Capítulo II - O Livro da Capa Vermelha

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Ramsés não estava triste com a partida repentina do pai. Havia se acostumado com a ausência. Aliás, se havia algo que o garoto conhecia era a palavra ausência. O garoto tinha um irmão chamado Nêmeses, fruto do primeiro casamento do pai, mas só o via pouquíssimas vezes. No momento, estava ausente de sua antiga rua, onde moravam seus dois melhores amigos. Certamente, difilmente os veriam nesta nova escola, e teria que fazer novos amigos. Mas nem por isso, Ramsés deixou de ser uma criança sonhadora, como há poucas no mundo hoje. Ramsés ainda era feito da antiga fantasia da imaginação da qual era a matéria da vida das crianças do passado não-tecnológico.
A mãe havia saído e deixara um bilhete explicando a ausência colado na geladeira.

Querido Ram,
Fui ao supermercado.
Tem aquele bolo que você gosta na geladeira e refresco também. Mamãe volta já.
Bjss!
P.S: não abra a porta para estranhos!

O garoto pegou o bolo e o refresco,e foi comer na sala. Sentado sobre o chão, pondo o copo do refresco sobre o centro de vidro, ligou a televisão para ver que passava na programação. Os jornais ainda noticiavam sobre a exposição. Mas que isso, falavam agora do desaparecimento do velho Barthes. O apresentador do telejornal falava que ao mesmo tempo que o Senhor Barthes desaparecera no dia de ontem, o anel também havia desaparecido do museu. O mais estranho é que havia uma segurança muito grande no museu e as câmeras de segurança não registravam nada. Apenas uma pausa de cinco minutos na fita e puft! O anel havia sumido do lugar. Algumas pessoas chegaram a ver o Sr. Barthes naquele dia no museu e agora acreditavam que era verdade o que diziam a respeito da jóia.
- Mas o que é que dizem a respeito da jóia? – se perguntou o garoto.
Terminou de se alimentar quando uma ideia lhe veio à cabeça: iria descobrir o que estava acontecendo! Mas como? O primeiro passo era, definitivamente, descobrir que poderes acreditava o povo ter esse anel. Para tanto, Ramsés teve a brilhante sacada de aproveitar a ausência da mãe e vasculhar o escritório do pai atrás do livro que falava sobre as sete jóias do Nilo.
- deve estar por aqui em algum lugar. Onde está?
Procurou em todos os cantos, mas nem sinal do tal livro de capa vermelha. Foi então que lembrou das palavras do pai na manhã anterior. E decidiu descer ao porão da casa para procurar livros que falavam do antigo Egito. Não precisou procurar muito. Dentro de uma caixa velha estava o livro. Era um livro antigo, igualzinho ao do museu. Tinha a capa vermelha e uma imagem do olho de Rá.
Estava empoeirado. O garoto assoprou o livro para tirar a poeira. Mas ao fazer isso, começou a espirrar. Ramsés tinha uma alergia danada a poeira. Talvéz por isso sua mãe não queria nem sonhar que ele iria entrar naquele porão. Pegou o livro, enrolou com um pano, colocou debaixo do braço e subiu as escadas devolta. Largou o livro sobre a mesa da cozinha e pegou um lenço para assoar o nariz. Os espirros não cessavam, o garoto foi até o banheiro e lavou o rosto. Se recuperou um pouco, mas ainda espirrava muito. Foi então que teve uma ideia. Toda vez que a alergia lhe pegava sua mãe o fazia comer qualquer coisa doce. Resolveu provar mais um pedaço de bolo. A vontade de espirrar foi embora ao passo que saboreava a fatia do gostoso bolo. Olhou para o livro, mas  não teve coragem de abri-lo novamente. Ao invés disso, o levou para seu quarto e guardou numa caixa, para não correr o risco de voltar ao porão e sua mãe lhe pegar na cena do crime.
O resto da semana passou rápido. Sem histórias para ouvir, o menino passava as noites acomapnhando com a mãe os noticiários que corriam sobre o desaparecimento do tio Barthes.
- Não há pistas sobre o desaparecimento do Senhor Barthes – dizia o homem no noticiário. O senhor James Saga está no Cairo. Tinha esperança que Barthes houvesse viajado em segredo. Os dois iriam iniciar a escavação para descavar a segunda jóia da lenda, mas Saga estava enganado. Barthes realmente sumiu sem deixar rastro, o que alimenta a idéia de que a jóia descoberta por Saga e Barthes tinha mesmo poderes mágicos.
Naquela mesma noite puderam ver o Sr. Saga dando uma entrevista num programa de televisão.
