Capítulo II

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       O jardim estava iluminado com luzes espalhadas por todo seu espaço, com a luz contrariando perfeitamente com a escuridão do céu, todos pareciam aproveitar a festa se divertindo e rindo como se não houvessem preocupações isso até eu passar, pela porta. Todos os olhares foram passados para mim ao mesmo momento e pude ver quando todos começaram a cochichar sobre mim, podia ouvir coisas como: Olha como ela emagreceu, olha as roupas dela parece que acabou de sair do manicômio.

       Eu ia reclamar quando fui levantada no ar de surpresa e comecei a gritar, até ser colocada no chão me virando pude ver meu irmão ao meu lado.

       - É assim que você me trata após tanto tempo?

       - É só caso você tenha se esquecido de como é ter um irmão mais novo.

       - Nunca me esqueceria, moleque.

       Abracei o mesmo, que retribuiu o abraço, só nesse momento percebi quanta falta ele me fazia, eu havia ficado tanto tempo sem carinho, e sem minha família que havia me esquecido de como era estar com as pessoas que ama, sei que a culpa não é de Noah, eu ficara tanto tempo sofrendo sozinha, sentindo toda a dor e sofrimento sozinha que havia botado a culpa nele e em Claire, quando sei que provavelmente meu pai fora que não havia permitido isso, ele nunca permitiria que qualquer pessoa da cidade se quer notasse o que estava acontecendo comigo. Finalmente o soltei e o olhei intrigada.

       - E Claire? - Perguntei querendo saber finalmente onde minha irmã estava metida.

       - Ela está com a tia Josephine, papai achou que seria melhor pra ela depois de como as coisas estavam.

       - E você por que ficou?

       - Alguém tinha que cuidar de você quando melhorasse né irmãzinha?

       Dei um tapa no mesmo, eu era a irmã mais velha, mais parecia que o mesmo havia tomado bomba de crescimento no último ano e agora estava muito maior do que eu.

       Meu pai bateu em um copo tomando a atenção de todos.

       - Quero agradecer a todos por terem vindo, todos sabem que no último ano minha filha mais velha esteve estudando no exterior e agora que ela está de volta nossa família está completa novamente. - Meu pai disse e não era possível notar se ele mesmo conseguia acreditar em toda a baboseira que saia de sua boca. Mas podia notar no rosto de todos que eles não caiam na história de estudar no exterior, todos sabiam a verdade, mas eram muito educados para dizer na frente dele, e que iriam fazer como todo vizinho descente faz e ficar falando pelas costas dele.

       E eu como melhor fachada de filha perfeita sorri e acenei para todos como se estivesse feliz por estar ali, quando na verdade desejava que todos fossem cuidar da própria vida em vez de querer saber da minha, era visível em seus olhos o que eles queriam, estavam apenas ali observando e esperando o momento em que eu surtasse, da mesma forma que minha mãe fazia. Mas eu não daria esse prazer a eles, de falar sobre mim mais do que já falavam, de poderem dizer que eu acabaria como a minha mãe.

       - Querida venha, aqui. - Nana me diz e eu vou até ela, que está com um casal de desconhecidos, algo muito incomum nessa cidade.

       Me aproximei dos mesmos, eles estavam sorrindo ambos com camisa polo idênticas e pareciam um perfeito par de Barbie e Ken de 40 anos ou mais.

       - Esses são o senhor e a senhora Nicholson, eles se mudaram faz alguns meses. - sorri para os mesmos, sem querer responder como minha avó esperava.

       - É um grande prazer, ouvimos falar muito de você de sua avó.

       Olhei para a mesma que apenas sorriu e disse: - Ela é freguesa da loja.

A sim, mas uma adepta wicca de minha avó, todas as chamadas bruxas da cidade adoravam ir para a loja de ervas de minha avó.

       - Então você é uma bruxa?

       - Sophie!

       - Não, sua avó apenas me vende temperos frescos.

       - Uhm, quer dizer que você é a única pessoa sã na cidade, talvez nós ainda tenhamos salvação.

       Fui atingida por um cutucão no mesmo momento, mas continuei sorrindo.

       - Se vocês me dão licença irei me retirar.

       - Vai fazer o que?

       - Cortar meus pulsos. - percebi a reação assustada de todos e dei uma risada - Pegar um pouco de ar fresco, até mais Nana.

- Mas nós estamos no quintal.

       Nana disse quando já estava me retirando, apenas dei um aceno e segui meu caminho pela rua, o vento frio passou pelo meu rosto e abracei meu corpo e me arrependi por não ter pegado um casaco.

       'Sophie'

       Olhei para trás. Nada.

       Como sempre, nada.

       'Sophie'

       -Para!

       'Vá embora!'

       - Não, eu não vou! - gritei

       Todas as lâmpadas da rua queimaram e os carros começaram a buzinar ao mesmo tempo em que eu gritava.

       E a última coisa de que me lembro foi de ouvir a voz mais uma vez.

       'Vá embora, por favor.'

Into Her SpellOnde histórias criam vida. Descubra agora