A Volta pra Casa

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No porão de Madame Kerina, o relógio marcava cinco horas da manhã. Os olhares se direcionam a Tom, que se encontra adormecido em um tapete. O semblante de Emily é bem claro, a ruiva estava preocupada com o amigo.

- O que vamos fazer? Eu não sei como elas o acharam, eu fiz o máximo que pude para disfarçar seu rastro.

- Nem tudo está no nosso controle menina, elas aparentam ser mais poderosas do que imaginei.

- Nos temos que escondê-lo! - Grita Emily.

- Se controla criança. Elas não irão tentar pegá-lo sabendo que você está por perto, por mais impulsivas e cruéis que sejam, elas não iriam arriscar revelar nosso segredo nesse momento, iria atrair muita atenção indesejada.

- Você tem razão.

- Tom irá precisar de você mais do que nunca, de um tempo para ele se acostumar com a idéia, mas jamais deixe de protegê-lo.
- Sim senhora.

- Emily? - A gritaria desperta Tom. Meio sonolento, ele chama pela amiga.

- Você está bem?

- Estarei se você me disser que tudo isso não passou de um sonho.

- Ele se senta e leva suas mãos a cabeça.

- Talvez seja. - Diz a jovem baixo. - Venha irei te levar pra casa, Tia Verônica deve estar preocupada. - Os dois se levantam e caminham em direção a porta. Ao saírem, Emily se mantém alerta a fim de encontrar qualquer vestígio das feiticeiras, em vão. Elas chegam até a casa de Tom, uma mansão branca que apesar da arquitetura antiga, era impecavelmente perfeita. - Você vai ficar bem?

- Eu acho que sim, só preciso descansar um pouco, aquele chão é bem duro.

- Tudo bem, nos vemos depois?

- Uhum. - Ele entrou e subiu direto para o quarto sem fazer alarde. Quando chegou próximo a porta do seu quarto, uma mão o puxou pelo braço para o quarto ao lado e fechou a porta.

- Onde você tava? - Diz Vitória checando seus bolsos.

- Eu estava com a Emily. O que você ta fazendo? - Ele se afasta um pouco da irmã.

- Vendo se está bem, você some no meio da festa e só aparece em casa agora, fiquei preocupada.

- Você estava na festa? Você está bem?

- To, eu só não me lembro de nada, devo ter bebido muito. Mas e aí, vai ao show da minha banda hoje né? - Ela diz se jogando na cama.

- Talvez. Eu tenho que ir. - Diz ele saindo pela porta.

- Leva sua amiga ruiva. E pague os ingressos! - Ela grita e pega o celular.

Em uma estrada pouco movimentada, um jovem loiro de jaqueta preta dirige um conversível vermelho de incrível beleza, usando um óculos escuro, ele esconde seus olhos claros e aparentando não se importar ele acelera cada vez mais naquela estrada aparentemente deserta até que passa por uma placa verde em que era descrito: "Bem vindo a Santa Maria". A vegetação ia dando espaço para as casas até que ele parou em frente a uma mansão que possuía um lindo jardim de orquídeas. Ele adentrou a casa e logo foi recebido por uma empregada baixa e gordinha de pele morena.

- Bom dia Doutor Eduardo.

- Um ano fora e você já esqueceu tudo. - Disse o jovem tirando os óculos escuros. Não sou doutor, nem senhor e nem Eduardo, já disse pra me chamar de Edu. Nossa, como eu senti sua falta Maria. - Ele lhe da um abraço apertado a ponto de tirá-la do chão.

- Me desculpe Sen... Edu. - Ela dizia enquanto ele a colocava novamente no chão.

- Onde estão todos?

- Dormindo.

- Dormindo? Mas está um dia tão lindo. - Ele diz subindo as escadas. - Vou resolver isso. - Ele chega no último quarto da casa e bate na porta duas vezes até que ela se abre e uma mulher magra e alta de cabelos curtos e loiros abre a porta trajando um roupão.