- Senhor James Saga, o senhor chegou a tocar pessoalmente neste anel, que as pessoas acreditam ser a razão do sumiço do seu amigo? – perguntou o entrevistador.
- Não. Descobrimos o anel lacrado numa urna antiga. Barthes o levou. Me comunicou apenas que a jóia seria exposta no Museu Britânico.
- O senhor acredita que ele tenha desaparecido propositalmente para poder ficar com o anel? Naturalmente ele sabia o valor dessa descoberta.
- Definitivamente não. Sempre trabalhavamos juntos, e confio cegamente no tio Barthes. A razão de eu só ter participado da escavação até o momento e que achamos a urna é que houve um deslizamento na câmara da pirâmide e algo ter acertado minha cabeça. Fiquei desacordado. Mas, o próprio Barthes me levou para o hospital.
- Então, qual a sua versão para o ocorrido?
- Não sei, mas tenho fortes razões para acreditar em sequestro! Apenas eu e ele sabíamos o local exato da escavação onde estaria a segunda jóia. É possivel que o sequestrador tenha levado o meu amigo para que ele revele o paradeiro da jóia.
- Então, senhor Saga, se sua hipótese estiver correta...o senhor também pode estar na mira dos sequestradores.
- Tudo é possível, mas eu estou seguro. Há uma proteção policial muito grande.  É impossivel algo me acontecer.
- Quem? O senhor desconfia de alguém que seja responsável por isso?
- Não, não faço idéia! Contudo, recebemos a visita de um homem muito estranho há alguns dias...
Nesse momento a mãe de Ramsés foi até a cozinha.
- ...o homem parecia muito interessado na lenda das jóias do Nilo. Mas não lembro o nome dele. Acho que tenho um cartão dele em algum lugar, mas não sei qualquer detalhe.
- Perdi alguma coisa? Tinha deixado a torneira da pia pingando.
- Não, nada. Mas não sabia que papai tinha sofrido aquele acidente na pirâmide!
- Nem eu filho! Isso seu pai não havia contado.
- Será que ele vai descobrir o que houve com tio Barthes?
- Sim, filho, vai! Mas agora vai dormir, vai.
O menino subiu as escadas da sala até chegar ao quarto. Acendeu a luz do abajur e, então, apagou a luz do quarto. Já ia cair na cama, quando avistou o livro de capa vermelha empoeirado. Queria muito saber o conteúdo do livro, mas como fazer sem que a poeira o fizesse espirrar? Era domingo, e no dia seguinte iria começar na escola nova. Deitou olhando para o teto pensando nisso. Foi então que teve uma idéia que poderia ser a grande saída para o seu problema: iria procurar na biblioteca da sua nova escola um livro, que sendo igual àquele, fosse menos velho e menos empoeirado.
Acordava. Não era o fato de ir a uma escola nova que o atormentava, mas o fato de retornar. Ramsés já havia estudado no Instituto Real no passado. O seu primeiro ano escolar foi cursado ali. Foi quando veio a mudança. Dessa forma fluía seu pensamento ao pegar o metrô naquela manhã. Outra coisa que não lhe saía da cabeça era o livro de capa vermelha. Se ele não pudesse ajudar, mas pelo menos esclareceria alguma coisa sobre o sumiço do tio Barthes. Se não fosse a sua alergia, poderia agora saber que poderes mágicos poderiam haver na jóia tembém desaparecida. Ramsés era um garoto que tinha uma forte elergia a poeira. Nem sempre foi assim, mas de um tempo pra cá passou a ter essa alergia, que sempre o fazia espirrar muito, até que comesse algo doce. Os médicos nunca souberam explicar direito o motivo dessa alergia e Ramsés nunca procurou saber os motivos desta. Não era a única coisa inexplicável que lhe acontecia. Às vezes sonhava co coisas que ainda iriam acontecer. Entretanto, esse fato realmente o assustava às vezes. Uma vez, nesta mesma escola, chegou a prever que um incêndio aconteceria. Era o seu primeiro ano. Tinha sonhado com um incêndio na sua escola, mas não chegou a contar nada para ninguém, a não ser para sua família, que não acreditou muito na sua leitura do futuro. Estava na escola, quando acabou desmaiando devido a sua alergia, quando um amigo seu o levou para a diretoria. De repente um incêndio começa na escola. Todos conseguiram fugir, mas os estragos a unidade de ensino foram imensos. A notícia circulou rapidamente e todos queiseram saber quem tinha sido o garoto que prevera a catástrofe. Então, temendo o pior, a família de Ramsés mudou-se.
