre e dançante, senti mãos envolverem minha cintura e quando me virei dei de cara com um garoto loiro, ele sorriu, ele pedia permissão com os olhos e eu sorri e acenti. Dançamos até cansarmos e logo fui buscar outra bebida, ele me seguiu.
- Meu nome é Henry, e o seu ? - questionou com a boca próxima de meu ouvido.
- Sam. - sorri.
- Você é irmã do Matt, né? - Ele me encarou curioso.
- Infelizmente. - dei de ombros, ele gargalhou.
- Concordo. - Ele sorriu.
- Se não gosta dele, por que veio em uma festa dele ?
- Porque eu sabia que você estaria aqui. - sorri envergonhada e ele se aproximou.
- Vamos voltar pra pista... - tentei sair dali, mas ele se posicionou em minha frente me impedindo.
- Vamos, sabe que quer isso... - Ele aproximou a boca da minha.
- O que sei é que você está bêbado, agora saia! - tentei o empurrar mas novamente fui impedida, ele pressionou seu corpo contra o meu me fazendo bater as costas na geladeira.
- Estávamos tão bem ali... Por que parar agora ? - perguntou me roubando um beijo do qual não retribuí.
- Por que eu disse que não quero! - logo senti uma ardência em minha bochecha, ele me batera, aquele filho da mãe!
- Você não tem escolha! - Ele segurou meus braços tão forte que doía, senti o medo percorrer meu corpo e uma onda de raiva me inundar.
- Me solte ou - Ele me interrompeu.
- Ou o que ? - sorriu maldoso - Vai gritar? Fazer birra ? Ou vai chorar ? - Ele aproximou os lábios de meu ouvido e sussurrou - Ninguém vai te ouvir aqui princesa, a música está alta e metade da festa está chapada e a outra metade está transando, somos só nós dois... - Ele me beijou enquanto eu lutava para me soltar, sentia um medo gigantesco e muita raiva, tentava gritar mas ele não deixava, tentava me soltar mas ele era mais forte, logo suas mãos desceram até meus seios, os apertando e acariciando, senti uma repulsa enorme, tentei me soltar mas outra vez ele me estapeou.
Logo senti ele ser arremessado para longe de mim, vi seu corpo cair no chão, mas não perdi tempo e corri para longe, a porta de meu quarto estava trancada, então corri para o quarto de Matt. Me joguei na cama e chorei, mais do que qualquer outra vez. Me sentia aterrorizada, sozinha, sentia uma dor horrível em meu rosto, meus pensamentos a mil, meu corpo tremia por conta dos soluços do choro, logo senti uma mão tocar minhas costas e levantei rapidamente, fui para cima e dei tapas e socos na pessoa, mas ela logo segurou meus braços.
- Shiiiiiii... Calma Sam! Sou eu, olha! Olha pra mim! Sou eu, Matt! - Ele me segurou pelos braços e me sacudiu, assim que vi seu rosto desabei a chorar outra vez. Ele me envolveu nos braços e beijou o topo de minha cabeça, de uma certa forma ele me fez sentir segura, de um jeito que nem eu sabia como ou por que.
- Por que ? Por que isso acontece comigo ? O que eu fiz ? Primeiro você me humilha e depois aquele seu amigo idiota e agora esse babaca! O que eu fiz pra merecer isso ? Eu me sinto um lixo! - disse aos prantos. Me sentia realmente um lixo, todas aquelas vezes que fui humilhada, tocada, agredida, apertada, obrigada a beijar pessoas que eu não queria, aquilo era horrível.
- Ah Sam... - a voz dele era tão melancólica que levantei os olhos, e então meu coração disparou. Uma lágrima solitária escorreu de seu olho, ele suspirou pesadamente e fungou - Você não sabe o quanto eu sinto raiva de mim mesmo, do que fiz, do que causei, do que não impedi... agora tudo que eu quero é te proteger! - Ele caiu de joelhos em minha frente, as lágrimas ainda escorriam por minhas bochechas, mas agora eram por causa dele. Logo ele chorava como um bebê, me ajoelhei em sua frente, toquei seu rosto com piedade.
- Matt... - sussurrei, ele me olhou de uma maneira diferente, como se carregasse um peso tão grande que mal conseguisse respirar.
- Eu me odeio! - Ele chorava, meu coração se despedaçou quando vi as lágrimas dele. Não pude evitar de me jogar em seus braços, o abracei o mais forte que consegui, mas ele não. Ele apenas chorou, por longos minutos ficamos ali. Até que nossas lágrimas secaram, aí ele me abraçou.
- Matt... - sussurrei outra vez.
- Por favor, quando você puder, me perdoe, eu prometo que vou te proteger sempre, nunca mais serei um idiota! - Ele me soltou e encarou-me nos olhos.
- Está tudo bem. - sorri fraco.
- Ah Sam... - Ele encostou sua testa na minha e suspirou, fechei os olhos e abri um pequeno sorriso. Ficamos em silêncio por mais alguns minutos, mas logo ele voltou ao normal. Levantou se desculpando novamente e saindo do quarto, eu não entendia como ele conseguia ser assim, uma hora estava chorando feito um bebê e na outra age como se nada tivesse acontecido. Eu estava confusa, e surpresa, voltei para meu quarto e me deitei, precisava descansar.
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Um Caminho Sem Volta
Roman d'amour"Você nunca sabe onde suas escolhas vão te levar. "