Meu mordomo é um nefilim

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Um barulho lá em baixo fez com que Salomon soltasse Suury e fosse olhar quem estava entrando na casa.

_Você novamente! Já não lhe disse para ficar longe daqui seu cretino! -disse o homem colocando o casaco e o chapéu no cabide.

_É assim que você trata seu velho amigo? 

_E desde quando nós somos amigos seu nefilim imundo?

Nefilim?  É difícil ver o rosto do homem apenas com a claridade da lareira.

_Ballberith nós éramos muito próximos no passado -Salomon descia as escadas de braços abertos para demonstrar paz. 

Suury continuava no quarto encostada na extremidade interior da porta morrendo de vontade de espiar.

_No passado, mas depois você destruiu a minha casa, roubou a minha mulher, esteve a todo esse tempo ao lado dela vendo a mesma morrer e ainda quer ser meu amigo? 

_Sua o que? -eu precisei sair do quarto, pois pelo o que eu tinha entendido ele estava falando da minha mãe. 

Salomon olhou para mim no topo da escada com raiva por eu ter saído do quarto.

_Você... Leela...  -disse o homem de cabelos vermelhos escuros na altura do pescoço. Seus braços eram fortes, a barba bem feita e atrativa, com um bigode ralo envolvendo a altura de seu lado superior, sua fala foi tão delicada que me pareceu simpático

_Quem é Leela? -Questionei enquanto Salomon me empurrava para trás de seu corpo.

_Leela foi a mulher mais bonita que eu já vi em toda a minha vida e esse seu cabelo longo e negro é tão bonito como o dela foi um dia.

_Salomon do que ele está falando? -perguntei tentando empurrar o braço dele

_Calada! 

_Salomon deixe-a... -disse o homem subindo a escada bem devagar, ao se aproximar ele olhou fixamente para Salomon o fazendo sair de minha frente.

_Você não me contou que isso havia acontecido. -disse o homem acariciando meu rosto, é claro que me afastei.

_Por que Leela me pediu sigilo. -disse Salomon olhando para ele com um olhar indecifrável.

_Do que exatamente estão falando? -perguntei entrando cada vez mais para o quarto a medida que aquele homem se aproximava.

_Ela se parece muito com a Leela. Tem a boca rosa e carnuda como a dela. 

Ele estava se aproximando demais de mim, eu estava prestes a ficar prensada na parede, mas rapidamente Salomon surgiu em minha frente e o empurrou.

_ É a minha responsabilidade protegê-la, você não vai encostar esses dedos nela, ouviu? -disse Salomon olhando fundo nos olhos do homem. 

Confesso que isso me deixou um tanto quente, digo no sentido bom, fiquei com vontade de abraçar aquelas costas largas tapadas pela aquela blusa branca, mas esse pensamento foi ridículo da minha parte porque estava claro que ele fez isso por motivos óbvios, ele deve ter feito uma promessa para minha mãe, aquilo não era extinto ou vontade extrema de me proteger era uma fodida promessa.

_O rato torna-se homem. -disse virando as costas para Salomon e saindo do quarto.

_Você está bem? -Salomon virou-se para mim olhando em meus olhos, quase cai naquilo, mas apenas afirmei com a cabeça e sai do quarto também.

Suury ficou sentada no sofá enquanto Salomon dizia centenas de coisas para Ballberith.

Pensando nas coisas que viu no quarto resolveu ir até o carro e pegar a caixa, mas não estava mais lá. 

_Por que a trouxe para cá? -perguntou Ballberith com desinteresse.

_Eu não tinha para onde leva-lá, uma hora ou outra vão encontra-lá.

_Aquela idiotice de profecia...

_Eu estava lá naquele dia, eu já sabia o que iria acontecer. -disse Salomon o cortando.

_Não me diga, clarividência? -disse Ballberith com ironia.

_Não, eu havia escutado uma conversa entre os anjos da potestade.

_Se ela é filha da Leela... Vou protegê-la. -disse ele saindo da cozinha.

_Ela não vai querer isso de você. -disse Salomon o seguindo. _Afinal, o que pretende com isso?

_O mesmo que você. Ela é a chave. 

_O mesmo que eu? -questionou Salomon intrigado.

_Suury? Salomon, ela não está aqui. -disse Ballberith ao pisar na sala.

Salomon subiu as escadas correndo para procura-la, mas não a encontrou em nenhum dos quartos. Eles procuraram pelos fundos da mansão e até mesmo nos arredores, mas não obtiveram nenhum sinal de Suury.

_Como ela pode ter ido embora? Isso é culpa sua. -disse Salomon segurando na gola da blusa de Ballberith.

_Minha? -Ballberith soltou uma gargalhada assustadora fazendo Salomon soltá-lo.

Salomon abriu a porta e do lado de fora respirou fundo tentando concentrar-se no cheiro adocicado do perfume de Suury. Ele olhou para a floresta atento e correu para o meio dela.

Na mansão Ballberith movia as mãos perto da lareira e o fogo ia tomando a forma de um carro, pessoas estavam se aproximando dele, quem estava dentro começou a gritar... O fogo se apagou. 

_Suury... Pegaram ela. -afirmou ele em voz alta para o nada.

Ballberith pegou o telefone e fez uma ligação.

_Não me venha com essa desculpa de que ela sumiu! -disse a voz feminina e completamente irritada do outro lado da linha 

_Não é desculpa, eu só...

_Você a teve em mãos e a deixou escapar, como posso confiar em você de novo?

_Você... Sempre vai confiar em mim, de novo e de novo até o fim dos tempos.

_Bom, se prepare, pois está próximo. -e a mulher desligou o telefone sem esperar a resposta de Ballberith, sem deixá-lo demonstrar alguma forma de afeto por mais falsa que fosse.

Ballberith saiu da mansão e já sabia onde poderia procurar Suury, mas não precisou porque Salomon estava saindo da floresta com ela no colo.

_Como você... -Ballberith não conseguiu terminar a frase após ver o rosto de Salomon sangrando.

Suury estava desmaiada e pálida, bem mais que o normal.

_Aconteceu aquilo? -perguntou Ballberith

_Aquilo o que?

_Você sabe Salomon...

_Eu simplesmente a encontrei desacordada na floresta.

Ballberith revirou os olhos e bufou.

 As faíscas nunca mentem, mas a pergunta que não quer calar é: Diante de tanta gente querendo colocar as mãos em Suury quem seriam aqueles? Será que aquilo foi um alerta para o que acontecerá em um futuro próximo?

_Ballberith?

_Hm? 

_Ela não acorda. -disse Salomon olhando com tristeza para o rosto de Suury.

Eu a beijaria nesse momento, mesmo com os lábios sem cor e com o cabelo despenteado. Eu com certeza a beijaria, mas por que estou a pensar nisso?

_Ballberith pare de olhar para ela assim. Isso aqui não é disney, então não será um beijo que irá acordá-la. 

Ballberith saiu da sala e foi até o banheiro no cômodo de cima, pegou um vidro de álcool misturou com um pouco de gasolina e encostou no nariz de Suury.



Suury e a origem dos nefilinsOnde histórias criam vida. Descubra agora