Theon II

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Rick havia acabado de cortar o meu braço.

Já estava suando de tantos movimentos que estava fazendo, desviando de um lado para o outro de sua espada, evitando ser atingido. Os pingos de suor atravessavam sua cara, caindo diretamente no chão. Alguns até vinham em minha boca, fazendo com que eu sentisse um gosto salgado, lembrando-me do mar.

Não havia passado muito tempo desde que eu tinha acordado. Nem sequer comi algo, fui diretamente ao pátio para treinar.

Estavam com espadas de alguma lâmina qualquer, devia ser ferro, como sempre. Rick era um bom lutador, admito. Deve ter feito 5 ou 6 cortes em meu braço, mas eu consegui fazer um grande corte em sua barriga.

Ele resistia bastante, mesmo com sua barriga sangrando, com os pingos de sangue caindo no chão. Ele parecia não se importar com aquilo, mas deveríamos parar, meu objetivo não é matá-lo.

Rodrik nos observava. Ele analisava nossos passos, e até mesmo nossas espadas, para ver se seu trabalho estava dando algum resultado. Ele se levantou, e nós dois paramos, com respiração ofegante.

– Parabéns aos dois, lutaram bem. – Diz Rodrik, a voz grossa empunha superioridade. – Bons movimentos, poderiam se sair bem em uma guerra. – O mesmo dá um sorriso, dando tapas nos ombros dos dois garotos. – Mas bem, Theon, mesmo não tendo causado muitos ferimentos, causou o mais grave. Acho que você é o vencedor, garoto.

Dou um sorriso, olhando a cara de desapontamento de Rick. Isso já era esperado, eu sempre venço. Sou um homem de ferro.

Entrego a espada à Rodrik, e vou rumo ao Grande Salão, comer alguma coisa. Lá estava toda a família Stark e o bastardo. A mesa estava cheia de diversos pratos, como perus assados, salada de batatas e outras iguarias. Havia também uma sopa, mas só de sentir o cheiro dela, ficava enjoado.

Fui andando em direção a uma cadeira, passando pelo bastardo. Lendo seu rosto, aposto que ele ainda estava com raiva de mim por causa de ontem. Acabo sentando ao lado de Sansa, que comia um pão e bebia uma taça de água.

Pego um pedaço de frango e uma grande taça de vinho. Já tinha 16 anos, era quase um homem feito. Sem demorar muito, vou devorando o frango. Estava eu com tanta fome assim?

Depois de 3 grandes pedaços, já estava satisfeito. Termino de beber o resto do vinho que sobrou e dou um arroto, aproveitando que estava apenas ele e Robb no Salão.

Olho em volta e avisto o garoto, dando risada. Ele revirava os olhos, nem sequer olhava na minha cara. Esses garotos não vão esquecer o que aconteceu ontem?

– Ei! – Falo, jogando um pedaço de pão no garoto. – Ainda está aborrecido por causa de ontem?

Robb se virou e olhou para mim. Ele não demonstrava raiva ou outra emoção sequer. Ele se levantou, me ignorando, e saiu da sala.

– Hey! – Insisto em chamar o garoto e lembro-me de ontem, quando delirava, vendo-o em cima de mim. Seria ilusão minha ou ele mesmo?

Decido deixar o garoto em paz, saindo da sala logo após ele. Nós iríamos caçar hoje com Lorde Stark, ele deixou com que Robb e Jon fossem conosco. De acordo com ele, já passava da hora deles aprenderem.

Vou até meu quarto e pego meu arco e minha aljava, recolhendo também algumas flechas . Volto para o pátio, e Lorde Stark já estava lá com seus homens e filhos. Dou um sorriso ao ver os dois garotos com espadas de ferro, nem sequer sabiam como segura-lás.

Subo em meu cavalo, e começo a calvagar, acompanhando o passo de Lorde Stark. Gostava de ir no fundo, pois era um arqueiro. Não fui feito para combates corpo a corpo.

Chegando na floresta, me separo do grupo, indo caçar algum dos coelhos que viviam por aquela região. Desta vez, não encontro nenhum, apenas uma ave que não sabia qual era. Com minha precisão de sempre, cravo uma flecha direto em seu olho.

Depois de pegar o coelho morto no chão, retiro a flecha de seu olho e a ponho novamente em minha aljava. Havia uma pequena poça de sangue onde se encontrava o corpo do coelho, então encobri meu pequeno crime com um punhado de neve.

De repente, escuto alguns barulhos estranhos. Aparentava ser duas pessoas brigando, então rapidamente pego uma flecha e a ajeito no arco, preparado. Aproximo-me aos poucos do barulho, avistando uma silhueta distante, encoberta pela névoa. Ao tentar identificar o que é, me espanto quando encontro Robb com cortes na cabeça, agonizando no chão. Em sua direita, se encontrava um homem segurando um machado, preparado para dar o golpe final.

Rapidamente atiro a flecha do meu arco e pego outra logo em seguida, também a atirando rapidamente. Vejo o homem ajoelhado ao chão, com uma flecha em seu coração e a outra em sua barriga. Me aproximo do mesmo, e desfiro o golpe final, atingindo a cabeça do homem desconhecido.

Rapidamente me viro para Robb, ajoelhando-me ao seu lado:

– Você está bem? – Pergunto, ao levantar sua cabeça a para ver os ferimentos mais de perto.

– Ach... acho que sim. – Diz o garoto, com uma voz fraca. Os ferimentos não eram tão graves, o Mestre Luwin conseguiria dar um jeito.

– Seu pai vai ficar louco quando ver estes ferimentos. – Dou uma risada, pegando o garoto pelo braço e o passando pelo meu ombro. – E sua mãe? Não quero nem ver...

– Obrigado, Theon. – Diz Robb, aproximando-se do meu rosto e sorrindo de canto de boca

– Não há de que, apenas fiz o que pude para salvar o herdeiro de Winterfell. – Abro um sorriso largo, carregando o garoto pelo ombro de volta ao pai.


Garoto de PedraOnde histórias criam vida. Descubra agora