Capítulo 4

29 4 2
                                    

Quando abriu os olhos, a primeira coisa que avistou diante dela foram duas esferas negras lhe encarando. Aquelas esferas a sugavam como dois buracos negros. Foi o que tinha chamado sua atenção primeiramente.
E Lembrando do seu primeiro encontro com aquele homem, ela sorriu. Ele fora um sopro de ar, que a tirou da realidade que vivia.
O cheiro de antisseptico pairava no ar, fazendo a saber onde exatamente se encontrava e acordando do seu devaneio.
-Finalmente a bela fujona acordou... -Jonatas deu um sorriso cansado em direção a ela. Ele descobrira seu segredo. Merda.

-Não seria bela adormecida... -disse tentando quebrar o clima sério do quarto hospitalar.

-Bela fujona mesmo... Você está muito encrencada mocinha. -falou sério. Merda, não tinha funcionado desviar o assunto.

Os dois ficaram se encarando por longos minutos e Ela não conseguira mais sustentar o peso do olhar de Jonatas.

-Por quê? Me diga, por que você não me avisou sobre seu estado de saúde e fugiu desse jeito colocando sua vida em risco? Passamos a noite juntos e você não me disse nada. Agora seu estado de saúde piorou.

Ela deu um suspiro profundo. Ela não sabia por onde começar.

-Sabe Jonh, eu não sei por onde começar... -ela fechou os olhos e se preparou para sentir todos aqueles sentimentos lhe inundar. -Não foi só você que desistiu da vida, ela desistiu de mim e eu apenas me conformei. Estou morrendo Jonh. Estou morrendo sozinha e nem sempre fui só, sabe. -ela desvia o olhar. -Eu tinha minha mãe, meu pai e uma linda casa. Mas as coisas mudaram, meu pai faleceu quando tinha 9 anos, parada cardíaca. Então, ficou só eu e minha mãe, ela mantinha nossa casa e a pensão do meu pai pagava o restante das despesas. Mas, aos doze anos eu descobri que tinha leucemia. Sentia-me fraca, febre, sangrava com facilidade, então fui diagnosticada. Minhas células sanguíneas e de defesas não são saudáveis...

-O médico me falou isso... Mas por que você parou o tratamento? Eu não entendo? -perguntou triste.

-Oh Jonh, eu fiz o tratamento... sessões e sessões de quimioterapia. Minha mãe não podia mais trabalhar, pois me acompanhava aqui no hospital. Pois durante o tratamento eu ficava muito debilitada, então tinha que ficar hospitalizada. Mas finalmente o tratamento deu resultado, eu entrei em fase de remissão. Isso ocorre quando não há sinais de células defeituosas no sangue. Porém durou pouco, alguns anos depois a doença voltou e se não fosse o estado eu não poderia pagar as sessões e muito menos me manter aqui. Infelizmente, minha mãe faleceu também, estava vindo para mim ver, quando um bêbado invadiu a pista bateu no ônibus que ela estava e em mais três carros, matando ela, o motorista e família que estava dentro de um dos carros. E para piorar a situação, alguns meses atrás o governo cortou verba para o hospital e não tive condição de me manter aqui. Como o tratamento não estava funcionando a minha única saída era o transplante de médula. Então, eu entrei na fila de doação. Mas até agora não encontraram nenhum doador compatível comigo... Então, cansei de esperar e resolvi fugir. Estava cansada de passar mais um natal aqui. Há mais de 10 anos que luto contra isso, estou cansada Jonh. Eu só queria sair daqui, ver gente e me divertir. Roubei algumas roupas que eles deixaram na sala de doações e a motoca do seu Antonio -porteiro- e fugi. simples assim...

Ela estava tão envolvida na história que não percebera o semblante transtornado de Jonatas . Como o mundo era pequeno e cheio de surpresas. O mesmo acidente que levara a sua família, levara a mãe dela também. E fora ele que vetou a verba para o hospital. Oh Deus fora ele...

De repente Jonatas começou a ficar sem ar...

-Jonh, John você está bem? Fale comigo...-Falou preocupada. -Por que você está chorando?

-Me desculpa anjo... a culpa é minha. Foi eu que vetei a verba para o hospital...

-Como assim Jonh? -falou sem entender. -Por acaso você é o governador? -Falou brincando.

-Infelizmente sim, mas pelo visto estou fazendo muito mal meu trabalho! -Jonh falou triste.

-Oh meu Deus, é verdade? Eu não acredito que conheci o governador, passei a noite com ele e até o beijei ! Não acredito... -falou empolgada... -Mas saiba que eu não votei em você... Seu governo é péssimo mesmo... Muitas pessoas dependem dessa verba John... - falou triste.

-Obrigado pela consideração...- falou irônico... Mas não se preocupe anjo, eu estava morto e não era minha melhor fase, mas agora que te encontrei, estou com você para enfrentarmos isso juntos... Irei consertar as coisas. Agora descanse, pois você não estar mais só. Eu estou aqui. Vamos passar por isso. Tudo vai dar certo.

-Obrigada John por estar comigo. -Disse sorrindo e fechando os olhos. Pois os remédios que lhe deram estavam lhe causando sonolência. -Boa noite.
-Boa noite. -Respondeu, mas ela não houvira.
Jonatas ficou velando o sono dela e esperando a respostas dos exames que fizera. Desde quando o médico falara sobre a doença dela, ele não parou quieto. Queria a opinião dos melhores especialista na área. Não desistiria dela. Não, Deus estava dando uma segunda oportunidade e ele iria aproveitar todos os momentos com ela.
Com ela, ele teve um novo propósito. E com esse propósito veio a esperança, e ela estava crescendo.
-Senhor governador... - o médico entrou no quarto. - Vim trazer o resultado dos exames... Felizmente a probabilidade de serem compatíveis são grandes... Mas o senhor deve saber que isso não significará a remissão total da doença.... Mesmo realizando o transplante.
-Mas já é o começo... - Jonh inspirou e se preparou para a próxima pergunta. -E quando será feito?
-Quando ela tiver mais estável... Até lá, será feito mais exames. Boa noite governador e feliz Natal.
-Feliz Natal... Feliz Natal para você também meu amor... -disse se sentando perto dela -Vamos conseguir passar por tudo isso... - disse acariciando seu rosto. - Eu te amo tanto e mal sei o seu nome, que ironia do destino. Mas isso não importa, e sim que te encontrei e você a mim. Ambos não estamos mais sozinhos, meu anjo. E por Deus, eu farei tudo por você.
Então Jonatas dormiu segurando a mão de sua amada. Enquanto la fora ja era noite Natal. Dentro daquele quarto, quem passava via duas pessoas abatidas por fora, mas não sabiam o quanto esperançosos ambos estavam. E assim, foi a primeira noite de Natal dos muitos que virião para os dois.

Feliz Natal meus amores...

Obs: capítulo editado no celular.









A Garota da Luva azulOnde histórias criam vida. Descubra agora