2° capítulo- Confie nos Deuses

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  Libra caminhava pelos tortuosos caminhos da florestas, mas que conhecia como a palma da sua mão. Era Outono e as folhas secas davam um ar tenebroso à floresta das fadas, mas Libra sempre gostou deste aspecto tenebroso.

   Passando pela caverna da floresta, há anos coberta por folhas e gravetos, Libra ouve alguém sussurrar seu nome. Olha então para os lados e nada encontra. O vento começa a ficar mais forte. Decide por continuar caminhando, vai ver estou ficando cada vez mais maluca, pensa.

  Mal dá dois passos e ouve o sussurro gelado novamente. Ela reconhece essa voz. É uma voz que há muitos não ouve. É sua mãe a chamando.

 Não. Pensa ela. Não pode ser ela. Ela morreu. É, é isso, ela morreu, se acalme Libra!

 Mas a voz insistente a chama outra vez, e dessa vez ela entende perfeitamente o que está sendo dito:

LIBRA, A CAVERNA.

                                                                                       ***

Adentrando a caverna por ordens da voz de sua suposta mãe - que está morta - Libra ouve um farfalhar de folhas, como se houvesse mais alguém ali.

 -Libra? Filha, venha cá, não tenha medo minha menina.- chama Libra uma luz brilhante, a mesma voz que a tinha chamado, a voz de sua mãe.

-Minha mãe está morta! - grita Libra para a voz, recuando alguns passos à medida que a luz se aproxima.

- Sim minha querida. Eu fui transformada em um espírito da Luz quando morri, os Deuses se apiedaram de mim e agora habito esta caverna, protegendo o Vale das Fadas.
- responde a voz.

 Libra sabia que sua mãe era a melhor das fadas, a mais bondosa, generosa e pura. Ao contrário dela mesma, que era má, desobediente e sombria.  Sua mãe poderia ser um ser da Luz. Poderia, mas como confiar em algo que desconhece? O perigo está sempre a espreita.

- O que quer de mim? - pergunta Libra depois de muito pensar.

-Quero que saiba que sei o que procura, e que os deuses me deram a missão de te ajudar nesta busca.

-Mas...

-Confie nos deuses, filha. Aqui estão três artefatos mágicos que precisará em sua busca, um medalhão de prata, um anel de ouro e um elástico. - A voz joga os três artefatos no chão, que caem com um baque surdo.

-O que farei com isso? Um monte de tralha!

-São mágicos, saberá como usá-los nos momentos de aflição. Agora vá, e não os perca. Nunca. Confie nos Deuses filha. - diz a voz por fim, e então desaparece, deixando para trás os três artefatos.

- Mas que merda! Que raios foi isso? Filme de ficção científica?- sua voz ecoa pela caverna vazia. - Confiar nos deuses, humpf, desde quando os deuses se importam comigo?

 Libra vai até o local onde os três objetos estão caindo e os cata. O anel é inteiramente desenhado , com símbolos miúdos de olhos abertos, quando o coloca no dedo anelar, como duas cobras  os fios de ouro entornam o dedo formando novamente a imagem do anel.

 O medalhão, preso à uma corrente preta, também possui um olho em alto relevo, só que esse  envolto por estrelas- o símbolo dos deuses. Quando o coloca no pescoço, a corrente fica rente à garganta e o medalhão logo abaixo da clavícula da pele bronzeada.

 Já o elástico é inteiramente preto, com a exceção de um detalhe em vermelho-fogo presente no meio. Libra usa-o para amarrar o cabelo, já que não vê mais opção de uso. Ela realmente não sabe em que raios de situação vai precisar de um elástico preto. Mas ela não ousaria desrespeitar sua mãe, e os deuses, é claro.

 Decide dormir por ali mesmo, já que essa aventura lhe custou o dia todo e a lua já está alta. Retira de sua bolsa seu saco de dormir mágico, na medida exata para não esmigalhar sua asas douradas com toques furta cor.

 Toma água e come cerejas frescas que colheu do jardim das tias, aliás, tudo o que trouxe é ou de cereja, ou de cogumelos-não-venenosos, mas isso não quer dizer que ela não tenha uns venenosos para casos de emergência...

  Entra em seu saco de dormir e adormece num sono tranquilo...

 Ou não tão tranquilo assim.





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