Quando alguém abre a porta eu já tivera fechado o notebook e me encolhido embaixo da cama do falecido 22. Posso apenas ver os pés da pessoa, os pés brancos postos em um par de sandálias. Meu coração vai à mil, batendo mais rápido a cada segundo, estou suando frio: PRECISO ME CONTROLAR.
A pessoa dá um passo pelo quarto silêncioso olhando em volta, agora com os pés a poucos centímetros de mim, coloca as mãos no chão se inclinando para olhar, mas no momento em que ela abaixa sob a cama uma voz masculina ecoa fazendo-a pular: Amor, não foi nada. Volta pra cá, eu estou super excitado, não né deixe esperando.
E a suposta mulher volta fechando a porta e saindo. Eu estava a ponto de ter um ataque. Desta vez eu apenas desbloquiei o notebook porque o mesmo já estava ligado. Abri o primeiro site que vi falando sobre grimórios. Parece ser um livro de bruxos chamados "Wiccas". Segundo o Google é uma religião neopagã influenciada por crenças pré-cristãs e práticas da Europa ocidental que afirma a existência do poder sobrenatural (como a magia) e os princípios físicos e espirituais masculinos e femininos que interagem com a natureza, e que celebra os ciclos da vida e os festivais sazonais. Nesse mesmo site há uma aba com o seguinte tema: Rituais.
Passei horas lendo sobre os Wiccas e parece ser bruxaria para iniciantes, daí decido ir no histórico do computador onde descubro que há poucos dias ele estava lendo sobre RITUAL WICCA DE PURIFICAÇÃO. Que consiste em cortar uma veia que leva ao coração, tirar um pouco de sangue e tomar com azeite extra-virgem. Mas o ritual não tem como objetivo a morte, apenas a " purificação " porquê 22 se matara?
Saio do quarto após apagar todas as provas de minha entrada lá, nenhum sinal da mulher. Na sala de estar há uma escrivaninha com alguns papéis, um deles é o papel do hospital onde está o corpo de 22.
O caminho de volta pareceu mais curto porque eu estava pensando apenas em uma coisa que se concretizou quando me deitei pra pensar. Preciso saber por que isso aconteceu e só tem um jeito de fazer isso, vendo o corpo.
Vai ser legal, afinal, eu nunca invadi um hospital antes.
