- Sabia que você tá no banheiro errado?
Os amigos dele começaram a rir. Alguns meninos que entravam no banheiro naquele momento deram meia volta e retornaram ao ginásio temendo a confusão.
- É mesmo? – sorri cinicamente. – Por acaso esse aqui é o banheiro dos idiotas? Se for... me desculpa!
Ele deu um passo na minha direção.
- Tá tirando onda com a minha cara, boiola? – ele bufou.
Os risinhos desapareceram. O Fábio se aproximou mais ainda e eu fiquei preso entre ele e a parede.
- Sabe o que eu tenho vontade de fazer com você, Nando?
- Não me interessa – falei, tentando disfarçar o nervosismo.
- Eu tenho vontade de socar essa sua cara de safado até você virar homem de verdade!
- Por que você não tenta? – provoquei. Claro, eu estava apavorado, mas não podia dar esse gostinho pro cretino do Fábio.
A porta do banheiro se abriu, o som da música invadiu o lugar. Todo mundo olhou na mesma direção ao mesmo tempo, menos eu que continua encarando o Fábio.
- Tudo bem, meninos? Algum problema?
Olhei para o lado. O professor de Matemática estava nos observado.
- Tá tudo de boa, profe – garantiu o Fábio, enquanto se afastava de perto de mim com um risinho no canto da boca. Sou obrigado a admitir: ele era muito gato. Não do tipo que me atraía, mas era um gato.
Eu não disse nada, aproveitei o momento e saí de fininho do banheiro. Melhor salvar minha pele do que explicar o que estava acontecendo. Deixaria as desculpas para o Fábio, se havia uma coisa que ele sabia fazer bem, além de jogar futebol, era mentir.
Quando coloquei os pés para fora do banheiro, levei um susto ao dar de cara com a Júlia.
- Caracas, Júlia, quer me matar?
- Nando, eu vi o Fábio e a galera dele entrando no banheiro.
- É... Eu sei. Eu acabei de dar de cara com ele lá dentro.
- Sério? E aí? Ele fez alguma coisa com você?
- Não, não. Tudo bem – menti.
- Tem certeza que ele não fez nenhuma gracinha?
- Gracinha? O Fábio? Imagina. Você sabe como é o Fábio: um lorde.
A Júlia cruzou os braços e me encarou séria.
- Não começa com deboche não. Um Caio na turma é suficiente.
Finalmente relaxei e ri.
- Ok, desculpa... Vamos esquecer o Fábio? A gente veio aqui pra se divertir.
- Tem certeza de que você está bem? Você tá meio pálido. Tá parecendo um fantasma.
- Devem ser as luzes, sei lá! – disfarcei.
O DJ resolveu fazer uma homenagem aos anos 80. Assim que ele colou Kid Abelha pra tocar, eu não resisti.
- Mentira? Adoro essa música. Que tal a gente se jogar na pista e dar um pouco de pinta? – tentei parecer normal.
- Vamos nessa!
Júlia e eu corremos para nos juntar ao Caio o ao Lipe na pista de dança. O DJ parecia conhecer meus gostos, montou um mix de Kid Abelha, Léo Jaime e Cazuza, meu maior ídolo. Eu cresci com meu pai me ensinando a ouvir essas músicas.
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NÃO EXISTE AMOR ERRADO Cap. 01
Ficção AdolescenteO primeiro capítulo do livro NÃO EXISTE AMOR ERRADO disponível. Gostou da história? Quer saber o resto? O livro já está à venda no site da Livraria Cultura.