BOAS-VINDAS

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Este conto mitológico, nomeado como "A Narrativa Mãe de Avalanth", foi transmitido por entre os dias, décadas, séculos e Eras, passando de pais para filhos, acendendo no coração dos homens, frutos da Dádiva da Vida e herdeiros dos Quatro Lendários e Aranvhil, a mais nobre das esperanças e a mais implacável das chamas de coragem. Neste exato instante, acabara de ser relatado, em um curto intervalo de tempo, em cinco locais diferentes, a pessoas diferentes, com vivências, sonhos e aspirações distintas, entretanto, de modo extraordinariamente idêntico...

***

Graves brados sobressaltados ribombam no entorno de uma agradável clareira, cercada por grandes, grossas e velhas nogueiras, onde o ar é puro e o clima ameno, logo após o término da pitoresca narrativa, realizada ali por uma gentil dama de meia-idade, com longos cabelos negros na altura das costas e um constante sorriso no rosto, a dois rapazes de porte físico avantajado. Um, o mais encorpado deles, de cabelos bem escuros como a dama e outro com cabelos mais claros, eles encontram-se acomodados acima de rochas cobertas de limo e acabam por se surpreender devido aos berros, identificados sem dificuldades como mais de uma voz masculina ecoando pelo local.

- Iruth... Deruth! – Declarou uma primeira voz.

- Apareçam seus "cabeças de boi"! – Proferiu outra voz.

- É... Apareçam! – Bradou uma terceira e última voz.

Três jovens homens, sem dúvida mais velhos que os dois primeiros, de feições idênticas, portes físicos avantajados e estaturas que, com certeza, guardam maior semelhança a ursos do que a homens, surgem bastante ofegantes, como se tivessem percorrido grandes distâncias em um curto período, isto se deve, sem dúvidas, a procura por aqueles que denominam Iruth e Deruth.

A senhora, que carrega consigo traços marcantes de sua atuação druídica, tais como, uma tiara de galhos secos, um cinto feito de cipós e ornamentado com ramos floridos, além de um majestoso cajado fabricado com o mais puro carvalho dos reinos, adornado magicamente com um raro exemplar de esmeralda gathriniana, de certo que não se trata de uma druida com poderes medíocres, ergue-se com a chegada dos três jovens homens e fala, ainda ostentando um suave e sincero sorriso no rosto.

- Meus filhos, eu penso que não deveriam agir em tamanha disritmia vertiginosa – Ela conjura uma rosa branca na palma de sua mão direita – Saibam que a natureza segue o ritmo da vida e não dos homens – Declarou ela. E com um simples bafejar da dama druida, a rosa se desfaz em pétalas, sendo levadas pelo vento e indo circundar os três grandalhões em movimentos cíclicos – E há de se ter não apenas respeito, como também temor ante a força da natureza.

- Perdão, minha mãe... – Disse o que está à esquerda.

- Mas estes imbecis... – Iniciou o que está à direita, apontando com o indicador direito para os dois que ouviam a narrativa – Certamente esqueceram-se de nossa caçada!

- E ficam aí se perdendo – Disse o que está ao centro, cruzando os braços – Em atividades que caberiam apenas a nossas lindas e delicadas irmãs!

- Meninos... – Disse a druida, referindo-se aos trigêmeos esbaforidos – Lembrem-se de que não se encontram em frente a uma bigorna e se para dobrar o metal de uma espada faz-se necessário o uso de força e rispidez, no trato com as pessoas devem utilizar-se de maior traquejo e sutileza.

- Mais uma vez perdão, minha mãe. – Disse o da esquerda.

- Desculpa mãe. – Falou aquele à direita.

- Perdão. – Completou o que se encontra entre os demais.

- Perdoe-os, mãe – Ergueu-se aquele com os cabelos mais claros, é certo que sua estatura e porte físico quase equiparam-se a dos trigêmeos – No entanto eu e Iruth nos distraímos aqui e acabamos esquecendo por completo a caçada de Gathrikon.

O Prisma de Sombras - A Alvorada dos HeróisOnde histórias criam vida. Descubra agora