Estava em frente ao prédio escolar. A imagem do incêndio veio imediatamente a sua cabeça. Estranho, pois sabia que ia estudar alí há muito tempo, mas somente ativou a memória ao ficar cara a cara com o antigo casarão. Será que os antigos colegas ainda estudavam por aqui? E se descobrissem que ele tem manias estranhas? A última coisa que queria era ser tratado como anormal.
Sem perceber já estava dentro das dependências da escola. Recuperado da destração, olhava os letreiros grudados às portas para descobrir onde era a sala do Diretor Petrônio. Não era o mesmo da sua época. Naquele tempo a diretora era uma senhora muito querida chamada Susan. Chegou até a sala da direção, bateu. Ouviu uma voz dizer “entre!”. Então, entrou. Um homem o esperava, sentado numa poltrona muito confortável, de costas, olhando as crianças brincando pela janela.
- Bom dia! – comprimentou o menino.
- Bom dia, jovem Ramsés!
Girou a cadeira. Ramsés viu o homem por trás do móvel. Era alto, usava terno cinza, flor à lapela, careca. Um sorriso forçado no rosto.
- Então você é o jovem Ramsés Saga. Cresceu muito, meu rapaz!
- De onde...o senhor me conhece?
- Ora, ora...quem não conhece o filho do grande arqueólogo James Saga. Além do mais, o senhor já foi nosso aluno,não?
- Sim, senhor Diretor. Entretanto...
- Sei,sei...deve estar se perguntando como eu sei disso. Ora, o senhor não se lembra de mim, de fato. Mas lembro-me muito bem do senhor. Sempre muito calado, muito imaginativo. E o Nêmeses, como está?
- Nêm...já sei, o senhor era professor do meu irmão?
- Sim!
- Mas...
- É verdade, naquele tempo tinha mais cabelo.
- Meu irmão está bem obrigado. Mora com a mãe.
- Sim, mas acredito que esteja ansioso para saber em que sala vai estudar. Venha comigo.
Wilson Petrônio conduziu-o até a sala 11, onde a aula ainda não começara.
- Ora, onde está a senhora Juliana? Ela nunca se atrasa! Meu rapaz, espere aqui, encontre uma carteira vazia. Os professores já sabem que temos um aluno novo.
O menino entrou na sala, e viu uma cadeira vazia na segunda fila da direita. Sentou! Uma garota que sentava-se atrás o fitou. Era bem bonita a garota. Tinha cabelos em tom marrom, não muito escuro. A menina deu um sorriso.
- Olá! – disse a menina.
- Olá! – respondeu e voltou a olhar para a frente.
A menina tocou-lhe nas costas e perguntou:
- Muito prazer, o meu nome é Manuelle, Manu e o seu?
- O meu?...
- Sim, ou você não tem um nome?
- Claro que tenho! É que é meio diferente!
- Já sei...deixe eu adivinhar...Bartolomeu?
- Passou longe!
- Willian?
- Não...você não acertaria nunca!
- Por que? É tão diferente assim?
- Ramsés!
- Que? Esse é seu nome? Nossa!, que diferente né?
- Sim, meu pai é arqueólogo, sabe, aí resolveu me dar esse nome. Eu até gosto. É o nome...
- De um faraó do Egito Antigo, acertei?
- Em cheio! Como sabia?
- É que nossa professora de História é muito competente. Alías, esse aula de agora é de História. Espera, não me diga que...
O menino percebeu na hora que a garota já sabia quem ele era. Mas ali, ser filho de um arqueólogo não era fato para dar fama a alguém. Os pais de todos os garotos tinham profissões formidáveis. Mas nem todos eram famosos como James Saga.
- Sim, sou o filho do arqueólogo James Saga!
- Nossa! Adorei a exposição! Escuta...você acredita mesmo que aquele anel tinha algum poder mágico?
- Talvéz!
No momento chegou um outro garoto que sentou-se ao lado de Ramsés.
- Ed, este é Ramsés! É novo na escola.
- Oi, Eduardo, mas pode me chamar de Ed.
- Ramsés. Mas todos me chemam de Ram.
- Ed, ele é filho daquele arqueólogo, sabe.
- Sei, o maluco que acha que descobriu uma jóia mágica!
- Não liga, tá! O Ed fala assim, mas é boa pessoa. Só é meio incrédulo. Outra vez brincávamos em frente a um cemitério. Havia algo muito estranho, pois uma sombra passava e não havia ninguém alí além de nós dois e outros amigos. Mas o Ed se nega a pensar que era fantasma.
- Desculpe chamar seu pai de maluco, tá? É que eu falo muita bobagem sem perceber.
