3. O Diário

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   Assim que chegou no quarto, Claire vê os dois irmãos conversando e os atrapalha.

   - Carly! - gritou Misty.

   - [cof] É Claire, irmã - corrige Chris - Oi, chegou tarde, hein?

   - Ah, nem tanto. É que chovendo muito e custou muito eu explicar pra minha mãe que eu ia jantar aqui.

   - Custou caro? Tipo quanto? - perguntou Misty, admirada.

   - Apenas ignore ela, Claire - disse o irmão.

   Durante segundos, todos ficaram calados olhando para a chuva na janela.

   - Então...? - Claire fica com uma cara de "por-que-você-me-chamou-aqui?".

   Chris chega mais perto da orelha da amiga e sussurra o mais baixo possível pra sua irmã não ouvir. 

   - Ah, verdade... Bem, o que eu vou te contar é ultra-secreto. Então, vamos pro meu quarto.

   Ambos saíram do quarto de Misty e se despediram em uníssono.

   Quando chegaram no quarto do garoto, o semblante dele ficou sério, triste e assustado. Claire sentou-se na ponta da cama, do lado de Christopher e perguntou para ele:

   - Ei, cara... Qual é o problema?

   Chris a fitou.

   - Aquele cara que na minha sala.... E-ele...

   - Fala logo! E... por que você chamou seu pai de "aquele cara"?

   Christopher lentamente se levanta e vai para a sua escrivaninha, onde estavam o Diário de Polly, fotografia de seu casamento e cartas de amor de um jovem apaixonado para sua mãe (na época do colégio, é claro!).

   Claire o acompanha e olha para os objetos. Todos antigos, mas bem cuidados e guardados.

   Penduradas na parede, anotações que Chris fez mostravam uma grande história por trás desses objetos.

   Claire pega uma das anotações, lê e o olha inconformada. 

   - Sim. Ele não é meu pai - Christopher responde.

   - M-mas...

   - ...

  Ficaram em pleno silêncio, somente olhando para a bagunça em cima da mesa.

   O semblante que antes era só de Chris, passou a ser o de Claire também.

   Quando Christopher foi abrir a boca para falar algo, Polly bate à porta.

   - O jantar pronto!

   - Já estamos indo! - gritou Christopher. 

   As crianças desceram as escadas e foram à cozinha.

   Todos reunidos comendo uma pizza de frango. Na mente de Claire, essa era a melhor pizza de todos os tempos. Só não te conto detalhes, pois a pizza era muito, muito boa e fazer vontade é algo muito maldoso, concorda?

    Ao terminarem de comer, Polly levanta-se e pega um pote de sorvete do freezer.

    - Crianças, esse sorvete fez parte da minha infância. Depois de eu ter viajado para Na... É... com o meu grupo de natação, eu tomei esse sorvete. Pode não ser demais, mas, de certa forma, marcou minha vida.

    - Hum, esse sorvete é muito bom - disse Misty, já comendo um copo inteiro de sorvete.

    Depois da sobremesa, Chris e Claire voltam para o quarto e continuam a pesquisa.

    Durante quase trinta minutos lendo o Diário de Polly, Christopher descobriu uma coisa.

    No Diário dela, estava escrito
  "Querido diário, hoje eu vi um menino muito legal. Só não conto quem é porque alguém pode ler você, né? Hihihi. Tá bom, eu te dou uma dica. O nome dele começa com a letra..."

    - Que droga... - pensou alto - a letra meio falhada. Não consigo ler.

    Mais para frente, achou mais uma pista.

    " Querido diário, hoje foi meu casamento. Lembra do garoto que te contei quando era pequena? Então, casei com ele! Eu e o... somos muito felizes juntos! "

    - Ah, não! De novo a caneta falhou justamente no nome do cara! - gritou.

   - O que aconteceu? - indagou Claire.

   - Eu ia descobrir o nome do meu pai, mas a caneta que minha mãe usou com certeza não queria revelar o segredo dela.

   - Ah, nossa... Eu descobri uma coisa.

   - O quê?

   - Bom, é mais uma lógica... Se sua mãe guardou todas essas coisas sobre ele é porque ela ainda gosta do seu suposto pai. As fotos do casamento estão manchadas. Provavelmente porque a primeira casa deles tinha muita umidade e as fotos começaram a mofar. Acho que é isso. Mas dá para perceber que seu cabelo preto e rebelde é por parte de pai.

    - Deu pra ver só o cabelo nas fotos?

    - Só em uma.

   - Tá explicado o porquê de eu não ter nascido loiro como minha mãe e minha irmã.

   - Pois é.

Vivendo Como NarnianoOnde histórias criam vida. Descubra agora