Capítulo 5 - Heart and Soul III

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Os dias se arrastaram e eu não saí do condomínio.

Gab e Travis ficavam quase o dia inteiro comigo e nós arrumávamos as coisas mais idiotas pra fazer sempre. Matt e Emily se juntavam a nós de vez em quando. Eu não culpava Matt por não estar presente. Agora ele tinha Emily e eu me comportaria do mesmo jeito se fosse ela.

Travis e eu apostávamos corrida nos lugares mais afastados do condomínio, onde não havia crianças brincando por perto. Como Travis não estava com seu carro e ele tinha que pegar o Chery QQ de Gab, eu sempre o vencia com meu Fiat 500. Os dois carros eram pequenos e ligeiramente velozes, mas eu era uma motorista mais feroz do que ele.

Todas as noites, quando eu conversava com Justin sobre os raxas e sobre como eu tinha vencido, ele sempre dava risada. Tudo parecia estar tão bem, nós estávamos tão felizes. Mesmo estando longe, eu não sentia tanta saudade assim. Era suportável passar um tempo longe dele e acho que fazia até bem para o nosso relacionamento. Só Deus sabe o que aconteceria com Justin se nós passássemos 24 horas por dia, 7 dias da semana juntos.

Mas Justin não se sentia da mesma maneira que eu.

- Você não tem noção de como é estar no palco e olhar para baixo, para perto da grade, e não ver você - ele me dizia - Parece que tem algo faltando. Algo muito importante.

- Deixa de ser besta! - eu respondia, rindo - Você tem sempre mais de 15 mil beliebers pra ficar olhando durante o show e está sentindo falta de olhar pra minha cara?

Ele revirava os olhos e eu dava risada.

- Eu adoro olhar pra elas, mas também quero olhar pra você!

No fim, eu sempre desconversava e dava um jeito de mudar de assunto. Por mais que a saudade batesse e por mais que eu sentisse vontade de estar lá com ele para poder vivenciar as histórias que Justin me contava sobre o que havia acontecido no ônibus ou no backstage, eu sabia que aquele não era o momento certo ainda. Se Justin me pressionasse o suficiente pra saber se alguma coisa estava errada, eu acabaria dizendo. E, pelo menos por enquanto, ele não devia saber. Era melhor esperar as coisas acalmarem e deixar a poeira abaixar.

No dia 19, um sábado, Justin me ligou pelo FaceTime depois do show em Greensboro. Já era tarde, mas ele disse que queria conversar comigo de qualquer jeito. Não que eu estivesse reclamando, óbvio. Eu não tinha horário pra dormir, mas ele havia acabado de sair de um show, onde ficou pulando, dançando e cantando por duas horas seguidas.

- Você tem certeza que não quer ir dormir? A gente conversa amanhã - eu disse pra ele, tentando fazê-lo descansar.

- Não, não tem problema. O próximo show é só na terça-feira.

Dei risada e assenti, então. Discutir com ele não ia me levar a nada.

- Tudo bem - falei, dando de ombros - O que você tem pra me falar?

- Comprei uma... - ele falou, limpando o suor da testa. Não consegui ouvir muita coisa.

Ele estava saindo do backstage naquele momento, então muita gente estava falando ao mesmo tempo e ele sorria e acenava para pessoas que eu não conseguia ver. Uma toalha de rosto estava em seu ombro nu e alguém lhe ofereceu uma garrafa de água, que ele aceitou e agradeceu. Desnecessário dizer que eu não entendi o que ele disse, mas ele parecia estar esperando uma resposta. Justin voltou a me encarar e arqueou as sobrancelhas.

- E aí? - ele perguntou.

- E aí o quê? - perguntei de volta, rindo.

- Você ouviu o que eu disse?

Heart and Soul III (Justin Bieber)Onde histórias criam vida. Descubra agora