Indiferentes

7.

- DR. COLLINS

Eu sou psicólogo e nunca tive tanta procura como agora. A maior parte dos meus pacientes estão mergulhados numa grande depressão. Agora há tanta gente com problemas, eu gostava de conseguir resolver os problemas de todos os meus pacientes, não gosto de ver as pessoas depressivas, tristes. Eu sei que se não houvesse pessoas assim eu não teria emprego, mas agora há realmente muitas pessoas assim.

Sempre que chego a casa tenho chamadas de clientes abituais a queixarem-se e de clientes novos, é terrível, eu ás vezes já não sei o que fazer mais, parecendo que não isto também interfere comigo e com o meu estado de espírito.

E há aqueles casos que eu sei que as pessoas estão mesmo nas últimas, que estão mesmo para acabar com a própria vida e não posso pedir aos familiares ou amigos para ajudarem por causa da porcaria do "sigilo profissional". É horrível quando percebes que não consegues fazer nada para salvar aquela pessoa. Mas felizmente na maior parte dos casos tenho sucesso.

Chego a casa e carrego no botão do meu telefone para ouvir as mensagens dos meus clientes.

- Bip, bip. Olá, doutor, é a Sky. Desculpe estar a incomodar, mas eu ultimamente estou sempre a ir-me a baixo, já não consigo fingir que estou bem, as pessoas estão constantemente a perguntar se estou bem e eu estou constantemente a mentir. Eu não sei se aguento mais, este nó que sinto na garganta é horrível. E hoje eu voltei a fazê-lo... Desculpe, eu não aguentei, eu sei que sou uma fraca. Desculpe o incomodo, quando puder ligue-me.

Eu tenho realmente pena desta rapariga, a Sky, ela é tão jovem, tem cerca de 15 anos e já tem tantos problemas com ela mesma. Eu vejo que ela já desistiu dela mesma, ela já não vive, ela sobrevive, ela é realmente dos casos que eu tenho que precisa de mais atenção, ela anda tão magra, ela diz que tem um género de voz na cabeça dela sempre a dizer para ela morrer, ela tenta sempre fingir que está bem, até aos seus pais, mas quando fala comigo ela chora quase sempre.