Ponto fraco

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– Pai? - Tom avista um homem barbudo em meio a multidão da feira, o homem olha nos olhos do jovem, seu semblante assustado é visível antes dele se virar e correr para longe de Tom, ao mesmo tempo ele corre também e se perde das vistas de Emily ao adentrar na feira novamente. A ruiva grita seu nome, mas é ignorada, ele continua sua perseguição atrás do homem e Emily a segui-lo. De repente Tom para no meio da feira, olha em todas as direções contudo não avista mais o homem. Então Emily o alcança.

– O que houve?

– Era o meu pai, eu o vi!

– Como você o viu? Está ficando maluco?

– Não, eu sei o que vi!

– Para com isso, vamos temos que voltar para a loja da Kerina. - Emily tenta pegar em sua mão porém o jovem se recusa desconfiado. Ele pega uma adaga e a coloca entre as pernas de Emily, então ele levanta a adaga cortando-a ao meio. O choque no rosto de Emily é evidente, entretanto mesmo cortada ao meio ela sorri e então começa a se desfazer em tinta. O chão se abre e logo Tom começa a cair em um precipício de emoções, pessoas com diversos traços emocionais passam por ele, todavia ele fecha seus olhos e inclina seu corpo para o fundo até chegar em terra firme sem ao menos um arranhão. Diversas portas saem do chão formando um corredor imenso a sua volta, assustado ele tenta correr para um lado, porém todas as portas se abrem ao mesmo tempo e vários homens idênticos ao que se encontrava na feira correm na direção de Tom até soterrá-lo, fazendo-o acordar assustado e suado na cama de Kerina.

– Contou a ela? - Diz Tom se levantando da cama e confrontando Emily.

– Era a única forma de testar os seus limites!

– Você não tinha esse direito, você sabe que esse é uma lembrança que detesto recordar! - Ele grita.

– E você acha que elas não sabem disso? Você acha que elas não vão vasculhar sua mente até achar seu ponto mais fraco e usá-lo contra você? - Emily rebate.

– Já chega. - Diz Kerina colocando a mão nos ombros de Emily como sinal para que ela se afaste. - Tom, seu treinamento está demorando muito, você está confiante, mais esperto, contudo ainda há lacunas em sua mente que precisam ser exploradas. Quanto melhor você conhecê-las, mais fácil será de controlar seu dom e impedir que usem-no para o mal.

– Eu estou dando o meu máximo, mas estou cansado, estamos a cinco dias neste treinamento. - Diz Tom se sentando na cama.

– Eu sei, não é um treinamento fácil, mas você precisa entender que estamos prestes a enfrentar uma guerra e ainda nem sabemos o porque, ainda nem sabemos a origem dos seus poderes, precisamos entender sobre esse acordo e o que querem de você para podermos ter uma chance nessa batalha.

– Eu sei, eu só.

– Tudo bem. – Kerina o interrompe, vamos fazer uma pausa. Emily, leve-o para casa, e mantenha a cautela.

– Eu virei babá agora. - Diz Emily baixo enquanto tenta pegar a mão de Tom, mas ele se esquiva. Eles caminham até a casa de Tom em silêncio, até que Emily quebra o gelo. - Você não deveria estar com raiva de mim, fiz para o seu bem.

– Você não tinha o direito de mexer nessa lembrança.

– Eu sei. - Ela puxa ele pelo braço e olha em seus olhos. - Tom, você é uma pessoa muito importante para mim, eu não quero que nada lhe aconteça, como a Kerina disse, quanto mais rápido você aprender, mais fácil ficará para você se proteger.

– Eu sei. Só não foi legal ver ele depois de tanto tempo, acho que descontei em você.

– Tudo bem.

– Mas até que você está se saindo bem em seu treinamento. Você melhor muito nesses dias de treinamento. Como você sabia que não era eu ali no sonho? – Diz ela pegando em seu braço e caminhando junto a ele.

– Sua mão, não estava tão macia. – Ele ri.

– Seu idiota. Vamos vou cozinhar algo para você.

– Não, obrigado! - Ele ri novamente

– O que? Eu cozinho bem tá. - Ela também ri e os dois continuaram a caminhar até chegar a casa de Tom.

– Não precisa ficar de babá Emily.

– Você ouviu aquilo? Eu só falei aquilo porque a Kerina vive me dando ordens.

– Mesmo assim, elas não aparecem a dias, não acho que vão arriscar ainda mais sabendo que estou treinando.

– Tudo bem, mas qualquer problema você sabe que posso abrir uma porta e chegar aqui.

– Sei sim, obrigado por sempre estar do meu lado. - Ele a abraça.

– Você é meu melhor amigo, é isso que os amigos fazem. - Ela o abraça de volta. Eles se despedem e então Tom entra em casa, sobe as escadas e antes de entrar em seu quarto ouve um som no quarto ao lado e vai até lá. Ele bate na porta, porém ninguém responde e resolve entrar. Victória está deitada em sua cama com o som no último volume, ela olha para Tom entrando, vê seus lábios se mexerem mas não consegue ouvi-lo e então abaixa o som.

– Essa não é a sua música?

– Ah, é sim! Depois do show um produtor veio falar conosco e nos levou até uma gravadora, essa aqui é só uma prévia, mas a versão completa já está na internet e está fazendo muito sucesso.

– Nossa, parece que sua carreira finalmente está fluindo, e rápido.

– Sim, e eu só tenho a lhe agradecer.

– A mim, por que?

– Você sim, você que me apresentou ao restante da banda.

– Nem lembrava mais disso, mas você é uma ótima cantora, só precisava de oportunidade.

– Eu sei, na verdade foi eu quem salvei aqueles seus amigos nerds do anonimato.

– Tava demorando.

– Enfim, tenho que escrever mais 10 músicas para a gravadora, depois a gente se fala.

– Tudo bem, boa sorte! - Tom se despede e vai para seu quarto, se joga na cama e a abraça como se estivesse abraçando uma velha amiga, ele se vira para a cima e começa a fitar o teto, mil coisas se passam por sua cabeça e entre uma delas o rosto de seu pai correndo entre a multidão na feira ecoa em sua mente, então ele pega um travesseiro branco, cobre seu rosto com força e começa a chorar.



Loop - Feitiço do TempoOnde histórias criam vida. Descubra agora