22

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Eu tive um amigo não muito normal, ele era estranho mas era legal. Me chamarei de P4, tenho cabelos ruivos  tons de cobre, penteados para o lado de qualquer jeito, pele pálida, sou magro e tenho olhos verdes folha seca. Meu amigo, que aqui se chamará de 22, morrera há um dia e ninguém sabe a causa de sua morte, nem mesmo seus pais. Está sendo algo terrível para mim e para a família pois ele partira tão cedo sem nenhuma cerimônia.
  Quero muito saber os detalhes do ocorrido, e pra isso terei que cometer alguns delitos. 22 nunca fora um menino normal, algumas vezes eu o via com o nariz sagrando, ou segurando de modo estranho aquele colar em forma de estrela, e ele estava sempre com as mãos vermelhas ou com as veias pulando para fora dos braços. Estou saindo de casa, meus pais estão renovando os votos de casamento em Nova Jersey, EUA então eles não serão problema. Nossa cidade,Casa Amerela PE Brasil, é uma cidade pacata, com população de 5.675 habitantes. Por aqui geralmente as pessoas não saem nas ruas após as dez horas, menos eu, porque eu sou sempre a exceção à regra. São onze horas de uma terça-feira de dezembro chuvoso e eu estou indo "arrombar" a casa do meu amigo falecido a procura de respostas, afinal não é arrombar quando se tem as chaves.
Ponho uma camisa branca com mangas longas, uma calça jeans escuro que mês passado comprei na Foverer 21, guardei no bolso tudo que iria precisar, coloquei um Vans azul claro e estou pronto para sair. No caminho nada especial ocorre, tudo muito calado muito estranho, a cidade é tão estranha que deveria se chamar "cidade morta", o que mais há aqui é árvores e galhos secos. Chego na casa de 22, todas as luzes apagadas sinal de que todos devem estar dormindo e eu também deveria estar.
Duas semanas atrás 22 me deu a senha do seu e-mail, uma chave extra de sua casa e o local onde ele guarda todos os seus bens mais valiosos. No momento eu não entendi o porquê e o perguntei - Mano, o quê você quer que eu faço com isso, e como eu vou levar isso pra casa?
Ele me olhou de lado, com o mesmo sorriso misterioso de sempre e disse
- Tudo tem seu tempo.
- Eu não perguntei isso seu lerdo - retruquei. Hoje eu sei pra quê e porquê tudo aquilo. Tirei a chave do bolso e adentrei na casa e sentindo o cheiro familiar me dirigi ao quarto. A casa tem paredes azuis claro, dois quartos, banheiro, área de serviço e etc. Ao passar pelo quarto da mãe dele percebo um feixe de luz nas extremidades da porta, então ouço um leve barulho de cama de ferro balançando, provavelmente eles devem estar brincando, se me pegam aqui a essa hora da noite estarei fodido. Após andar por um corredor com quadros e imagens de uma família aparentemente feliz, há uma porta, então entro fechando a porta e aqui está o quadro de 22. Me dirijo  à uma mesa com três gavetas onde fica o computador, o quarto tem um clima estranho.  Uma vez na escola ele me falara que na segunda gaveta há um fundo falso e é lá onde ele guarda seus bens. À princípio só há um bloco de notas vermelho e um livro chamado com letras desenhadas na frente com os dizeres: Grimório. O nome me soa familiar então ligo o notebook dele pra pesquisar no Google o significa desta palavra. Quando o computador liga emite o som do windowns 7, o som ecoa no ambiente quebrando o silêncio, neste momento percebo que não há mais barulho de sexo, depois ouço som de passos vindo do corredor e ficando cada vez mais altos. Até que alguém abre a porta.

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