Na minha antiga escola as coisas eram ensinadas de modo diferente. Eram feitas atividades ao ar livre e todas as crianças adoravam isso. Sair da sala de aula e aprender no pátio era a melhor parte do dia na minha opinião e na de meus colegas. Sempre tive muitos amigos e isso até hoje não mudou. Porém eu não acho que ter amigos seja o problema, o problema começa quando você se apaixona por um deles... Tudo começou esse ano, mas essa história não é tão nova assim.
Tudo começou quando eu tinha 4 anos e iria cursar o primeiro ano ou como alguns conhecem C.A. Era um dia normal, como qualquer primeiro dia de volta as aulas. Até que ele apareceu na escola, na época eu não senti nada de especial, afinal eu era apenas uma criança ingênua. Até que para uma de nossas aulas práticas ao ar livre as professoras pediram para as meninas irem vestidas de noiva e com um pequeno buquê. Já os meninos deveriam ir vestidos de noivo ou somente uma roupa mais social.
No dia seguinte todos aguardavam a hora de ir para o pátio, quando chegamos lá haviam bancos para as crianças enquanto os professores escolhiam os pares de crianças para simular uma casamento. A parte legal disso tudo era o aprendizado, cada casal de crianças eram um casal de animais! As primeiras duas crianças foram o boi e a vaca, as próximas foram o galo e a galinha e assim por diante. Eu como sempre estava pensando quem seria meu par e esperava que a professora escolhesse meu amiguinho de classe Eduardo, por quem eu tinha uma pequena fixação na época. Até que eu escutei um sussurro atrás de mim. Era Gabriel falando com a professora. E como eu sou muito curiosa resolvi escutar, foi quando ouvi as seguintes palavras: "Professora, minha dupla pode ser a Ana?". Ela respondeu que sim e eu fingi que não escutei. Até que chegou nossa vez, lembro perfeitamente que fomos o rato e a rata, não que isso tenha sido importante na época. Depois disso não me lembro muito de Gabriel, ele mudou de escola e nunca mais nos falamos. O pai de Gabriel possuía uma pequena farmácia na época, portando minha mãe o conhecia. Não mantivemos nenhum contato e por muitos anos ele ficou esquecido em minha memória, como um dia chato de inverno em que você fica em casa na frente da televisão.
6 anos depois eu mudei de escola, fui pra uma turma em que todos eram novos na escola. Eu não conhecia praticamente ninguém, apenas duas meninas que estudaram comigo a vida toda e também mudaram pra mesma escola que eu, mas isso não importa pois elas se afastaram e fiz novas amizades. Gabriel estudava nessa escola mas eu não o reconheci em nenhum momento daquele ano, nem mesmo quando ele me mandou solicitação de amizade no facebook naquele mesmo ano. Só fui lembrar dele e de toda a nossa história 2 anos depois de chegar na nova escola, para minha sorte ele se lembrou de mim e sua reação foi uma das melhores, ele me abraçou como se fossemos amigos que nunca perderam os laços e deu pra mim um daqueles sorrisos de derreter o coração e cá entre nois, ele tem o sorriso mais lindo desse mundo! Nesse dia eu havia reencontrado um amigo de quem nem lembrava, mais quando reencontrei lembrei de tudo como se nunca tivesse esquecido dele e nem ele de mim.
No ano seguinte muitas pessoas saíram da escola e então um turma teve de ser desfeita, deixando eu e ele mais próximos. Mas até essa aproximação acontecer foram necessários alguns meses.
Ele ficava com seu velho grupo de amigos e eu estava com os velhos e conhecendo os novos, ele não me dava total atenção mas todos as manhãs eu recebia um abraço com a seguinte frase: "Bom dia, Marida!", e eu sempre correspondia o abraço e dizia: "Bom dia pra você também, Marido!". E assim eram todos os dias na escola, as vezes eu me pegava olhando pra ele e quando ele percebia eu ficava completamente vermelha, mas ele não ligava pra isso.
Nos aniversários ele não sentava do meu lado nem mesmo na mesma mesa que eu, mas sempre que chegava ia falar comigo e me dar um abraço. Não ignorava minhas mensagens, mas parecia responder por abrigação, uma coisa forçada porém eu não conseguia ficar sem enviar mensagens pra ele. Era uma necessidade muito grande, que eu não conseguia explicar e por incrível que pareça eu ainda não consigo. Como estávamos no nono ano todos aguardavam a tão esperada viagem de formatura. A escola nos deu duas opções para o destino: Beto Carrero ou Porto Seguro. E quase por unanimidade foi escolhido o Beto Carrero. Nessa viagem eu esperava conquistá-lo, porém uma ex namorada dele (na época virou peguete) acabou com minha esperança, pois apesar dele não gostar dela eles estavam ficando, portando ele nem quis saber de meninas nessa viagem. No parque quase não vi ele e mesmo estando no mesmo hotel não o vi no café da manhã, o único lugar que o via era dentro do ônibus e saber que ele estava lá e estava se divertindo e ainda melhor, estava bem já era o suficiente. Depois de 2 dias de parque chegou sábado, o dia de ir embora mas antes de irmos é claro que passeamos na praia, mas o dia estava frio então não entramos na água, só andamos no calçadão e tiramos muitas fotos. Depois de andar bastante resolvi que não ficaria vendo o Gabriel sozinho ali na minha frente, criei coragem e já cheguei abraçando ele com um braço em cima do ombro sem parar de andar. Na hora pensei que ele criaria um motivo para tirar o meu braço e ir falar com outras pessoas mas não foi isso que aconteceu, o que veio a seguir foi uma coisa muito inesperada e espontânea da parte dele. Com a mão direita ele segurou minha mão as entrelaçando e com a outra mão segurou minha cintura e como eu havia feito, sem parar de andar. Depois do passeio fomos para o ônibus e voltamos para casa.