- Não esquenta, Ed. Tudo bem.
Nesse momento entrou na sala uma mulher baixinha, de cabelos negros, muito bonita.
- É esta a professora de História? – perguntou Ramsés.
- Sim – respondeu Ed. – História é com ela mesma.
- Bom dia, classe! Hoje iremos continuar o estudo do Antigo Egito. Abram, por favor, o livro na página 15... Preciso de alguém para ler para mim o primeiro parágrafo do livro.
No final da sala, um grupo de garotos, que já haviam percebido as conversas entre Ramsés, Eduardo e Emanuelle resolveu indicar alguém.
- O novato!
-Essa não! – falou Ed, engolindo um seco.
- Que foi? – perguntou Ramsés baixinho para Manu.
- Aquele é Joaldo Hunter e sua turma. Um monte de nogentinhos. Ele está aprontando alguma.
- O novato! – continuou a voz de Hunter.
A professora não entendeu a conspiração.
- É verdade! Temos um aluno novato...que cabeça a minha! Tinha esquecido, e nem dei as boas vindas ao aluno novo. Quem é?
Ramsés leventou a mão.
- Qual o seu nome, meu rapaz?
- Ra...Ra...Ramsés!
- Poderia vir até aqui, Ramsés?
O menino levantou-se e foi caminhando até a professora, observando a expressão que se formava na face de Joaldo Hunter e de seu grupo.
- Seja bem vindo, Ramsés! Seu nome tem tudo a ver com a aula de hoje.
- Obrigado!
- Poderia ler esse parágrafo para mim, querido?
- Sim.
Segurou o livro na altura do tórax  e começou a ler...
-  “ A construção das piramides simbolizava o grande poder que o faraó tinha sobre o Egito . A primâmide de Quéops, por exemplo, representa a grandiosidade do faraó Khufu ( ou Quéops, em grego) cujo reinado se estendeu de 2590 a 2568 a. C. Para edificar essa obra de 53 mil metros quadrados de área foi necessário a força braçal de um grande número de escravos durante 30 anos.”
- Professora, no Antigo Egito já existia escravo? – perguntou Sandrinha, uma menina de cabelos encaracolados, que usava óculos de lentes grossas.
- Será que tinha algum chamado Ramsés? – ecoou do fundão, que a julgar pela voz vinha de Joaldo. Conhecera a poucos minutos e já sabia diferenciá-la das demais.
A professora, inocente, respondeu:
- Por certo que sim que havia escravos no Antigo Egito, mas não escravos como conhecemos na História do Brasil.
- Não entendi, professora!- falou Manu.
- Eu explico – olhou para Ramsés ainda ali parado. – pode sentar-se querido.
- Obrigado!
- Então. Lá, nas civilizações da Antiguidade escravos eram prisioneiros de guerra e não necessariamente negros como foi na nossa história. Preciso de alguém para continuar a leitura...Hunter, que tal você?
O menino não gostou muito da ideia, mas resolveu não falar nada.
- “ A piramide de Quéops tem 150 metros de altura e foi preciso cerca de dois milhões e quinhentos mil blocos de pedra para a sua construção. Tudo isso feito com técnicas rudimentares.”
- O que é rudimentar, professora Juliane? – perguntou Ed.
- Rudimentar quer dizer simples, precário, elementar. Em história, é claro, estaremos sempre vendo várias palavras novas como esta, por isso, sempre que tivermos aula de história, quero que vocês peguem alguns dicionários na biblioteca.
A aula foi interessante, na opinião de Ramsés. Logo chegou a hora do intervalo. O sinal tocou e todos saíram pelo corredor.
- Venha com agente, Ramsés. Acho que você não conhece bem a escola. – falou Manu.
- Sim, é verdade. As coisas mudaram muito por aqui!
- Como assim mudou muito por aqui? – quis saber Ed.
- É que eu já estudei aqui, sabe. Há alguns anos, quando fazia o meu primeiro ano. Mas era tudo diferente. Eu nem sabia mais onde ficava a sala do diretor.
Caminharam até o refetório. Lá, foram até a fila da comida, quando Ramsés perguntou:
- Aquele Joaldo é sempre insuportável assim?
- Você nem sabe o quanto, é o rei das confusões por aqui.
- Não fui muito com a cara dele também, mas nem foi pela brincadeira...é que vi maldade na cara dele.
Em seguida, sentaram os três numa mesma mesa.
- Vocês parecem ser muito legais. Muito diferente daquele Hunter nojento!
- Escuta, Ramsés – perguntava Ed – o seu pai sabe alguma coisa sobre o sumisso daquele colega arqueólogo dele?
