Descontrole

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Entro no escritório e coloco os papéis, que ele havia me pedido mais cedo, em cima da sua mesa. Ele me olha por cima da lente de seus óculos e diz:

- Obrigada, Ana.

Quando eu já estou saindo vejo-o, pelo canto dos olhos, me olhando, e então que sou surpreendida pela sua voz grossa, dizendo:

-Espere. Só mais uma coisa.

Só de ouvir sua voz ja sinto minha respiração falhar, imagino que ele me pedirá para nos encontrarmos na casa dele, como fizemos uma vez, mas me sinto uma completa iludida e idiota quando escuto ele dizer:

- Você sabe me informar se o Pedro ja foi?

Mas, ao mesmo tempo, me sinto gloriosa, pois ele me deixa uma brecha pra dizer:

- Ele foi embora com o Humberto, o namorado dele, você não sabia, querido? - digo em um tom talvez um pouco ousado demais.

Fiquei irritadissima por ele ter me ignorado completamente depois daquela noite maravilhosa que tivemos juntos. Não foi só uma foda qualquer, foi A Foda. Aliás, a melhor que já tive até agora, apesar de que, não tive muitas. E agora que, aparentemente, ele está afim do Pedro, e me esqueceu como se eu fosse um objeto, quero que ele se sinta da mesma forma.

- Quem você pensa que é pra falar comigo desse jeito, Ana? - ele diz um pouco exaltado, enquanto levanta da cadeira.

Sinto meu rosto corar. Fico sem palavras, ele sempre tem esse poder sobre mim. Eu não deveria ter dito nada.

- Desculpe, senhor Luan. Admito que deixei meus problemas pessoais e íntimos afetarem no meu comportamento.

Ele me lança um olhar perdido, parece pensar em algo e então diz:

-Não, me desculpe você por estar te tratando dessa forma fria desde daquela noite, é que... - ele senta na cadeira novamente soltando a respiração e continua - eu ando muito confuso, praticamente me descobri bissexual agora, aos 25 anos. E ainda estou aprendendo a lidar com tudo isso, uma hora eu me sinto extremamente atraído por você, e em outra me pego olhando para outro homem de forma diferente..

- Então você se sente atraído por mim? - eu o interrompo.

- Me desculpe, novamente. Eu nao deveria estar compartilhando meus problemas com você, Ana. Você é tão jovem, tão doce, tão... - ele me lança um olhar penetrante.

Respiro fundo e tento controlar minhas pernas que já estão trêmulas. Aquele olhar.. foi o mesmo que ele tinha me lançado na noite em que ficamos juntos. Ele vem andando pra perto de mim, e deixa sua boca bem perto da minha, posso até sentir sua respiração, mas me controlo e o afasto com as mãos. Vou andando em direção a porta e saio da sala sem dizer uma palavra. Ele não tem o direito de fazer isso comigo. Ele tem que decidir, não dá pra ter os dois.

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