Suury estava debruçada em um caixão preto de madeira antiquada, ela não chorava apenas olhava os pingos de chuva cair, seu mordomo segurava o guarda-chuva preocupado caso ela se molhasse, pois o mesmo é bem zeloso.
_Salomon pode me deixar sozinha um pouco...
_Não posso sair do seu lado, não agora -Salomon estava com firmeza na voz, disposto a ficar doente por estar tão ensopado, tudo isso para deixar Suury feliz e confortável.
_Eu ficarei bem, são só alguns pingos, a chuva não me fará mal.
_Eu não irei sair daqui -ele continuou com sua firmeza e seu ar de dureza.
_Salomon eu estou te implorando, não... Eu estou ordenando, saia daqui! -Suury gritou com aflição em sua voz.
Salomon por sua vez, deixou o guarda-chuva com ela e saiu do cemitério.
De todos os sofrimentos que eu poderia ter, esse é o pior. Já foram tantas decepções, tantas magoas, tantas traições, tantas lágrimas, tanto vazio, mas esse é o maior de todos. Você não deveria ter simplesmente me deixado aqui.
_Não deveria ter ido embora! Não deveria!
Eu não vou entornar uma lágrima sequer, você provocou isso, eu procurei todos os médicos desde a Inglaterra ao Brasil, eu tentei de tudo, mas você não. Poderia pelo menos ter pensado em mim e no que eu iria sentir após voltar da França com um médico especializado e ver você exposta ao sol com os olhos fechados e a boca entre aberta, pele pálida e mãos gélidas.
Você quis abandonar este mundo e eu não entendo porque. Você me parecia tão feliz, sorria tão plenamente, até mesmo aproveitou o máximo do verão comigo. Não consigo entender....
Salomon se cansa de ficar esperando naquela chuva, volta ao cemitério e puxa Suury pelo braço.
_O que está fazendo seu idiota?!
Salomon nem se quer responde, continua a arrastando para o fim de todos aqueles túmulos.
_Salomon me solte agora!
O grito de Suury fez com que os corvos saíssem das árvores onde se escondem, voaram pelo céu fazendo o lindo nublado se tornar negro.
_Ah corvos são tão lindos - Suury disse encantada com o que via.
_Salomon eu não vou falar outra... -Salomon parou e a soltou, ficou olhando para o nada até que se ajoelhou cabisbaixo. A ação de Salomon fez Suury se levantar e ficar na frente do mesmo.
Suury segurou o rosto de Salomon com as mãos, seus olhos negros estavam cheios de lágrimas retidas por uma barreira de vergonha, seu cabelo castanho estava brilhando por causa dos pingos de chuva.
_Salomon, não chore, o sofrimento é infinito tente se acostumar. -Suury era completamente fria quando se tratava dessas coisas, mas no fundo seu coração estava desesperado, mas ela mantinha toda a calma.
Salomon não conseguia nem ao menos olhar Suury nos olhos, ele apenas se concentrava nas poças formadas pela chuva.
_Seus olhos são negros como um corvo. -disse Suury se levantando.
Suury seguiu em frente até o carro e Salomon continuava lá ajoelhado.
Salomon voltou para o carro constrangido, mas não demonstrava isso continuava com sua feição séria e fria de sempre.
_Para onde vamos senhora? -perguntou ele com sua voz tensa e grave.
_Você é tão idiota me chamando de senhora, eu já lhe disse -revirou os olhos.
_É questão de princípios. -disse Salomon ligando o carro
_Você acha que um dia voltaremos para visita-la? -perguntou Suury
_É só um corpo velho, a alma dela não se encontra mais ali. -Suury poderia até ser fria, mas Salomon era muito mais.
No fundo Suury era uma menina frágil, sempre foi desde criança, mas a puberdade começou e ela precisou ser forte com toda dor e sofrimento que lhe sondava. A fase adolescente é uma das piores, diversas emoções juntas ao mesmo tempo, milhões de decepções, trilhões de responsabilidades.
_Salomon o que está esperando?
_A senhora me dizer para onde vamos.
_Vamos a qualquer lugar, desde que não seja para aquela casa caindo aos pedaços.
_Ela estava pensando em reformá-la, ela me falou muito sobre a cor da tinta que queria usar no banheiro... E
_Cale a boca! -Suury não queria ouvir mais nenhum comentário sobre sua falecida mãe.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Suury e a origem dos nefilins
ParanormalSinopse: "É difícil crer no que não se pode ver, atos sobrenaturais por exemplo, mas o que está diante dos seus olhos também é difícil de crer, tens o mundo em mãos basta saber se irá destruí-lo ou lutar contra a destruição dele, é o seu destino e f...