- Você está atrasado, perdeu a festa.

- Meu vôo atrasou, ou você acha que a Inglaterra fica aqui do lado?

- Disse o jovem se recostando na parede ao lado da porta.

- Ainda não acredito que você largou tudo lá para voltar pra essa cidadezinha.

- Se for pra começar de novo com esse sermão eu prefiro nem ficar em casa. - Ele lhe deu um beijo no rosto.

- Aonde você vai?

- Na casa de Tom! Tchau mãe. - Ele foi em direção às escadas.

- Seu pai quer falar com você! - Ela gritou.

- Mas eu não quero falar com ele. - Gritou ele das escadas. Pegou uma maçã verde na mesa da coxinha e saiu colocando seus óculos escuros enquanto entrava em seu carro novamente. Após andar algumas quadras ele chegou até a casa de Tom, ele entrou e Verônica lhe recebeu com abraços e beijos até que Tom desceu as escadas correndo e lhe deu um abraço apertado. - Primo. Como você está?

- Bem. Como foi a viagem? Achei que fosse chegar a tempo da festa.

- Longa história. Tia, vou levar o Tom pra dar uma volta. - Ele colocou o braço por cima dos ombros do Tom o que lhe fez parecer ainda mais baixo que Eduardo.

- Tudo bem. - Enquanto ela respondia, os dois saíam e entravam no carro. Ele rodou por algumas horas até parar na encosta de um morro onde dava vista para toda a cidade. Eles se sentam no capô do conversível enquanto admiram a vista.

- Animado para a faculdade? - Perguntou Eduardo.

- Não me enrola, você não me trouxe aqui para saber da minha faculdade. Porque voltou?

- Que merda, é chato não conseguir esconder as coisas de você. Ah, eu não sei, não estava feliz lá, eu cansei e voltei.

- Só isso?

- Eu nunca gostei da ideia de estudar fora, isso foi idéia da dona Vanessa, eu até aguentei um ano, mereço créditos por isso.

- Mesmo sendo irmãs elas são parecidas até de mais, minha mãe também conseguiu me colocar na faculdade de Engenharia.

- Você precisa se impor mais, dizer a ela o que realmente quer!

- Olha quem fala, acabou de passar um ano na Inglaterra por pressão da minha tia.

- Mas é diferente!

- Como?

- A viagem não foi algo que mudou a minha vida, você vai perder seis anos da sua vida fazendo algo que não gosta para agradar ela.

- Eu sei, Emily me diz a mesma coisa. - E então um silêncio se espalha entre os dois.

- Ela perguntou por mim?

- Quer mesmo entrar nesse assunto agora? - Eduardo não respondeu e então Tom continuou. - Você voltou por causa dela!

- Eu não sei do que você está falando. - Ele desceu do carro.

- Eu não acredito que você desistiu de tudo por causa disso! - Tom também desceu do carro.

- Você está falando da Emily! - Eduardo o encara.

- Acabou Edu, ela deixou claro, você precisa superar isso. - Ele abaixa seu tom de voz e tenta consolar o amigo.

- Eu sei, só é mais fácil de falar do que fazer, nesse tempo eu só conseguia pensar nela.

- Eu sei, não fica assim. Vamos, até chegarmos em Santa Maria novamente já estará escuro. - Os dois entram no carro e voltam para a cidade, chegam até o centro onde um aglomerado de pessoas se reúne em volta de um palco. Eles descem do carro e começam a transitar no meio das pessoas, até que encontram Emily sozinha. A surpresa da jovem ao ver Eduardo é visível, porém antes de um dos dois falar algo eles são interrompidos pela estática do microfone.

- Boa noite. Nós somos os Anarquistas! - Diz Vitória no microfone antes de começar a tocar sua guitarra púrpura e a cantar.


Loop - Feitiço do TempoOnde histórias criam vida. Descubra agora