- Ah, você quer dizer o tio Barthes?
- Ele também é seu tio?
O garoto riu.
- Que foi?
- Não, nada. É que para mim é tão normal chamá-lo de tio Barthes, que às vezes esqueço que ele não é realmente da família, e que as pessoas não sabem disso...não, não sabe.
- Ele deu uma entrevista falando sobre um homem estranho que os havia procurado, não foi? – perguntou-lhe Manu.
- Sim, mas não sabe direito quem é esse homem, nem se ele de fato tem a ver com o sumisso do tio Barthes.
- Será que tem a ver mesmo com aquela jóia que sumiu do museu?
- Claro – falou Ed – com certeza uma gangue de colecionadores queriam essa jóia, o velho não deu por bem, aí já viu...
Ed não acreditava muito em coisas esquisitas, mas tinha uma imaginação muito grande. Gostava muito de filmes de espiões e gangues, e para ele, em cada esquina havia alguém, um espião, pronto para descobrir os mais graves segredos.
- Algum de vocês – interrompeu Ramsés – sabe dizer alguma coisa sobre a lenda das jóias do Nilo?
- Hum...- disse Ed, levando o garfo à boca. - ...tudo que sei é que essa lenda foi descoberta pelo Sr. Barthes nas paredes de uma pirâmide. Foi a primeira descoberta da vida dele. Ele então escreveu aquele livro...
- Da capa vermelha com um olho estampado! – falou Ramsés.
- Sim. E é tudo que sei. Não há nenhum outro livro que relate a lenda.
- Você já leu o livro, Ed?- quis saber Ramsés.
- Não, é muito grosso!
- Eu acho que se eu lesse aquele livro descobriria alguma coisa sobre o sumisso do tio Barthes. Sabe, e se a jóia realmente tiver poderes mágicos mesmo?
- Você não acredita nessas bobagens, não é? – perguntou Ed.
- Não sei...mas quem sabe!
Então, Manu falou para os dois:
- Será que aqui na biblioteca tem esse livro? Quer ir lá Ramsés?
- Você fala sério? Digo, você iria comigo?
- É claro que sim...eu e o Ed. Não é mesmo, Ed?
- Sim, sim. É claro, amigão!
Ao terminarem, saíram do refeitório e foram até a biblioteca. Entraram, e foram até a bibliotecária. Chamava-se Marta, e era já idosa.
- Bom dia, dona Marta!
- Bom dia, Manu. Que manda hoje? E quem é esse jovem tão bonito?
- Esse aqui é o Ramsés. Ele é novo na escola. Queriamos saber se há aqui um livro sobre o Antigo Egito?
- Sim, há vários – explicou a bibliotecária – mas qual é o livro?
Ramsés, então, falou:
- É “As Jóias do Nilo”, senhora, do Senhor Lourenço Barthes.
- Sim, sim...me lembro deste!
- Então tem aqui? – perguntou o menino.
- Não, acho que não. Havia um exemplar aqui, mas sumiu misteriosamente.
- Essa não! - exclamou Ramsés.
Saíram desapontados...Manu viu que Ramsés estava muito chateado, então procurou falar algo que o animasse.
- Tenho certeza que alguém tem esse livro, não se preocupe Ramsés.
- Mas esse não é o problema.
- Então?
- O livro eu tenho, só que...
- Que? – se você tem o livro por que tava procurando-o aqui?- interrogou Ed.
- É que o livro que tenho é do meu pai, sabe...e é muito velho...
- Hum, e você só lê coisas novas é?
- Não, não é isso. Mas é que eu tenho alergia a poeira e este livro está muito empoeirado.
- Ramsés! – gritou Manu, segurando-o pela mão.
- Que foi Manu?
- Você pode nos dar o livro para ler, agente ler para você, que tal?
- Hum...a idéia é boa, mas o livro está na minha casa...só se... vocês gostariam de me visitar essa tarde? Podemos ir direto para minha casa, depois minha mãe pode levá-los de carro para suas casas.
- Claro!- falou Manu pulando.
- Pra mim não, desculpe amigão. Mas tenho que ir direto pra casa. Desculpe-em, tá?
- Sem problemas! Mesmo assim você vai, Manu?
- Vou sim! Só preciso avisar a meu pai.
- Ótimo, você liga para ela de lá de casa.
Quando as aulas daquele dia acabaram, Ramsés e Manu pegaram o metrô até a Oxford Street.

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⏰ Última atualização: Dec 27, 2015 ⏰

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As Sete Joias do Nilo - Livro I: O Anel De Amen-hotepOnde histórias criam vida. Descubra agora